LUCRÉCIA
— Guzman, quando eu pedi para que seduzisse Nadia e acabasse com ela, eu estava fora de mim. Eu era mais que uma garotinha egoísta e mimada, eu estava sendo um ego humano que não aceitava perder. Sempre julguei Nadia por não viver a vida de uma forma mais expansiva, ou, posso dizer, mais livre, e isto eu entendi quando fui para Nova York com ela e uma cuidou da outra. Nadia me mostrou um mundo que podemos viver com nossos erros, mesmo ela tendo vindo de um lar que jamais aceitou erros. Para o pai dela é muito difícil olhar para Omar e ver ele com Ander, então ela se esforça para ajudar o pai nas suas razões.- Desabafo, levando uma torrada na boca.
— Em nenhum momento da vida dela ela pensa em mim, Lu.- Suspiro, mastigando.- Eu queria poder formar uma família, dar para o meu filho o que Marina não teve.
— Eu sei o quanto te dói, Guzman. Eu estava lá, lembra?.- Ele balança a cabeça positivamente.- Eu levei muitos não seu, levei muito tapa na cara de amor que eu não tinha e nunca ia ter. E eu entendi, que apesar dos pesares, eu e Valério vivemos muito bem. Não adianta eu querer fugir da minha verdade, se a mentira me sufoca, entende?.- Uno as sobrancelhas e ele assente.- Estou me sentindo sozinha, Guzman. Não sei se devo ir para a prisão visitar Valério, ou será um grande erro. A polícia só acusa ele. Estou sofrendo calada cada sentimento que passa pelo meu corpo.
— Você deveria ir até a prisão, Lu. Aquela mulher que eu vi saindo, com certeza tem algo a ver com isto e Valério a conhece.- Ele se aproxima curvando seu corpo na mesa.- Sabe o que eu observei?.- Nego com a cabeça, esperando a resposta.- Você fez aquele chá elegante para unir todos nós, e foi naquela noite que eu percebi que eu e Nadia não passávamos de dois amigos.
— Eu não quero que você tenha coisas descontrutivas com Nadia, olhe para Samuel e Carla, o casal mais cagado de tudo isso e estão juntos. Tudo é possível Guzman. Eles são a prova disto.- Como mais torrada, e bebo o meu suco de laranja.
— Carla e Samuel querem crescer juntos. Como Omar e Ander, como Polo queria quando saísse da cadeia... - Um silêncio se estabelece no lugar. Eu paro de mastigar e engulo. Fico com as mãos na mesa.- Lu, me desculpe.
— Você está certo, Guzman.- Olho para ele.- Eu tirei o futuro de Polo que ele teria confessando o crime da tua irmã. Mas, somente uma pessoa me perguntou o que Polo me fez naquela noite para eu cometer um ato tão... Repugnante que eu tenho pesadelos até hoje. Valério. Ele foi o único.- Sinto meus olhos encherem.- Polo me julgou como uma pessoa que nunca foi amada por ninguém. Disse que eu estava sozinha. E naquele momento, o meu maior medo era estar sozinha e sem ser amada por ninguém. Eu me lembro perfeitamente do '' Nem o Guzman amou você verdadeiramente '', e eu estava lá quando você tentou dar um fim na sua vida. Eu estava lá quando você quis se isolar do mundo. Eu estava lá quando você quase destruiu sua vida por conta de drogas. E disto tudo que Polo me disse Guzman, o que doeu foi saber que era verdade. E eu queria que ele sentisse a mesma dor que eu senti no meu peito naquele momento. Eu e Polo éramos dois sozinhos. Sabíamos o que era amar profundamente alguém e não ser reconhecido. E é por isto que é melhor assim Guzman, tu sendo meu amigo e eu sendo sua amiga. Naquela noite eu vi que eu não estava sozinha, naquela noite eu enxerguei pureza no teu coração em perdoar Polo na beira da morte. Naquela noite tudo foi esclarecido para mim; Eu sempre fui amada. Pela pessoa certa.
— Valério.- Responde me olhando.
— Exatamente. Eu o julgava como errado, babaca, louco de pedra, mas confesso que morria de ciúmes da coragem que ele tinha de viver a vida sem pensar no amanhã. E não era justo ele ter que passar por julgamentos sozinho. Eu sabia que de alguma maneira o mundo sempre volta para trás, e voltou. Meu pai está falido, e minha conta está com vários números.- Seco uma lágrima.- Tudo valeu a pena. Menos a morte de Polo. Ele não merecia aquilo. Não há uma noite que eu não me lembre do seu olhar me perdoando por tê-lo matado. E mesmo assim, parece que o peso do mundo se estabelece no meu corpo.
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FASCINE II & FASCINE III
FanfictionAgora a briga é entre todos eles. O sangue não foi derramado, mas precisam descobrir quem deseja isso. Nunca haverá um inocente por de trás de uma grande história de amor. Quem é o culpado por tentar matar Lucrécia?. FASCINE III O desaparecimento...