A FACA QUE ENTRA

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CARLA

O dia amanheceu bem tranquilo. Os raios de sol passaram pelas cortinas, mas o frio estava demais. Samuel estava sentado no sofá do quarto lendo, vestia um moletom preto e uma calça cinza de moletom também. Deveria ter tido ido treinar, ou apenas ficou em casa. Me sento na cama, após nossa foda, que digamos, deliciosa, eu tomei um banho e me vesti com um pijama de frio de ceda. Estico os braços me espreguicando. Era domingo. E eu não aguentava mais ter que trabalhar tanto. Ou era muito sono acumulado dentro de mim. Ele levanta o olhar para mim do livro e abre um leve sorriso sem mostrar os dentes.

— Bom dia dorminhoca.- Fecha o livro colocando o no braço do sofá, e se levanta, vindo até mim. Se senta ao meu lado e então sobe a coberta sobre minhas mãos que estavam no meio das minhas pernas. Elas ficaram quentes.- Hoje a temperatura está prevista para cair muito, então, nada de passeios ou investigação. Podemos ficar doentes.

— Está dizendo isto para mim, ou para você?.- Ergo uma sobrancelha.

— Para você. Eu posso ir, não fico doente.- Olho para ele o esnobando.

— Não seja um pau no cu, Samuel.- Digo rindo e saio da cama, vou até a porta da sacada do meu quarto e a fecho. Havia pousado aberta. Esfrego os meus braços.- Mas, mesmo assim, eu quero que nós dois fiquemos. O seu tamanho é do tamanho do vírus da gripe.

— Não humilhe minha altura. Eu fico ofendido.- Dou risada indo para o banheiro, faço a minha higiene pessoal, e logo volto para o quarto. Vou para a outra parte que me levaria ao closet e então abro na parte de casacos. Pego um da cor preto, que era envolvido com uma malha quente e peludo através de fibras sintéticas. Visto-o e volto para a ala da cama. Samuel me olha e dá risada.

— O quê? Eu estou com frio.- Resmungo subindo na cama, aconchegando me a ele.

— E vai esquentar todo mundo da casa com este casaco.- Reviro os olhos.- Você não quer comer?.

— Não sei se estou com fome. Estou com uma sensação esquisita.- Dou de ombros passando a mão na barriga.- Mas, vamos.

Seguimos para fora do quarto, conversando sobre algumas coisas, era bom ter Samuel. Ele divia as coisas do pessoal, para o trabalho. Ele me dava conforto, zelo, respeito, cuidava de mim. Os gestos simples dele me faziam querer ter uma vida tranquila ao seu lado.

Quando chegamos na sala de jantar, a mesa estava exposta, e quase caio dura no chão ao ver minha mãe entrando pela porta principal da sala. Samuel olha também e solta o resmungo de alguma coisa.
Ele espera que eu chegue perto do meu lugar e arrasta a cadeira para mim, me sento ainda olhando ela entrar.

— Você a chamou?.- pergunto séria, olhando para ela que conversava no telefone.

— Carla, olhe bem para mim, eu tenho cara de quem teria o número de telefone da sua mãe?. Eu não ia querer cometer suicídio. Não agora.- Diz se sentando.

Então o corpo da minha mãe chega até o Hall da sala de jantar, ela me olha e passa seu olhar para Samuel. Sorri sem simpatia. Ela não gostava dele, e isso me fazia a odia-la mais. Sem eu a convidar para a mesa, ela se senta. Começa a se servir, Samuel a cumprimenta com bom dia, e ela responde. Me encosto no encosto da cadeira, colocando um braço sobre a mesa, fico mexendo nas minhas unhas, olhando para a cara dela.

— Carla, não me olhe desta maneira, não sou sua inimiga.- Ergo uma sobrancelha.

— Você se tornou quando me prostituiu para bancar seus brincos de ouros, sapatos de luxos e ego de rico.- Reviro os olhos. Olhar para ela me dava nojo.

— Com a morte do seu pai, achei que deveríamos ficar mais próximas.- Dou risada irônica. Eu sabia na onde aquilo ia chegar.- E eu sei que você está morando com ele.-Olha para Samuel e depois volta a olhar para mim.- Seu coração pode ter lugar para mais alguém.

— Não. Meu coração já tem todos os lugares ocupados, e nenhum deles consegue ser espremido para caber tu. Olha, diga onde você quer chegar, Marquesa.- Retiro minha mão da mesa, e Cruzo os braços, a olhando.

— Alguém soltou todos os roubos que seu pai cometeu e meu nome estava lá. Ninguém quer negociar comigo.- Começo a rir. Tinha sido eu e Valério.

— Qual a graça, Carla?.- Samuel me pergunta, seu rosto era de confusão.

— Eu queria ver quem ela ia mandar se prostituir para manter a vida. Dessa vez, ninguém.- Dou risada ainda olhando para ela.

— Você quer me destruir.- Minha mãe para com a faca na mão, de um modo que chama a atenção de Samuel. Não sei o porquê. Seus dedos estão firmemente afundado na superfície de prata da faca, seu braço está parado em uma altura um pouco elevada da mesa. Observo ela continuar me olhando.- Era para ter sido você aquela noite.- Diz, e então finca a ponta da faca com tanta força que causa um atrito no vidro. Deixando uma marca. Ela se levanta e vai embora, deixando me eu e Samuel ali, quietos.

Respiro fundo e estico meu braço até a faca, Samuel segura meu braço e eu o olho.

— É perigoso o vidro estourar. Eu mesmo faço isso.- Então se levanta, pede para que eu me afastasse da mesa com alguma distância. Observo ele tirando cuidadosamente a faca da superfície de vidro. Ele enrolada no guardanapo e entrega para a empregada. Ele fica um tempo observando a marca na mesa.- Quem tentou matar Lucrécia sabia mexer com uma faca e sabia onde enfiar, mas foi impedido por alguém, então o rasgo da faca escorregou para na onde não estava planejado, que era deixá-la viva.- Ele continuava olhando para as marcas da faca. Suspiro me aproximando da mesa, me sentando.

— Eu admiro suas deduções.- Comento, enquanto enchia minha xícara. Coloco croissant de queijo no meu prato, e alguns biscoitos de chocolate. Fico quieta comendo, então Samuel para de andar pela mesa a admirando como se fosse o corpo de Lucrécia com a facada e volta para o seu lugar. Ele pega na minha mão, e acaricia.

— Eu sei como se sente, toda vez que eles faziam algo com você, você se se sentia um vidro exposto e trincado. Não era pra ter sido você naquela noite. Eu não gosto nem de pensar nisso.- Olho confusa para ele. Ele fica quieto um tempo me olhando, era como se escondesse algo de mim.- Na noite do seu pai.

Ergo as duas sobrancelhas, e então relaxo meus ombros. Suspiro. Aperto sua mão.

— Está tudo bem Samuel. Dá mesma maneira que a faca entra, e machuca, alguma hora ela tem de sair.- Me levanto puxando a cadeira para o seu lado, deito a cabeça no seu ombro.- Prometa me que vai me proteger, você viu do que ela é capaz.

FASCINE II & FASCINE IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora