Capítulo 28

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Nuvem sombria e pata de amora davam tudo de si ao tentar estancar o sangue que escorria manchando o pelo de leão cinza. Todos os gatos do clã se amontoavam perto das curandeiras, inclusive capa de neve, observando assustados o representante desmaiado. A sua pelagem acinzentada, agora brilhava prateada refletindo o luar. Seu flanco se movimentava freneticamente compassado com sua respiração ofegante. Suas Pupilas contraídas a menos que uma semente de papoula.

Com cuidado, nuvem sombria cobria o machucado no ventre com as finas teias de aranha, o sangue parou de escorrer e a respiração dele desacelerou.

Nuvem sombria levantou-se e se esgueirou até o topo da pedra grande. Os gatos amontoados se moveram para os pés da depressão rochosa. De lá de cima a luz batia direto em seu rosto revelando pequenas cicatrizes e os brilhantes olhos, um amarelo, e o outro azul:

-Eu, nuvem sombria, curandeira do clã da água, declaro que leão cinza irá sobreviver.- uivos de alegria brotaram da multidão felina. – Mas, como estrela riscada foi expulso, agora nosso líder é o leão cinza.- ela passou os olhos por cima do gato cinzento estirado no chão.- Mas ele está inconsciente, não pode nos guiar nesse momento, muito menos escolher um representante...Portanto acho que devemos esperar leão cinza acordar para não tomarmos decisões precipitadas.-

Os gatos olharam confusos para a curandeira, seus olhares esperançosos se fecharam em um semblante melancólico.

-Mas, eu tenho certeza que ele acordará rapidamente, ele é um gato forte.- com isso, a gata escorregou pelas pedras, descendo com cuidado. Quando chegou aos pé da pedra, ajudou pata de amora a levar o representante para sua toca.

Pata de céu sentiu uma fisgada na nuca, então percebeu o líquido vermelho escorrendo do corte antigo, ele tinha aberto de novo.

Seus olhos nublaram e a visão turvou, as falas dos gatos se embaralharam em um único zunido em seu ouvido e o mundo perdeu a cor. A ultima coisa que viu foi brisa vermelha correndo em sua direção antes das sua pálpebras pesadas se fecharem.

A gata acordou, ela parecia estar numa espécie de lago infinito. Tudo em sua volta era negro como a noite, era um vazio profundo, não se ouvia nada. A água escura pinicava suas patas fazendo-as formigarem.

Ela começou a andar com curiosidade pelo local, por algum motivo não sentia nenhum medo, na verdade ela não sentia nada. Com passos ritmados ela andou por alguns minutos, mas a paisagem não mudava, apenas o vazio escuro e sem som. Ela resolveu dizer algo:

-Oi...tem alguém aí? – sua voz ecoou pelo ambiente inteiro e depois se dissolveu no ar.

Ela engoliu em seco e continuou a andar pelo local estranho.

Então, mas a frente uma luz azulada incomodou seus olhos. Aquilo despertou sua curiosidade, ela se movimentava em passos rápidos espirrando água em seu pelo, quanto mais se aproximava, mais forte a luz ficava.

Quando a imagem ficou nítida, ela pode perceber que era uma espécie de estrela, parecia muito com aquelas que surgiam no tule prateado quando anoitecia. Ela pulsava emitindo uma bonita luz azul que incomodava os olhos, pata de céu cerrou-os o máximo possível para não se cegar. Chegando mais perto ela se sentiu puxada para peto daquilo, ela não controlava mais seu corpo, não conseguia parar de andar em direção a estrela. car preto.

Seus olhos se abriram em desespero e um medo enorme a atingiu de surpresa, o vento batia em seus pelos com violência ela cortava o ar despencando em um abismo coSeus olhos se fecharam por conta da luz e então um flash fez tudo fim o mesmo vazio negro de antes. Uma estrela de cinco pontas 10 vezes maior que a outra se encontrava embaixo dela. Ela cairia em cima dela em alta velocidade, a superfície luminosa se aproximava com rapidez. Ela contraiu as pálpebras com força antes do impacto.

Um barulho ensurdecedor de gelo quebrando atingiu seus ouvidos, seus olhos se abriram por impulso e ela viu: A estrela estilhaçada em pedaços espalhados por todos os cantos ainda brilhando no ar.

Seus olhos nublaram e a visão turvou, O som do estilhaço se embaralharam em um único zunido em seu ouvido e tudo perdeu a cor, suas pálpebras pesaram obrigando-a a fechar os olhos.

Em um espasmo seus olhos se abriram novamente e ela pulou se colocando de pé em posição de ataque com os pelos eriçados.

Ela estava na toca de nuvem sombria, a rala luz do sol atravessava as vinhas que serviam de porta iluminando o chão surrado de terra. A sua frente estava uma parede com algumas camas de musgo, seu olhar assustado percorreu a toca até encontrar os olhos verdes e trêmulos de leão cinza, ele estava sentado com a cauda peluda enrolada no corpo.

Ela se aproximou do gato com cuidado:

- Você acordou de repente... era um pesadelo?- ele perguntou enquanto ela se aproximava dele.

-Não, está tudo bem, por acaso você viu a nuvem sombria?- ela perguntou.

-Não, sabe, eu também acabei de acordar! – ele fez um gesto amigável com a cauda e um sorriso pequeno surgiu em seu rosto.

Pata de céu sorriu de volta:

-Eu preciso falar com ela... vou procurá-la. – Então a gata saiu abrindo caminho nas vinhas.

Nuvem sombria estava cabisbaixa, olhando para as patas com um olhar nublado de tristeza.

- Nuvem sombria! - pata de céu deu uma lambida amigável atrás da sua orelha.

A curandeira agradeceu lambendo sua testa carinhosamente.

-Eu tive outro sonho estranho...- ela suspirou- Mas dessa vez ele não foi assustador...-

A gata escura gesticulou um sim com a cabeça e pediu para pata de céu prosseguir, pata de céu contou todo o sonho detalhadamente. Nuvem sombria analisava cada palavra com cuidado. E No fim concluiu:

-Sinceramente, não tenho a menor ideia do que pode ser...- ela admitiu desapontada.

-Eu já ia esquecendo! Leão cinza acordou e está na toca te esperando! -pata de céu disse alegremente.

Nuvem sombria ficou surpresa, e com agilidade correu até a toca, pata de céu foi atrás.

O gato acinzentado estava encolhido em um canto, e quando viu nuvem sombria sorriu para ela:

-Bom dia! Desculpe por ter custado seu tempo cuidando dos meus machucados...eu não deveria ter me distraído na luta. -

-Isso não é sua culpa, não é culpa de ninguém...Nenhum gato esperava aquilo de estrela riscada.

Quando nuvem sombria terminou de falar, leão cinza franziu o cenho e contraiu a mandíbula, seus olhos nublaram de tristeza.

A gata preta se sentou ao seu lado e deu uma lambida em sua testa reconfortando-o:

-Leão cinza, eu sei que isso é duro para você, vocês dois cresceram juntos e tinham laços muito fortes. Mas agora é sua hora de cumprir o papel de representante e assumir o posto de líder. Cuidar do clã é o seu destino e agora ele está se cumprindo, você é um gato honrado e forte, tenho certeza em que o clã estará em boas patas. –

O gato cinza suspirou, sua postura se perdeu e ele ficou cabisbaixo. levantou a cabeça com raiva e a luz do sol fez as lágrimas escorrendo de seus olhos cintilarem. Sua pelagem se destacava agora e estava quase pálida por conta da luz, os músculos demarcados se contraíram e ele estremeceu:


- Eu não estou pronto para isso! Se eu não consegui proteger nem a mim mesmo, nem ao gato que morreu ontem a noite por causa daquele traidor.... COMO VOU PROTEGER UM CLÃ INTEIRO! - ele pronunciou as palavras "morte" e "traidor" Com mais fúria.

Suas garras cravaram no chão fazendo um barulho agudo, ele estava ofegante e a cauda chicoteava como uma folha de samambaia em uma corrente de vento.

-Eu tenho medo de isso acontecer de novo! De mais alguém morrer por culpa minha, de mais alguém importante me trair! EU NÃO ESTOU PRONTO PARA ISSO! – ele cuspiu as últimas palavras e saiu da toca da curandeira.

Pata de céu esteva desolada e confusa, tudo parecia girar ao seu redor. O que acabara de acontecer?

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