XV - A AURORA DO CAOS

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- Mas o que houve agora? - Drácula grita saindo da frente de seu espelho, enquanto se retira daquele grande banheiro.
Seus rosto e corpo voltam a ter a aparência vampiresca, embora ainda bela, enquanto ele ainda corre na direção das portas do quarto, ainda golpeadas por alguém que bate e grita sem parar.
Sua pele volta a ser branca e cinzenta, e uma estranha barba cerrada que havia em seu rosto desaparece, enquanto seus olhos voltam ao carmesim.

Estendendo a mão para sua cama, ele faz com que sua grande capa e roupas negras se transformem em morcegos, que voam até seu corpo e o vestem.
Ao abrir a porta se depara com o Dr. Frankenstein que entra correndo em seu quarto e fechando as portas o mais rápido que pode.
- Com mil demônios, Victor! O que há contigo homem? - O Conde Vladislaus questiona confuso, quando o doutor diz:
- Mestre, precisa vir comigo, agora!

- NÃO! - O Conde grita segurando os ossos de Aleera dia esposa agora morta por conta dos poderes sombrios de sua própria filha, a pequena e estranha Victoria Satannis.
- O que causou isso Victor? - Drácula grita furioso e angustiado. - Diga-me agora!
- Deves estar pronto para a verdade, meu caro amigo, porém... - o doutor diz, quando é interrompido:
- Porém o quê, Victor!
- Deve ser sensato nas atitudes que venha a tomar! - Victor conclui.
- Do que está falando? - Drácula ainda pergunta, quando Arannus e outras aranhas trazem três pequenos casulos de teia envolvendo cuidadosamente os três bebês, nascidos dos agora, restos mortais da baronesa Aleera.
- Foi o nascimento deles, caro conde, que causou a morte da soberana Aleera.
- Mas... - Drácula diz ao ver as crianças e fica chocado com a aparência da pequena vampira cobertura por um exoesqueleto. - O que é...
- Sua filha, meu mestre! - Arannus, a viúva negra gigante revestida por uma armadura de metal negro, diz olhando para o conde, com seus oito olhos vermelhos e brilhantes.
- Na verdade, nobre amigo... - Victor explica. - Todos os pequenos são resultados bem-sucedidos das experiências feitas com essências dos Moors e outras criaturas míticas para garantir a rápida evolução de sua espécie.
- E que poderes eles possuem? - o Senhor da Escuridão de repente muda sua expressão e tristeza, para um olhar curioso, enquanto pega o pequeno bebê negro de olhos azuis e brilhantes e a garotinha ruiva de pele quase translúcida de tão clara, e olhos vermelhos como sangue.
- Nós os nomeamos Petros Corvinus e Ormanna Monturi, meu senhor! - Arannus murmura ainda segurando o outro casulo de teia.
- Esperemos que aprecie tais nomes quando explicarmos as razões para os darmos aos trigêmeos. - o Dr. Frankenstein diz anotando algo rapidamente num grande livro em branco de folhas amareladas.
- Contem-me tudo! - Drácula exige, enquanto Victor Frankenstein prepara algum tipo de rascunho o mais rápido que pode naquelas folhas empoeiradas.
- O menino parece ter a habilidade de controlar os quatro elementos. Na verdade ele consegue absorver e transmutar seu próprio corpo em qualquer objeto ou ser vivo que toque.
A pequena, consegue se desmaterializar voltando a aparecer onde quiser, já a pequena Victoria Satannis...
- Satannis? - Drácula pergunta dando os casulos de teia com os dois bebês que ainda dormem para que duas aranhas os segurem e já pede para que Arannus entregue o que ela segura quando o Dr. Frankenstein alerta:
- Apenas tome cuidado ao tocá-la, mestre.
- Por quê?
- Ela possui algum tipo de poder maligno, responsável por matar a própria mãe apenas por tentar abraçá-la.
- O quê? Como isso é possível? - o Conde grita confuso, quando Victor, sempre habilidoso com as palavras diz fechando o livro onde anotava os poderes dos trigêmeos, algo que não havia feito antes, por ter precisado chamar o Conde às pressas a fim de explicar o que houve,.

De repente; as portas do laboratório são abertas abruptamente e Verona, a primeira esposa de Drácula, entra acompanhada de seu filho, o gigante Ceddrik, e os filhos de sua irmã Marishka, Margot e Adarkk.
- O que está havendo aqui cientista? - A baronesa grita furiosa, quando os olhos de Arannus brilham e o lugar fica tomado de aranhas de todos os tamanhos e formas, que levantando seus pedipalpos e patas dianteiras, ficam prontas para um possível combate ali mesmo.
- Soberana! - o Dr. Frankenstein diz cabisbaixo, enquanto Drácula ainda encara a pequena estranha Victoria Satannis ao fundo. - Trago boas e más notícias.
- O quê? - Margot, a filha de Marishka grita ao ver e farejar os ossos de Aleera sobre a mesa de mármore negro onde ela deu à luz aos trigêmeos. - Esses ossos...
- São da nossa tia? - Ceddrik grita tocando um par de costelas que se desfez em cinzas.
- O quê? - Verona diz se aproximando do cientista ainda em sua forma humana, porém com os dentes à mostra:
- Acho melhor explicar isto agora mesmo humano, ou nem mesmo meu esposo irá poupá-lo das minhas garras!
- Senhora... - o doutor diz recuando quando Arannus toma a frente dele e todas as aranhas começam a cercar a baronesa, seu filho e sobrinhos.
- Arannus, não! - Victor ordena para que as aranhas fiquem onde estão, com um aceno de sua mão esquerda.
- Já chega, Verona! - Drácula que até então não havia sido visto pela esposa e os filhos; grita olhando rosto coberto pela máscara óssea da pequena criança, cujos pequenos olhos, idênticos aos dele agora se abrem, fazendo seu coração frio amolecer, independente do trágico acontecimento envolvendo seus estranhos poderes e a morte da própria mãe.
- Mas, meu amor! - Verona grita ao ver os ossos de sua irmã. - Primeiro Marishka e agora minha irmã mais nova, Aleera...
- Está louca, mulher? - Drácula esbraveja assumindo uma forma monstruosa que lembra a de um morcego humanóide e imenso. - Não se atreva e ensinuar que Victor...
- Melhor nós sairmos daqui! - Cedrikk grita ruflando suas asas enormes e voando para fora do laboratório.
- Adarkk, vamos! - Margot diz assumindo sua forma monstruosa e alada, para voar atrás de Cedrikk.
Adarkk também já voa para fora do laboratório atrás da irmã e do primo, e enquanto as milhares de aranhas da Colônia ainda permanecem em posição de defesa ao redor do Dr. Frankenstein, Verona assume sua forma monstruosa, discutindo com o Conde Vladislaus.
- Não estou ensinuando nada, apenas sei dos que humanos são capazes, meu caro esposo! Essas aberraçoes. Eu posso sentí-las e quero vê-las!
- Retire-se daqui agora, Verona! - Drácula grita ruflando suas enormes asas de morcego, enquanto as aranhas se afastam protegendo o Dr. Frankenstein e os trigêmeos que agora choram.

- Não vou a lugar algum! - Verona insiste quando o Senhor dos Vampiros dá um rugido mais alto que o de um leão, e grita:

- AGORA!

Amedrontada pela fúria do vampiro monstruoso e imenso que de bocarra, garras e asas abertas parecia prestes a atacá-la, Verona assume a forma de um morcego do tamanho de uma águia, e fuge desorientada para fora do laboratório batendo em vários equipamentos, antes de sair pelas portas que logo em seguida são fechadas por duas viúvas negras do tamanho de vacas, isso sem contar as patas.

- Milorde, - Victor diz enquanto as aranha gigantes desfazem o cerco que protegiam a ele e aos trigêmeos; dos vampiros que invadiram o laboratório, e Drácula ainda em sua forma monstruosa, rosna enfurecido, olhando para as portas agora fechadas do laboratório. - Peço mil perdões, mas era isso que temia e por isso fui chamá-lo às pressas.

- Está tudo bem, Victor. - O Senhor da Escuridão diz voltando à forma humana. - O poder cobrará seu preço... Não foi isso que ela nos disse através do espelho, antes de nos mostrar como realizar as experiências?

- Deveras, Senhor Conde - o Dr. Frankenstein concorda, mas pergunta. - Porém, acredito que seja a hora de revermos esse... Acordo.
- Tragam meu filhos para perto! - Drácula ordena enquanto as aranhas excedentes que outrora protegiam o doutor se dispersam saindo dali, por diversas passagens secretas que há no lugar.
- O que está dizendo, Victor? - ele pergunta enquanto as aranhas trazem os bebês que ele logo acalma. No entanto, desta vez, por precaução, Victor entrega um par de grossas luvas para que o conde possa tocar em Victoria Satannis.
- Diga-me, nobre amigo! - o Dr. Frankenstein diz caminhando pela sala, enquanto milhares de aranhas pequenas constroem em poucos minutos, uma grande poltrona feita de teias onde Drácula se senta para ouví-lo, segurando os trigêmeos que ainda choram, em seu colo.
- Quantos mais fetos de vampiros serão enviados através daquele espelho, para que jamais vejam as trevas da noite?
Já não atingimos nosso objetivo?
Os infantes que segura em seus braços, milorde... São provas vivas e inegáveis de que a extração das essências daquelas criaturas míticas, foi um inigualável sucesso!
- Sim! Tens razão, Victor. Mas... O que me propõe? Destruí-lo?
- Ao espelho? Não. - o cientista diz tocando em alguns ossos do esqueleto de Aleera, que se despedaçam logo em seguida. - À bruxa!

[ UDG ] Sr. CONDEOnde histórias criam vida. Descubra agora