Capítulo 62

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Por Anahí:

Depois do primeiro capítulo da minissérie, nossa vida voltou a virar de cabeça pra baixo. De repente, era como um dejavú. Por onde andávamos vivíamos cercados pela imprensa, sem contar os milhares de smartphones apontados para nós, aonde quer que estivéssemos.

Eram tantos compromissos, que as vezes esquecíamos até de comer.

Aquilo era questionado o tempo inteiro, afinal, não tinha sido esse o acordo. Agora éramos adultos, precisávamos de tempo principalmente para nossas famílias.

Pedro dizia que precisávamos segurar a onda, porque seria por pouco tempo.

O primeiro show aconteceu no México, e a dimensão de tudo aquilo era extraordinária. Era como um renascimento.

Estávamos e sempre estaríamos ligados por alguma força maior. Eu realmente não sei explicar, mas nossas seis almas tem algum tipo de missão juntas, porque o que nos une é único.

Quanto a Poncho nada tinha mudado, ele continuava super solícito sobre tudo que eu precisava, mas não ia além disso.

E eu sentia falta daquela parte que ele não queria ou não podia mais ser. Só que eu precisava confessar, ele estava certo. Era melhor assim.

Estávamos prestes a entrar para gravar um podcast, mas eu não conseguia sair do banheiro. Todos aqueles milhares de compromissos combinados com uma péssima alimentação, acabou atacando minha gastrite. E toda e qualquer besteira que tentasse ingerir, colocava pra fora num tempo recorde.

Ouvi batidas na porta.

— Ani, está na hora. Você tá vomitando há quase quinze minutos. Isso não pode ser normal! — Christian disse preocupado.

Levei uns dois minutos pra me recompor, abrir a porta e encara-lo.

— Eu tô bem, só estava desacostumada a tudo isso...

Ele me olhou desconfiado, mas não falou nada.

Ficamos pouco mais que uma hora dentro do studio, até que já tínhamos respondido todas as perguntas possíveis.

Estava no estacionamento, prestes a destravar meu carro, quando senti uma mão cobrir a minha. Meu corpo deu um sobressalto pelo susto, mas logo me recuperei ao identificar o toque.

— Você precisa parar de me assustar assim. — Virei para encarar Poncho.

Ele sorriu.

— Christian disse que você não está bem, e me pediu para levar você pra casa.

Bufei.

Meus amigos realmente adoravam me tratar como se eu fosse uma criança.

— Eu já estou melhor, não precisa de nada disso. E eu não vou deixar meu carro aqui e ir com você! — Rebati.

Alfonso franziu a testa.

— Você não entendeu... Eu não estou te dando uma escolha. Vou levar o seu carro, não se preocupe, eu vim de Uber.

A verdade é que eu realmente me sentia fraca demais pra contestar. Apenas entreguei a chave em suas mãos, e entrei no lado do carona.

Poncho também entrou, colocamos os cintos e ele deu partida no carro.

— Não fique brava por as pessoas se preocuparem com você, Ani.

— Eu não estou brava. — Cruzei os braços em cima do peito.

Poncho me olhou por alguns segundos e sorriu. Ele não disse nada, mas eu sabia que queria ter dito.

Depois de poucos minutos em silêncio, ele resolveu quebrá-lo.


— Como está indo a sua vida?

Senti meus músculos tensionarem. Que tipo de pergunta era aquela?


— Eu estou bem...

— Não foi isso que eu perguntei.

— Então me pergunte exatamente o que quer saber...

Ele suspirou.

— Como estão as coisas? Manu está bem? Está conseguindo conciliar isso tudo?

— Ele está ótimo. — Sorri ao mentalizar a imagem do meu filho. — Cresceu, sabia? Ele tá tão esperto Poncho, fala cada coisa, que eu fico até sem jeito!


Poncho abriu um enorme sorriso.


— Eu posso vê-lo?


Me surpreendi com aquele pedido.


— Você? Quer vê-lo? Oh, mas é claro que sim. Você deixaria eu ver o Dani?

— Eu deixaria. — Ele suspirou. — Mas infelizmente agora não será possível.

De repente a postura relaxada de Poncho se transformou em algo muito mais sério.

E eu queria perguntar o porquê, mas não tive coragem.

— Ele está bem? — Me limitei a tentar saber ao menos isso.

— Sim, ele está bem. — Respondeu somente.


Quando chegamos em casa Poncho se decepcionou ao saber que Manu não estava lá, porque tinha ido passar o dia com minha irmã e meus sobrinhos, mas mesmo assim ele resolveu ficar um pouco.

Me surpreendi quando Poncho seguiu direto para cozinha.


— O que esta fazendo? — O acompanhei.

— Vou fazer alguma coisa saudável pra você comer. — Respondeu como se fosse óbvio.

— Você não precisa fazer isso, eu não estou com fome e quando estiver posso pedir alguma coisa.


Já era tarde demais, Poncho já estava com a geladeira aberta, escolhendo os ingredientes.

— Você não é louca de trocar Alfonso Herrera na cozinha por uma comida do ifood. — Ele zombou.

Não, eu não era louca.

Eu o vi colocar o avental e cortar os ingredientes com uma habilidade que eu desconhecia.

Aquilo tudo era tão sexy, que ficava olhando hipnotizada. Sim, eu estava morrendo de tesão por vê-lo daquele jeito. Talvez isso estivesse estampado na minha cara e eu não estava me importando.

Deus! O que estava acontecendo? Eu estava completamente sem controle.



Por Poncho:


— Ani? — A chamei pela quarta vez.

— Hã?

— Você tá bem? To falando com você e você não responde.

— Oh, desculpe! Eu estava apenas distraída.

— Distraída? — Arqueei  a sobrancelha. — Você tava com uma cara...

— Estou bem... Bem faminta...

Eu preferi acreditar que ela ainda estava falando de comida.

Aquilo tudo era tão estanho. Anahí não estava nenhum pouco normal, mas também eu não poderia esperar que ela se abrisse pra mim, porque eu também não era a pessoa mais aberta do mundo naquele momento.

Depois que nós comemos, eu esperei até que Manu chegasse e matei a saudade que estava sentindo daquele garotinho adorável.

De certa forma, aquilo me consolava, porque há dias não via Dani, e eu precisava esperar uma ordem judicial para que aquilo fosse novamente possível.

A minha verdadeira vontade era de ficar ali com Anahí e Manu, mandar pro inferno tudo que ainda me impedia, mas eu precisava fazer coisas do jeito certo dessa vez. Era minha última chance e eu não iria desperdiça-la por não saber esperar.

One Step Closer (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora