[ UDG ] Sr. CONDE

XXIX - OS EMISSÁRIOS DA PAZ

A vida de Maria e João jamais foi fácil ou abastada.

Os emissários da paz, enviados pelo Vaticano para erradicar a ameaça dos vampiros e lobisomens tiveram um passado sombrio, porém ainda assim incrível.

Enquanto caminhavam pela grande Praça de São Pedro ao receberem uma carta escrita pelo próprio Santo Pontífice da época, com ordens para para partirem rumo à Transilvânia imediatamente...

Ambos relembravam de quando ainda eram pequenos e moravam em um humilde casebre, nas terras sombrias e afastadas da Floresta Negra, uma antiga área ainda remota que ainda pertenceria à atual Alemanha.

Seu pai era um simples lavrador, já sua mãe, apesar de aparentar ser apenas uma humilde camponesa escondia um curioso segredo. Segredo este que compartilhava apenas com sua filha, Maria, a gêmea quase idêntica de seu outro filho, João.

A caça às bruxas era algo extremamente comum naquela época e a Igreja já enviava padres inquisidores até mesmo para aa regiões mais remotas.
Tudo correria bem para esta família, se não fosse pela incrível beleza física da mãe de Maria e João.

Aryanna era dona duma tez quase tão alva quanto a neve, de longos cabelos dourados e ondulados, com olhos tão azuis quanto um céu diurno e límpido.
A bela dama amava plantar rosas e ervas medicinais em seu extenso quintal que estendia-se para a floresta ao redor da clareira onde ficava sua humilde, pobre, porém acolhedora propriedade.
Graças aos cuidados de Aryanna, todos os membros de sua família, assim como ela, não tinham crostas de sujeira em suas peles, carrapatos, piolhos ou dentes podres como todos os demais.

Seu marido, apesar da aparência rude graças à pele queimada do sol e musculatura hipertrofiada obtida por uma longa vida de trabalhos braçais, e a uma grande barba negra desgrenhada era um bom homem, que fazia de tudo para garantir o sustento de sua família.

Apesar das dificuldades que passavam, os quatro eram sim, muito felizes, porém tudo mudou, quando, Olavo, o chefe da família foi atacado por um grande urso negro, ao distrair-se enquanto espreitava exatamente o mesmo cervo que o imenso predador.
Apesar de sua habilidade para lidar com animais selvagens como aquele, Olavo ainda escapou com três arranhões profundos em sua coxa esquerda e isso o impediu de andar por meses.
Aryanna não viu outra opção a não ser se expor, não pelo povo vilarejo, mas sim por conta de um segredo de seu passado distante.
Ela era uma bruxa, que decidiu abandonar seu coven ao encontrar-se por acaso com Olavo, numa noite de tempestade na floresta e os dois se apaixonarem perdidamente.
Aryanna vivia contanto histórias aos seus filhos desde que eram pequenos, sobre a existência de ciências desconhecida e desprezadas pelas pessoas: a alquimia e a magia.

Enquanto João e seu pai saíam juntos para caçar pelas redondezas, Aryanna aproveitava para ensinar pequenos encantamentos e até mesmo a leitura para sua filha, algo que não era plenamente bem visto até por Olavo, porém ele permitia mesmo assim, pois prezava pela paz e felicidade de sua família.
Sem que jamais notassem, eles deram sempre observados por um trio de corvos que se empoleirada, sempre nos galhos duma árvore alta, ou na cerca ao longe, para vê-los passar.