XXXVI - PELO BEM MAIOR

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" O sultão turco escravizou milhares de meninos da Transilvânia para preencher as fileiras de seu exército. Essas crianças escravas foram espancadas sem piedade, treinadas para matar sem consciência, para desejar o sangue de todos os que desafiavam os turcos.

Entre esses garotos, alguém tornou-se um guerreiro tão feroz que exércitos inteiros recuaram aterrorizados com a menção de seu nome. Vlad, o Empalador, o Filho do dragão.

Enojado por seus atos monstruosos, Vlad veio enterrar seu passado com os mortos e retornou à Transilvânia para governar em paz.

Seus súditos o chamavam de príncipe. Eu o chamei de pai, porém o mundo o conheceria como ... Drácula."

Estes são os pensamentos que incessantemente atormentam a mente do príncipe Ingeras VI, desde que passou a ter sonhos onde ele mesmo era seu antepassado Ingeras I, e que era visitado todas as noites por seu pai, o conde Drácula.

Dois de seus antecessores, atormentados por estes mesmos sonhos suicidaram-se julgando estarem loucos ao começarem a imaginar serem o próprio Ingeras e que deveriam manter o acordo feito por ele com o próprio Drácula.
De fato, essa fora uma infame maldição feita pelo próprio Conde Sombrio, para condicionar seus próprios descendentes e todo povo ao medo.

Ingeras I abrira mão do nome Vlad, nomeando seu sucessor com seu próprio nome para distanciar-se da lembrança de seu próprio pai, que mesmo após tantas gerações ainda aterrorizada a Transilvânia, porém aquele ciclo que arrastava por séculos finalmente seria quebrado.

Enquanto recobra sua razão, Ingeras VI então se depara com um cenário aterrorizante ao seu redor:

Exatamente no centro da Província de Bran, alguns homens de seu exército se apertam formando um círculo ao seu redor, enquanto também ajudam um gruo de pessoas bastante incomum a se defenderem de dezenas de lobisomens que as cercam por todos os lados.

São estas pessoas: Maria e João, os caçadores de bruxas e monstros, o regente da província, Bella Valerius, Sombra da Morte e algumas das freiras do antigo monastério de Bran que lutam mantendo seu disfarce, porém demonstrando incríveis força e agilidade contra os monstros que começam a se multiplicar, já que cidadãos feridos e caídos ao chão também começam a transformar-se em feras insanas. Lobisomens incontroláveis e irracionais que também avançam contra Ingeras VI e seus homens.

- Destruam todos! - ordena o príncipe enquanto seus homens também entram em combate, porém rapidamente são subjugados. Os que não são decapitados e desmembrados pelos lobisomens, logo tornam-se semelhantes a eles.

Não demora muito e o príncipe se une aos caçadores e freiras, lutando bravamente enquanto Helsing, o Sanguinário também já se aproxima para também entrar na batalha.

***

Longe dali, do alto do castelo de Drácula, Ceddrik, Petros, Ormanna e Victoria contemplam toda aquela carnificina ao longe.

- Passamos mais de uma década longe dos homens e vejam só! - Petros ironiza - Eles mesmo provocaram suas guerras.

- Tem algo errado, ali irmãos! - Victoria Satannis diz olhando mais atentamente e notando os lobisomens que atacam o povo fica assustada.

- Maldição! Não estão brigando entre si. Estão lutando contra lobisomens.

- Como não vimos isso? - Ormanna grita atônita, e Ceddrik deduz:

- Talvez pelo ódio que nutrimos por eles.

- Acham mesmo que deveríamos intervir... - Petros indaga confuso. - E defendê-los?

[ UDG ] Sr. CONDEOnde histórias criam vida. Descubra agora