A FACA QUE SAI

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SAMUEL

Eu ainda encarava aquele furo na mesa de vidro. Estava ajoelhado no chão da sala de jantar; A sala de jantar era bem ampla, fechada com grandes paredes que sustentava o segundo andar da casa. A casa era tradicional, o que me levava a pensar que fazia a mãe de Carla lembrar da sua antiga casa que viveu tantos anos com o seu marido. As janelas da sala de jantar eram pequenas, e cobertas por cortinas bege, impedindo que o sol incomodasse quem se sentasse a mesa. Havia três aberturas na sala de jantar, e uma levava diretamente para a ala da escadaria, onde na onde eu estava ajoelhado no furo da faca, eu conseguia ver perfeitamente quem subia as escadas e quem descia. Ergo uma sobrancelha. Me levanto do chão, limpando a área do joelho. Observo mais um pouco a mesa de jantar, logo aquele vidro seria trocado a pedido de Carla.

Lembro me perfeitamente de Guzman dizendo em seu depoimento que estava na sala de jantar da sua casa com Nadia discutindo sobre o futuro, quando viu a mulher a sair pelas escadarias junto com Valério. Valério a empurrava para fora, mas ele não sabe quem é. Me deu as identificações faciais. Então Guzman estava certo. A mulher realmente havia passado pela escada naquela noite. Havia mais alguém na casa aquela noite. Escuto alguns passos na escada, e olho rapidamente para a escada. Dou um grito para Carla parar e ela me olha sem entender nada, segurando o celular.

— Ficou louco, Samuel?.- pergunta sem entender.

— Quero que caminhe até a porta da sala, Carla. Devagar.- Ela começa a fazer e então dou outro grito pra ela parar. Ela joga o celular no sofá e me olha irritada.

— PARA DE GRITAR, LOUCO.- ando até ela que me olha sem entender nada. Coloco as mãos no ombro dela, e vou a empurrando devagar para fora da casa. Ao chegarmos na porta da sala, constato uma coisa.- Mas, o que você está fazendo?.

— Carla, eu acho que eu sei o que aconteceu naquela noite. Preciso falar com Lucrécia.

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VALÉRIO

Suspiro forte. O cheiro da cela era insuportável. Eu estava deitado no concreto que era pra ser uma cama. Fico encarando o teto da cela. Por sorte eu estava sozinho até as decisões finais. Todos haviam vindo me visitar, menos Lucrécia. Eu queria saber como estava meu filho. Queria saber como ela estava. Respiro fundo me sentando e encaro o chão então. Os meus pulmões estavam cheios de ar para ser solto, e meu coração para falar a verdade a Lucrécia.

— Ei!.- Escuto um barulho no portão da cela e levanto o meu olhar. Olho para Samuel que me encarava.- Vim falar com você. De novo.

— Eu não vou dizer nada.- Repito. Ele me encara com tédio, cruzando os braços.

— Eu quase matei minha noiva de sustos seguidos para desvendar o seu mistério Valério. Não queira que eu te bata aqui.

— Como assim?.- Me levanto rápido, andando até ele. Ele continua do mesmo jeito.

— Quem você estava protegendo naquela noite, Valério?. E por que ela, ela, mereceu fugir?. Ela é alguém que eu devo chamar de.... Sua mãe?.

FASCINE II & FASCINE IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora