Pretexto • Lucas Paquetá ✅

19. Olympique Lyonnais

O dia amanheceu ensolarado em Lyon. Ana Laura acordou tarde por conta do fuso horário que enquanto no Brasil era manhã na França era tarde, não quis acordar Lucas, mas como estava com fome foi até a cozinha preparar um café da manhã. Aproveitou que as amigas provavelmente estariam livres naquele horário e resolveram fazer uma ligação via facetime.

— Bom dia linda!

— Bom dia nada, são duas da tarde.

— Aqui são nove da manhã ainda. Mas me conta, como estão as coisas ai, Lalá? Já saiu? Conheceu gente? Vê se não vai esquecer de mim e da Mari, hein?

— Ai Ceci nem deu tempo pra isso tudo. Chegamos ontem no final do dia, só tivemos tempo de ir ao mercado rapidinho e voltar pra casa. Ainda não conheci ninguém, hoje que é a apresentação do Lucas e provavelmente vou conhecer gente.

— Mas cadê o Lucas? E as minhas meninas estão bem? — perguntou buscando a barriga de Ana Laura na câmera.

— Estão ótimas e me chutando como se fosse uma bola em frente ao gol. Olha só! — Levando a blusa do pijama para mostrar a barriga para a amiga. — Lucas está dormindo. Já já sairemos, a apresentação dele é as dezesseis horas. Eu tô tão ansiosa, Ceci... Tenho até medo do que pode nos esperar.

— Amiga fica calma. Vai dar tudo certo, nossas mini francesinhas já já estarão aí e nós vamos estar tão felizes! Eu e a Mari vamos praí assim que as meninas derem sinal de vinda, vamos ficar aí com você na maternidade, em casa, vamos te ajudar em tudo. E você já já arranja novas amizades, você faz isso como ninguém.

— Eu não sei o que seria da minha vida sem você, Cecita. Te vi anteontem, mas já tô morrendo de saudade. Vem me ver logo!

— Eu juro que vou. Amiga agora eu tenho que desligar, já já os meninos da base chegam.

— Aff que saudade dos meus meninos, manda um beijo pra eles, tá? Beijo. — Desligou e continuou a cozinhar.

Enquanto estava distraída sentiu algo a abraçar por trás. Levou um leve susto, mas ao se virar viu que era Lucas.

— Que susto garoto! — Deu um tapinha no ombro dele e beijou.

— O que você fez de bom? — disse dando uma olhada na bancada.

— Não fiz muita coisa, só o suficiente pra nós dois.

— Ana Laura isso é mais que o suficiente! Menina...

— Não é mesmo! Eu tô grávida e como por três, esqueceu? — negou com a cabeça e começou a rir.

Durante o café da manhã conversaram sobre tudo. Falaram como se sentiam diante aquela situação e toda a mudança. Logo depois foram tomar banho para sair.

Enquanto a água escorria pelo seu corpo, ela imaginava como sua vida havia mudado tanto em tão pouco tempo. Nunca imaginaria estar grávida e principalmente mudar de país só ela, o namorado e as filhas. Era um sonho que tinha virado realidade.

Apesar do medo e da incerteza que morar fora e longe da sua família, ela estava feliz. Seu coração estava preenchido de amor e principalmente gratidão. Se adiantou e em pouco tempo já estavam indo em direção ao Groupama OL Training Center.

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— C'est avec une grande fierté que nous, La direction de l'Olympique Lyonnais nous présente le joueur Lucas Paquetá. Il vient compléter notre liste de joueurs et est un milieu de terrain très talentueux. Bienvenue Lucas, nous espérons que vous vous sentez comme chez vous.
(É com muito orgulho que nós, dirigentes do Olympique Lyonnais, apresentamos o jogador Lucas Paquetá. Ele completa nossa lista de jogadores e é um meio-campista muito talentoso.)

Todos começaram a bater palmas para Lucas, era nítida a felicidade dele. Seus olhos brilhavam, parecia criança ganhando presente de natal. Eu não conseguia conter as lágrimas, talvez por estar grávida, mas ver aquela cena me fazia querer ir correndo para os braços dele e não soltar nunca mais. 

Após a coletiva de imprensa, Lucas, eu e toda a equipe técnica fomos ao estádio do Olympique, onde tirariamos as fotos e definitivamente ele seria o novo jogador do clube francês.

O futebol europeu realmente tinha uma influência grande no mundo esportivo, tendo em seu catálogo jogadores renomados e talentosíssimos. Eu sabia que ali a carreira de Lucas decolaria rapidamente e que todo esforço feito por nós, teria uma enorme recompensa.

Entrando no estádio me deparei com um local que apesar de estar ambientada era estranho pra mim. Eu sabia que seria tudo diferente do Rio, mas ali realmente a ficha havia caído. Não íamos mais ir a jogos todos os finais de semana no Maracanã, não iríamos mais comemorar em algum restaurante uma vitória do Flamengo, não iríamos mais ter a calorosa torcida rubro-negra aplaudindo e deixando o ambiente ainda mais confortável. Mas em compensação teríamos a torcida lionesa estaria ali vibrando e aplaudindo o Olympique Lyonnais.

Agora definitivamente estávamos, querendo ou não, em casa. A França, um local que eu só tinha ido a passeio e que nunca imaginei morar, seria meu lar pelos próximos anos. Eu, meu camisa 10 e mais dois presentes que havíamos ganhado. Lyon fazia parte da nossa vida a pouco tempo, mas já tinha realizado inúmeros sonhos nossos.