O FERIMENTO É UM ENGANO

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ALGUMAS HORAS ANTES

SAMUEL


Estaciono o carro na frente da casa de Lucrécia. Carla ainda insistia em me perguntar o que estava acontecendo. Parecia não ser tão óbvio para ela, quanto para mim. A entrada da casa de Lucrécia estava sendo redecorada, e ela estava a frente da porta enorme de vidro para nos receber. Guzman chega ao seu lado logo depois. Encaro-a.

— Você veio aqui para investigar, não é?.- Lucrécia diz com tédio, e então entra na casa batendo os pés no chão. Guzman me dá um aperto de mão, e então entramos. Me sento no último lugar do sofá, e observo a escada.

— Você está me assustando.- Carla fala baixo para mim.

— O que você sabe até agora sobre tudo isso?.- Olho para Lucrécia que estava sentada na poltrona bebendo um suco verde.

— Sei que meu pai faliu, estava morando no apartamento de Valério e parou de pagar bens para a mãe de Valério. O motivo da falência eu suspeito ser pelo negócios terem ido mal quando a mídia exaltou que eu e Valério estávamos juntos.

— O que você fez de propósito.-Confirmo e ela dá uma golada no suco.

— O que isso tudo tem a ver com o ataque, Samu?.- Guzman pergunta curioso.- É mais uma das suas deduções de investigação?.- levanto me, frexionando os joelhos, andando até a porta da frente.

— É pior que isto, é loucura.- Reviro os olhos para o comentário de Carla.

Observo o jardim deles por um tempo, e então, abro a porta, saindo para fora, confirmando o mesmo movimento que Guzman repetiu para nós. Encaro as saídas que a pessoa poderia ter tido no jardim, olho para a câmera de segurança que havia sido investigada e estava com danos. Ergo uma sobrancelha quando vejo um selo em baixo dela. Ando até em baixo dela, todos eles estavam para fora da casa olhando me curiosos. Peço um banquinho para a empregada e ela me traz, subo nele e alcanço a câmera. A tiro do lugar e olho para ela. Seus traços eram perfeitamente novos, esta câmera que a polícia havia investigado era uma farsa. Arranco o selo dela e vejo que foi comprada recentemente.

— Lucrécia, quem comprou esta câmera?.- Olho para eles.

— Nós. Foi essa que foi investigada.- Explica cruzando os braços.

— Onde está a verdadeira?.- Pergunto.- Esta aqui é uma farsa. Alguém a trocou naquela noite antes da polícia chegar.

— Sempre tínhamos uma câmera reserva na gaveta, se abrirmos a gaveta da dispensa e não estiver lá, então alguém a pegou naquela noite realmente.- Explica Guzman.

Pulo do banquinho e entrego a câmera para Carla, vamos andando para a dispensa da casa deles. Quando entramos, Guzman puxa a gaveta e havia a caixa da câmera aberta. Pego a e respiro fundo.

— Quem sabia da existência desta câmera?.-Olho para ele.

— Os mais íntimos daqui de casa. Valério, Nadia.- Passo a mão no queixo e balanço a cabeça positivamente.

— Valério está acobertando alguém, nenhum criminoso assumi um crime ou um quase crime porque quer. Tem de a ver uma pressão psicológica nisso.- Explico. Escuto os passos das mulheres vindo para a dispensa. Carla e Lucrécia comentava sobre a câmera. Olho para Guzman antes delas entrarem e escutar.-Preciso encontrar o pai deles.

— E então?.- Lucrécia pergunta e seu sorriso se desfaz quando vê a caixa vazia nas mãos de Guzman. Ela suspira.

— Eu não entendo como fizeram isto tão rápido.- Carla entrega a câmera nas mãos de Guzman.

— Lucrécia, você poderia me levar até o seu pai?.-Olho para Lucrécia que olha rápido para Carla e assente.

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O cheiro forte de álcool deixava coerente o tipo de homem que o pai de Lucrécia havia se tornado. Um homem sem vida, sem esperanças, com o próprio dinheiro negado a si mesmo, ele vivia a mercê das suas dívidas interiores e exteriores, demonstrando fraqueza e atos depressivos.
Na sua frente, eu estava sentado com as pernas cruzadas na pequena poltrona que decorava aquele quarto de hotel pequeno. Lucrécia estava pagando o hotel para ele, e ainda era bem barato,pelo o que eu observei do local. Seu corpo estava sobre a cama, segurava uma garrafa de whisky nas mãos, enquanto balançava o corpo para um lado e para o outro.

— Tantos anos lutando para ser alguém, e ela me traiu.- Diz baixo.- Mas, eu não quis ela morta. Naquela noite, eu estava no apartamento de Valério, dormindo.

— Como funcionava a sua relação com a mãe de Valério?.- Pergunto.

— Tivemos um bom relacionamento, até eu me sentir incompleto e nos separarmos. Valério sempre deu muito trabalho, então concordamos em colocá-lo em um internato. Quando ele saiu, descobrimos o que aconteceu entre ele e Lucrécia, e então a mãe dele pirou. Não deu mais assistência a ele, e eu também não. Lucrécia acabou com a minha carreira. E com isto, eu não consegui mais pagar a pensão da mãe dele.- Afirmo com a cabeça, pensativo.

— Pelas fotos e informações que eu vi, ela estava vivendo bem.- Respondo, descruzando as pernas, e ajeitando minhas costas no encosto. Passo a mão pelo couro da poltrona.

— Valério a ajudava. Valério é uma boa pessoa. Ele me disse uma noite antes de tudo aquilo acontecer que teria que se tornar mais responsável, porque algo grande estava prestes a acontecer. E com isto me disse, que não a ajudaria mais. Nunca foi a obrigação dele.- Fico um tempo unindo as informações.

— A mãe de Valério tinha um motivo perfeito para tentar matar Lucrécia, não acha?.- Ele concorda rapidamente com a cabeça.- É, eu vi as fotos dela vivendo bem a vida.

— Sim. Ela sempre viveu bem a vida.- Afirma, dando uma golada novamente no whisky.

— Acontece, senhor Sandré, que a mãe de Valério morreu a um ano atrás, ela foi vítima de uma doença no Chile.- Ele levanta o olhar para mim surpreso.- Valério viveu o luto com Lucrécia. Agora você tem a me dizer como fez pressão psicólogica em Valério para fazê-lo querer Lucrécia morta, ou me dizer quem era a mulher que estava na casa aquela noite.

— Como você... Como você.. Você não pode.

—Eu posso. E é bem simples. Seus dedos estão pressionando tão bem a garrafa de vidro que eu consigo perceber pela forma que a segura, tem habilidade em querer atacar alguém. Eu, no caso, se você viesse para cima de mim, acertaria um golpe bom com a garrafa. Mas, se eu me movimentar, você não consegue tanto assim. Está incoerente. Seus olhos transmitem raiva e repugnância, está com ódio da própria filha pela gravidez e pela fortuna que ela tem e você não. Colocou na cadeia quem você mais odiou quando descobriu tudo, acha que Valério destruiu a vida de Lucrécia. Então, eu vou te dar mais uma chance, quem era a mulher daquela noite?.

— Eu não sei do que está falando.

— Você é tão imbecil para mentir que não percebe que seus lábios tremem quando faz isso. É, você não me dá outra alternativa.

FASCINE II & FASCINE IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora