[ UDG ] Sr. CONDE

XXXIX - OXÍMOROS

- Então foi isto que ela não pode me mostrar claramente? - Licana disse se aproximando de Adam. - Uma vampira tocou minha fronte durante esta batalha e mostrou-me que há tempos, algo se oculta nestas terras. Algo mais perigoso que qualquer um de nós possa pensar ser.

- De fato... - Arannus, a viúva-negra gigante e de armadura diz surgindo sobre uma casa ali perto, seguida por centenas de outras aranhas de numerosos tamanhos e formas que também se aproximam sob uma chuva forte que começa a cair - Os olhos da Colônia estiveram por todo este lugar há muito tempo, e aos virmos nosso próprio mestre ser atacado na floresta por algo que ainda não encontramos, tivemos a certeza de que há algo...

- Mas o que significa isto? - João grita apontando suas armas para os monstros que literalmente agora se reúnem ao seu redor - Vieram todos para cá agora?

- João! - Maria diz acenando para que baixe as armas - Espere. Eu não sinto maldade nestes dois, nem mesmo naquelas aranhas.

- O que está dizendo?

- Não permita que as aparências deles afetem seu julgamento irmão.

- Todos já desconfiam da verdade - Anul, a nefilin toma a palavra com uma voz feminina, porém grave e ruidosa, enquanto é observada de um lado pelos humanos, e do outro, pelos dois lobisomens, todos igualmente ainda confusos - e é justamente ela que vos trazemos agora.

- Anul... - Adam ordena entregando aquela grande espada negra em sua destra, para a criatura gigante e de asas emplumadas - Mostre a eles!

- Certamente. - Anul assente, quando Petros, que observa todas aquelas pessoas e monstros reunidos no meio da cidade, com o sol prestes a raiar, toma uma decisão arriscada.

Anul gira sua espada enquanto a lâmina da arma e seus olhos tornam-se brilhantes e azulados. A nefilin já se prepara para fincar a espada no chão, quando Petros surge chamando a atenção de todos.

- Soldados humanos, caçadores de monstros, aranhas gigantes e... Lobisomens reunidos num mesmo lugar, praticamente à luz do dia? Ora, e você bela criatura alada, serias um anjo entre nós? - o vampiro sorridente e sagaz diz ao reparar em Anul.
- Algo semelhante, eu diria... - Anul diz sorrindo e guardando a espada, enquanto esta e seus olhos perdem o brilho.
- Então faltava um vampiro, não é mesmo?
Todos ainda o observam confusos quando ele se apresenta:
- Sou Petros Corvinus Vladislaus...
- Vladislaus? - Helsing grita enfurecido, porém Licana o contém, e Petros dirige-se ao licantropo irritado.
- Fizeste uma bagunça e tanto, meu caro Van Helsing!
- Já não chamo por este nome, vampiro!
- Espere, o que disse? - Bella grita desembainhando um sabre. - Como disse que esse monstro se chama?
- Oh, Céus! - Licana indaga assustada - Mais surpresas?
- Por que aquela criatura tem o nome do meu pai? - Bella ainda grita, quando acaba tendo algum tenebroso choque de realidade ao constatar algo de natureza ainda mais surreal do que tudo que ocorre ali.
- Não lhe parece óbvio, minha criança? - A gigante Arannus indaga enquanto Helsing e Bella se encaram confusos, e Licana questiona seu alfa:
- Helsing, seria possível?
- Não pode ser! Anna me contaria se estivesse... - Helsing ainda murmura quando uma lembrança quase apagada de sua vida passada, aflora em sua mente: o momento em que Anna Valerius tentou contar-lhe algo que ele não tinha tempo para escutar, pois ambos  tinha de partir para aquela batalha contra Drácula.

- Nós, monstros e homens temos mais em comum do que imaginamos! - Adam toma a palavra enquanto, atônitos e emudecidos, Helsing e Bella Valerius negam-se a acreditar que estão vivenciando nada menos que o encontro dum pai e duma filha.

- Estou deveras embasbacado! - Petros exclama sorrindo ao constatar - A formidável caçadora de monstros é filha do lobisomem, e mãe de um vampiro que também é meu irmão? Agora estou deveras curioso para entender essa derradeira parte.