VI - D I V Ã: O PASSADO NO ESPELHO

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- E foi isto que vi, meu caro Victor! Em meus quase cinco séculos de existência jamais tivera semelhante e insólita visão. - Drácula diz cruzando os braços fortes atrás da cabeça enquanto se acomoda vestindo apenas um roupão de banho carmesim, em um grande sofá de couro preto e não muito confortável.
Ao fundo, uma figura esguia e de jaleco parece ouví-lo atentamente.
É seu amigo, o Doutor Victor Frankenstein que agora cumpre seu ofício como psicológo do Senhor da Escuridão, que neste momento compartilha suas mazelas e temores.

- Tenho que dizer-lhe que estou deveras surpreso com o fato de um...

- Um vampiro ter visões? - Drácula interrompe.

- Exato, caro amigo. - Victor continua. - Pensava-se que apenas os vivos possuíssem tal faculdade.

- Pois eu sei muito bem o que vi, Victor.

- Senhor, - o doutor diz se levantando e caminhando pela sala. - Acredito que os novos recursos dos quais agora disponho, podem ajudar na criação da prole perfeita.

- Estamos ficando impacientes, Victor. - Drácula diz irritado. - Já se passaram quase dez anos, e aquele seu monstro continua causando problemas.
Ele deveria servir como cobaia para a criação dos meus filhos com Aleera, mas se tornou o quê?
Um herói local, para aqueles que deveriam nos servir, nada menos como comida!

- Mas, meu mestre... - Victor argumenta. - Já enviei dezenas de vampiros sob o comando de suas esposas, para atacar os vilarejos e tentar reavê-lo, mas todos falharam, pois Adam tornou-se extremamente forte e habilidoso.

- Eu percebi! - Drácula se levanta gritando furioso.
- Não é à toa, doutor, que vários dos meus filhos têm morrido de fome, ou atacado as placentas na Estufa, para se alimentarem, por não conseguirem se aproximar dos vilarejos sem que morram pelas flechas e mãos do... "Seu monstro!"

- Meu mestre, por obséquio. Acalme-se. - Victor, sempre sagaz, acalma o mais temível dos vampiros. - Lembre-se do...

- Do quê? - O Conde ainda esbraveja. - Do que eu deveria lembrar, Victor?

- LEMBRE-SE DO ACORDO! - o doutor Frankenstein grita fazendo com que o próprio Filho das Trevas fique paralisado por alguns instantes.

- LEMBRE-SE DO ACORDO! - o doutor Frankenstein grita fazendo com que o próprio Filho das Trevas fique paralisado por alguns instantes

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- O... O Acordo? - Drácula sussurra sentando-se no sofá onde estava deitado outrora, e ainda parece apreensivo por ouvir aquela palavra, enquanto Victor responde calmamente ao ver que retomou o controle da situação:

- Sim, nobre amigo. Lembre-se dos termos que nos beneficiariam, quando precisássemos.

- Diga-me, Victor. - Drácula diz se recompondo, e parecendo se lembrar de algo ligado a um passado distante, pergunta:
- Aquela pequena criatura que você tirou da gaiola, no laboratório, há anos atrás... Era uma fada?

- Sim, mestre! - O doutor diz, calmamente. - Uma fada, do Reino dos Moors. E como pôde ver, ela não era a única, nós...

- De fato! Eu notei, Victor. No entanto... - Drácula murmura enquanto Victor prossegue:

[ UDG ] Sr. CONDEOnde histórias criam vida. Descubra agora