A CAIXA PRETA

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CARLA

Tive de seguir minha amiga até sua antiga casa que agora tinha uma placa de vende-se na porta; Não entendi bem o que estava acontecendo. Desço do carro, e caminho devagar atrás dela, abrindo o enorme portão. Fecho o- vendo Lucrécia subir os degraus da entrada carregando a caixa preta. Faço o mesmo que ela, até chegarmos juntas na sala. Caminho devagar até ela que olhava em volta vendo tudo vazio.

- Lu, o que está havendo?. Você fugiu da investigação.- Digo de forma baixa, me aproximando do teu corpo. Coloco minhas mãos devagar no seu ombro e observo na sua face uma lágrima escorrer.

- Meu pai foi embora e não me deu nem um aviso.- Ela solta um suspiro triste e uma lágrima cai na tampa da caixa. A abraço confortavelmente.- Preciso encontrá-lo e fazer algumas perguntas.

- Você acha que ele tem algo a ver com isso?.- Eu teria que informar Samuel disso.

- Sim. Eu acho. Não é uma certeza.- Ela se ajoelha no chão sujo e empoeirado. Me ajoelho junto. Ela abre a caixa e pega um retrato dela com Valério.-Vivemos infinitas histórias dentro e fora desta casa. Ele sempre esteve lá quando eu precisava. Mas, será que ele não realmente fez o que eu vi?.- Ela me olha.

- A única culpa que Valério carrega é a de te amar, Lu. E você sabe disso. Ele perdeu tudo por você. E você perdeu tudo por ele. Não vejo razões para que Valério a quisesse morta. Seja mais esperta. Deve estar faltando alguma coisa nessa história.- Explico a minha opinião.

- Credo, você já está falando como Samuel.- Ela se levanta e eu faço cara de tédio. Fecho a caixa, e me levanto, trazendo a comigo.- Se quiser, pode ficar com isto. Ou deixar aqui. Não sei. Meu pai não tem consideração nem de me dizer o porquê foi embora daqui, também não vou ter de guardar memórias dele.

- No final de tudo nenhum pai vale a pena. Não é mesmo?.- Ela dá risada secando as lágrimas. Escutamos um barulho no portão, e quando eu olho, veio Samuel entrando.

- Como ele sabe que nós estaríamos aqui?.- Lembro me da mensagem que enviei a ele dentro do carro.

- Não sei, Samuel tem mania de chegar.-Digo desentendida.

Ele abre a porta e então entra, desta vez ele estava sem o paletó, apenas uma camisa branca.

- Estou surpreso que seu pai está vendendo a casa.- Ergo uma sobrancelha o observando. Ele tava suspeitando de alguma coisa.- Por isto eu digo que tem algo de errado nesta história Lucrécia. Valério jamais te machucaria.

- Minha cabeça nunca entrou em uma confusão tão grande desde quando... - Ela para um pouco. Samuel se aproxima de mim, me abraçando por trás. Ficamos quieto. Desde a morte de Polo.- Eu só queria entender porque continuo fazendo isso, continuo transbordando confiança nele e ele nunca conta seus problemas pra mim.

- Valério não quer decepcionar a mulher que criou um império sozinha sem precisar da ajuda de ninguém. Ele se sente realizado quando você começa a falar dos seus negócios, porque ele enxerga em você todas suas capacidades. Por isso acredito que não foi ele.- Digo.

- E você, Samu?.- ela olha para Samuel.- Com todas as suas evidências.

- Eu não posso mexer uma peça no tabuleiro, se eu não tiver certeza do que o outro vai mexer.-Abro um sorrisinho discreto. Ele estava falando como eu.

-Vamos embora, Lucrécia.- Me desvencilho devagar de Samuel, indo até ela. Samuel se agacha para ver a caixa, e eu viro o corpo de Lucrécia para mim.- Você precisa descansar. Vamos para a nossa casa.- Digo fazendo um gesto com os dedos entre eu e Samuel. Samuel cai sentado no chão, e nós duas olhamos.- O que houve?.

-Nada. Eu só não estava preparado para '' nossa casa.''- Faço uma cara de tédio pra ele.

-Eu aceito. Posso levar Nadia?.- Assinto.- Obrigada.

- Eu e Samuel iremos voltar na sua casa com Guzman, eles ainda tem que depor.- Ela balança a cabeça positivamente.-Vai ficar tudo bem Lu. Valério é inocente, e isto vai ser provado.

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- Eu nunca imaginei que uma prisão seria tão bonitinha assim.- Comento, e arranco uma risada de Samuel que dirigia.

- Isto é uma prisão de ricos, Carla. Você fez isso por Valério, você acha que eu não sei?.- Abaixo a cabeça.- Não estou chateado. Eu gosto de te ver ajudando pessoas.- coloco a mão na sua coxa, e Acaricio.

Samuel entra com o carro facilmente dentro da prisão depois de dizer que era promotor. Eu apenas fico quieta. Os guardas nos levam até onde Valério estava. Passamos por um corredor escuro e com pouca ventilação, saindo no pátio principal.
Semicerro os olhos vendo Valério sentado em uma mesa, conversando com outro cara. Ele parecia confortável em estar na prisão.

Andamos até ele e então o guarda diz pra ele que viemos o visita-lo. Parece que ele esperava outra pessoa. O guarda pede gentilmente para o outro que estava com ele saísse, e então eu e Samuel nos sentamos. Um vento batia no meu rosto das enormes árvores que tinha ali perto.

- O que estão fazendo aqui?.- Pergunta olhando para nós dois.

- Quero que nos conte a verdade.- Samuel fala.- Sabemos que não foi você.- Valério suspira e nega com a cabeça.

- Foi eu, e vocês não conseguem aceitar.- Trago a saliva. Olho para Samuel.

- Eu quero água.

- O quê?. Na onde vou arrumar água aqui, Carla?.- Valério fica apenas observando nós dois.

- Não sei, mas você não vai me querer andando para procurar, vai?.- Samuel bufa e se levanta, dizendo que já voltava, indo em direção aos guardas.
Olho para Valério.

- Você tem dez minutos até ele voltar ou até menos para me contar o que está acontecendo. Eu já sei da casa do seu pai. O seu pai faliu, não é?. É por isto que tinha tantas mensagens no seu laptop na empresa?.- Ele uni as sobrancelhas.- Quando deixaram a gente sair para nos trocarmos e voltar para depor, eu fui até a empresa e confisquei seu laptop.- Ele se curva para trás.- Preciso que me conte a verdade, Valério.-Olho para trás, vendo que Samuel não havia voltado ainda.-Agora.

FASCINE II & FASCINE IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora