[ UDG ] Sr. CONDE

XXXII - TENEBRIS: QUANDO DEUS SE ESQUECEU

Antes do Princípio, antes do Verbo, antes do homem ser feito à imagem e semelhança do Criador...

Uma criatura humanóide e com seis gigantescas asas emplumadas cujo corpo revestido por uma armadura brilha mais que o próprio sol, empunha uma lança imponente e afiada enquanto se posiciona à frente da Sala do Trono do próprio Deus.

Seu nome é Metatron, um serafim de tamanho tão descomunal, que apenas auréola sobre sua cabeça daria uma volta completa ao redor da própria Terra.

Ao redor dele, muitos outros seres celestiais de infinitos tamanhos e formas iluminam e povoam os Céus.

Ainda não existem as divisões entre o Bem e o Mal, porém embora isto esteja prestes a mudar nos ateremos ao que ocorre atrás das portas guardadas pelo divino serafim, cujos brilho e proporções são inimagináveis e indescritíveis.

Uma mão humana mergulha os dedos no que parece ser um mar infinito de águas totalmente escuras, quando um enorme sol amarelo surge sobre sua palma, criado a partir da inexistência.

O próprio criador planeja a criação de um novo universo, pois em sua onisciência já está a par de um nefasto plano orquestrado para enfrentá-lo e tomar seu lugar na eternidade.

Enquanto ainda observa e admira o corpo celeste que flutua sobre a palma de sua mão, Deus também cria um grandioso livro, um papiro colossal de aparência e proporções cósmicas, onde tudo que idealiza é anotado, como se fora o grande rascunho do que está por vir.

Todavia, o livro ainda está sendo escrito, quando um forte tremor abala os Céus, e a Escuridão na Sala do Trono se dissipa, mostrando que o Todo-Poderoso realizava a incrível simulação de uma possível criação de um universo completamente novo, a partir da própria Inexistência que sucederia o que estava prestes a acontecer em seu reino eterno.

Enquanto as projeções ao seu redor se desfazem como se fossem nuvens colossais levadas pelo vento, e a Sala do Trono volta a brilhar, graças às paredes mais douradas que o ouro e cintilantes que um mar de cristal, Deus então desmaterializa seu livro, enviando-o para uma dimensão segura, enquanto conjura sua própria palavra na forma duma espada de imponência e brilho indescritíveis.