21. Nascimento

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Lyon, França, 14 de agosto de 2019

As dores intensas anunciavam que a data que Lucas e Laura esperavam ansiosamente havia chegado. O dia que estava marcado para dali duas semanas mas felizmente a madrugada de calor lionesa havia adiantado as coisas.

Talvez a agitação e esforço feito na pós mudança tenha sido um dos fatores para que Ana Laura entrasse logo em trabalho de parto.

Desde que descobriu a gravidez o parto sempre foi uma dificuldade muito grande para ela. Morria de medo de um parto normal e também tinha medo de cirurgias, mas por ser uma gestação gemelar decidiu que tomaria coragem e faria um parto cesárea, na verdade tudo que ela queria naquele momento era conhecer suas filhas, a forma não importava muito.

A cada minuto que se passava as dores se intensificavam, Ana Laura sofria, mas sabia que tudo valeria a pena no final. Em um momento, no ápice das dores Ana gritou, não aguentava mais, implorou por uma cesárea naquele segundo, mas infelizmente não foi atendida.

Na França, quando se entra em trabalho de parto a mulher é praticamente obrigada a ter o bebê de forma normal, mesmo que não quisesse, cesáreas eram realizadas apenas quando o bebê e a mulher corriam riscos de vida, mas o caso da fisioterapeuta era diferente, uma gravidez gemelar em si já era de risco, naquela altura, um parto normal só faria ela e suas filhas sofrerem muito.

Respirou fundo novamente e tentou suportar tudo aquilo que estava sofrendo. Repentinamente uma médica entrou no quarto em que ela estava internada e fez uma ultrassonografia em Laura, descobrindo assim que as gêmeas estavam entrando em sofrimento.

Logo deram início a preparação para um parto cesárea e de emergência, em pouco tempo Ana Laura havia dado a luz a duas bebês saudáveis e perfeitas. Mabel e Flora nasceram junto ao amanhecer do sol, tornando o sonho da fisioterapeuta realidade.

A todo momento Lucas foi o refúgio de Laura, ele que sempre fora medroso estava sendo o mais corajoso dentre todos os homens. Isso tinha um nome: amor. O amor abria portas que achavam ter perdido a chave, escancara janelas que achavam estar emperradas e torna sonhos realidade como num passe de mágica. Essa era a magia desse sentimento, também era o que fazia todos quererem experimentar um pouquinho dele.

Já estavam em casa quando foram surpreendidos com uma avalanche de visitas entrando pela porta. As melhores amigas e os pais de Laura haviam ido para Lyon visitar as recém chegadas ao mundo. Apesar da chegada repentina, Mabel e Flora foram desejadas por algum tempo. Laura sabia que cedo ou tarde realizaria o seu sonho de ser mãe e aquele dia tão sonhado havia finalmente chegado.

Quando perdeu seu primeiro filho, Benjamin achou que tudo havia se perdido e a escuridão tomou conta da menina dos olhos claros. Ela sabia que algum dia teria que superar, mas se pudesse deixaria isso para o mais tarde possível. Não entendia o motivo de ter que dar adeus ao seu bebê e muito menos o porquê dele ter sido concebido a ela. Laura sempre associou bebês e crianças a alegria, sorrisos, memórias boas e todos os melhores sentimentos do mundo, mas nunca imaginou que a partida de uma criança deixaria um vazio tão grande em seu peito, que partiria seu coração em mil pedacinhos e no lugar do sorriso haveria um mar de lágrimas escorrendo sem dó.

Para ela uma das piores superações foi essa, superar os sonhos, desejos e principalmente o seu primogênito que já não tinha mais vida em seu ventre. Mas hoje, quando ela viu as suas filhas em seu colo cheias de saúde seu coração transbordou. Ainda não entendia o motivo da partida de Benjamin, mas a sua vitória havia finalmente chegado.

Ela sabia que a partir de Flora, Mabel e Lucas, ela seria feliz por completo. Seu caminho agora era trilhado por sorrisos e realizações. As lágrimas apareciam vez ou outra, mas não eram só lágrimas de tristeza e dor, eram também de emoção e felicidade.

Enquanto observava as filhas, percebeu que Mabel tinha e traços de Lucas, enquanto Flora tinha os traços dela, mas uma coisa as duas tinham em comum: O azul dos olhos de Laura que remetia o céu. Para os outros era uma observação boba, mas para ela tinha todo um significado por trás. O azul do mesmo céu que habitava o arco-íris dela.

"Alabama, Arkansas, I do love my Ma' and Pa'
Not the way that I do love you
Well, holy moly, me oh my, you're the apple of my eye
Girl, I've never loved one like you
Man, oh, man, you're my best friend, I scream it to the nothingness
There ain't nothing that I need
Well, hot and heavy pumpkin pie, chocolate candy, Jesus Christ
Ain't nothing please me more than you
Oh, home, let me come home
Home is wherever I'm with you
Oh, home, let me come home
Home is wherever I'm with you
La, la, la, la, take me home
Mother, I'm coming home
I'll follow you into the park, through the jungle, through the dark
Girl, I never loved one like you
Moats and boats and waterfalls, alleyways and pay phone calls
I been everywhere with you
We laugh until we think we'll die, barefoot on a summer night
Nothing new is sweeter than with you
And in the streets, we run afree, like it's only you and me
Geez, you're something to see
Oh, home, let me come home
Home is whenever I'm with you
Oh, home, let me come home
Home is wherever I'm with you
Home, let me come home
Home is whenever I'm with you
Oh, home, let me come home
Home is wherever I'm with you"


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Oi gente! Tudo bem? Espero que sim! Bom, início pedindo desculpas pela demora em trazer capítulos, está sendo muito difícil escrever, mas vou tentar ao máximo trazer com mais frequência.

Em contrapartida, temos sempre storie no Instagram da Ana Laura, então se não segue vai lá! @alalasanches

Prometo que não demoro para trazer o próximo. Beijos e até a próxima! (Tem música após a foto, escutem!)

Pretexto • Lucas Paquetá ✅Onde histórias criam vida. Descubra agora