FASCINE II & FASCINE III

96horas

6 dias antes

CARLA

Os meus olhos se abrem devagar, encarando o espelho do banheiro esfumaçado. Provavelmente pelo banho demorado. Fazia quatro dias que eu não dormia, pesadelos noturnos, uso de medicação para me manter firme diante de tudo que estava acontecendo. Samuel recebia ameaças de morte quase todo dia, e isso começava a transbordar na nossa relação e nos nossos filhos, que já começavam a perguntar o porquê de ter que viverem presos conosco em casa.

— Você está melhor?.- sua voz sai baixa atrás de mim, ele me pergunta devido a nossa discussão, que me causou um certo pânico e eu tive que ir pro chuveiro.

— Não vou mudar de ideia, se você não largar esse emprego, quem te larga sou eu. O que está esperando que aconteça?.- me viro para ele.- Samuel, eu não posso viver uma vida de que sou prisioneira dela.

— E se vocês fossem viajar?. Pelo menos por um tempo. Eu estou muito perto de concluir uma investigação, Carla.- ele tenta se aproximar de mim, mas eu me afasto.

— Já disse o que eu penso.

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Continuo mexendo o chá com limão na minha xícara, enquanto Lucrécia mencionava algo sobre um brunch rosa, onde as mulheres da sociedade se uniam. Rubia, sua filha, brincava com Marquês e Scar, enquanto nós duas estávamos sentadas na mesa do seu jardim.

— Você poderia me dizer o que está acontecendo.- ela me chama a atenção com os dedos. Levanto meu olhar, exausta.

— É só o cansaço.

— Guzman me disse o que Samuel está se metendo. Jura que ele quer derrubar o presidente da Espanha por corrupção?. Isso já não é um pouco demais?.- balanço a cabeça positivamente.- E o que você vai fazer a respeito?.

— Eu vou pegar os meus filhos e ir viver numa vida que eu não precise estar com medo da minha própria sombra. Samuel está esperando uma tragédia acontecer para que ele tome uma atitude.- levo a xícara até a boca, assoprando o chá.

— Não acho que essa atitude seria boa. Vou pedir para Guzman falar com ele. Quem sabe isso pode resolver.- Eu estava pronta para responder quando ouço um choro, era Scar, me levanto indo devagar, já que meus saltos estavam atolados praticamente na grama. Me abaixo perto da pequena menina vestida de meia calça e vestido, acariciando seus cabelos.

— O que houve Scar?.- Pergunto, ela aponta para o horizonte da casa de Lucrécia, onde era uma área aberta. Engulo seco, não vendo nada.

— Ela disse que tinha um homem mau ali, mãe.- Me levanto sentindo um arrepio no corpo. Pego Scar no colo e seguro na mão de Marquês, andando perto da mesa.

— Eu vou pra casa, Lu. Não acho que as coisas estão dentro do seu normal.

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O relógio marcava dez horas da noite, as crianças dormiam tranquilamente e eu esperava Samuel, na sala. Quando escutei o carro na garagem, me prontifiquei de verificar, vendo o depois entrando cambaleando, aparentemente bêbado. Arregalo os olhos.

— Mas o que é isso?. Agora chega bêbado?.- Pergunto, vendo o se jogar em cima de mim.

— Você vai me deixar. Vai se divorciar. Eu estou sofrendo.- Empurro o para o lado.

— Eu não vou me divorciar de você, imbecil. Da onde tirou isso?. Meu Deus Samuel.- rolo meus olhos.- Eu só queria te contar o que aconteceu hoje a tarde, mas vejo que é impossível.

— Não, calma, eu só preciso tomar um banho e um café.- seu corpo vai para frente, mas volta para trás no mesmo instante. Reviro meus olhos, saindo dali, antes que eu o esganasse.

Não sei quanto tempo demorou, mas um Samuel sóbrio me abraçou por trás na cama, aconchegando seus braços em mim. Respiro fundo.

— Melhorou?.

— O que aconteceu a tarde?.

— Scar viu alguém no quintal de Lucrécia. O chamou de homem mau. Eu não quero mais que isso prejudique meus filhos, Samuel.- falo baixo.

— Não vai. Eu vou largar a investigação....- um suspiro aliviado sai pela minha boca, virando meu corpo pra ele.

— E quem vai assumir?.- olho nos seus olhos.

— Romeu, é um companheiro de equipe.- assinto. Ele escorrega a mão na minha cintura.- Está mais calma?.

Me curvo para frente, subindo sobre seu colo, escutando uma risadinha da sua boca.

— Isso te responde?.

— Com toda certeza, loirinha.