LEMBRANÇAS QUE DOEM

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CARLA

Me afasto um pouco da superfície da mesa. Valério não havia dito nada. Só me enrolou. Samuel volta com a água, e eu a bebo rapidamente. Nego com a cabeça quando Samuel começa a falar com ele.

- Ele não vai dizer nada.- Admito.- Valério está preso em seus próprios conflitos.-Olho para ele.- E só ele pode se libertar.

Me levanto, cruzando os braços. Olho para o Samuel e ele suspira, se levantando também. Valério se levanta, e sai, deixando eu e Samuel ali. Começo a andar ao lado de Samuel, devagar chegamos ao carro. Coloco meu cinto de segurança. Samuel começa a dirigir quieto.

- Você e Valério conversaram?.- Pergunta.

- Não. Eu tentei tirar algo dele, mas ele não quer falar.- Suspiro.- Estranho o fato do pai de Lu ter colocado a casa a venda, ele tinha negócios com o meu pai, mas foi cortado quando eu assumi tudo.

- Você acha que tem alguma coisa a ver?.- Pergunta.- Preciso voltar a casa de Guzman, ouvir o que os outros vão dizer.

- Acho que pode ter. Tenho que prestar mais atenção nos detalhes que Valério me deu. Eu sei que ele me deu.- Digo pensativa e então escuto o que diz.- Vou junto.

- Pra que?.

- Para não ter que ficar em casa esperando você voltar com cheiro de puta, Samuel. Aquela mulher só falta abrir sua calça e sentar no seu pinto. Me poupe.- Reviro os olhos.

- Você já foi mais educada, Carla. Credo.

- E você era o de nós dois o mais quieto na questão transar.- Ele começa a rir sem parar.- O quê?!. Teve mais?.

- Todas do departamento.

- Filho da puta.

LUCRÉCIA

Nadia se aproxima de mim que ainda estava na casa do meu pai. Ou melhor, antiga casa. Ela me olha sem entender.

- Nadia, lembra de quando eu te disse na faculdade, que por mais que eu e Valério tínhamos nossas diferenças, eu queria um bebê com cachinho?.- ela me olha triste, e então escorre uma lágrima.- isto aconteceu.

- Você está grávida dele?.-Pergunta colocando a mão devagar na minha barriga.

- Sim. E o que me dói, é saber que a última coisa que fiz com ele, foi julgá-lo. Eu deveria ter escutado o que Valério tinha para me dizer naquele dia.-Abaixo o olhar.- Mas, eu pensei só em mim.

LEMBRANÇAS

Chego por volta das sete da noite em casa, Guzman ia para um jantar árabe com Nadia, e eu ia ficar em casa com Valério. Chego na sala de jantar e encontro ele jantando. Sorrio fofa. Dou um beijo no meio dos seus cachos, e me sento ao seu lado.

- Você estava certo.- Digo e ele levanta o olhar para mim.

- Eu sabia que o seu peito enorme indicava alguma coisa.- Dou risada e coloco as mãos na mesa.

- O que vamos fazer Valério?.- Encaro-o. - Eu estou grávida. De ti.

- Já disse que você não está sozinha e que amo você e o bebê.

- Então por que estou com essa sensação de que você vai cometer uma estupidez a qualquer momento?.- ele fica em silêncio por um tempo, e então me encara. Sinto seu olhar magoado.

- Porque você ainda me enxerga como o garoto que te enchia de problemas.

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Começo a chorar de lembrar, abraçando a foto de nós dois. Nadia me acolhe em um abraço.
- O que é que eu não estou enxergando Nadia?.- Pergunto.- Eu preciso encontrar meu pai.

- Você precisa voltar para a casa e terminar de deixar a polícia tirar tudo, Lu.- Ela diz baixo.- Por favor. Valério vai sair dessa. Pense no bebê.

- Eu conheço aquele garoto. O meu garoto estúpido. Ele está escondendo alguma coisa. E eu sei que é para me proteger.

FASCINE II & FASCINE IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora