Capítulo 51

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Por Poncho:

O nó que se formou na minha garganta me sufocaria a qualquer momento. Eu recebi aquelas palavras como um tapa na cara. Meus os olhos ardiam, e o meu peito doía de uma forma que nunca tinha doído antes.


— Eu errei com você. — Confessei, lutando pra que minha voz não saísse falha. — Não tive coragem de enfrentar as consequências, mas eu não podia imaginar que as coisas tomariam as proporções que tomaram. Como eu podia prever? Me diz, por favor! Acha mesmo que eu não queria ser tudo isso pra você? Acha que não me matou te ver conquistando tudo isso dia após dia com outro? Se a minha indecisão te matou, as suas escolhas fizeram o mesmo comigo. Toda vez que os via juntos, que você se declarava pra ele, era como se me dessem um tiro Anahí... — Naquela altura já não conseguia conter a emoção na voz. — Eu cheguei a invejar esse cara. Que irônico, não? Invejar um cara que eu abominava. Eu não conseguia entender e muito menos acreditar que você realmente pudesse ter algum tipo de sentimento por ele.

Ela franziu o cenho e me encarou com um olhar doloroso.

— Mesmo depois de tudo, mesmo ainda quando você já namorava outra, eu te dei a chance de reverter isso. Fui ao seu apartamento e deixei claro o quanto eu precisava de você. Naquele dia eu queria que você me decifrasse, Poncho. Eu me entreguei a você, como nunca tinha me entregado antes. Te toquei, como nunca tinha tocado. Chorei quando te senti, chamei por você e disse que nunca haveria outro. Te disse com todas as letras que você era o homem que eu amava e que sempre amaria, independente do que estivesse por vir. Eu quis que você entendesse nas entrelinhas, que eu estava desistindo, mas que isso não mudava o que eu sentia. Quis acima de tudo, que você me desse motivos pra ficar. Que você me prendesse em seus braços e não me deixasse ir a lugar algum. Mas você não fez nada disso.

Senti meus olhos úmidos. Iria chorar a qualquer momento, ali na sua frente.

— Você me enlouqueceu naquela noite. — Não me assustei quando a minha voz saiu embargada. — Em todos os sentidos. Quando eu te tive, ali na minha cama, eu entendi a que era a você a quem eu pertencia. Foi naquele momento que a ficha caiu, Ani. Naquele maldito momento eu soube que não existiria mais ninguém.

Anahí me encarava, lutando contra as lágrimas que teimavam em cair.


— E mesmo assim você me deixou ir.

Fechei os olhos, com a dor que aquela acusação me causou e quando tornei a abrir ela ainda me olhava.


— Eu não quis que você fosse, mas você não me merecia pela metade. E eu não sabia Ani... Não fazia ideia de que aquela era a minha última chance. Eu juro, que terminaria com a Perla e iria atrás de você. Eu tava disposto a nos assumir. Me sentia tão seguro, como eu jamais me senti antes. Mas não tive esse tempo. Você estava com ele, dois dias depois em Nova York.

Lembrar daquilo doía mais do que eu pudesse imaginar.

— Ele me ofereceu tudo o que você não quis me oferecer.

— Eu sei. — Soltei um sorriso amargo. — E isso me corrói dia após dia. — Respirei fundo. — Aquilo era tão difícil de acreditar Ani. Eu sempre soube de todos os podres que envolvia a Televisa e a política mexicana, mas eu nunca imaginei que isso pudesse acontecer com você...

— Eu não me vendi, Poncho... Não me ofenda de novo dessa maneira, você não imagina o quanto isso me machuca.

Maneei a cabeça, negando.

— Não. — Levantei e andei até ela, sentei ao seu lado e segurei sua mão. — Eu sei que não. — Acariciei sua pele e a ouvi suspirar. — Mas então o que? Droga, Ani! Por que?

— Eu sempre soube dessa possiblidade, todas as atrizes sabem. É como uma roleta russa, poderia ter acontecido com qualquer uma. Mas ele me escolheu. E no começo eu achei impensável aceitar. Lembrava de tudo que a Angélica tava passando, e em como aquilo parecia uma tortura pra ela. Não queria o mesmo pra mim. Seria uma verdadeira guerra, mas eu não me importava, porque eu tinha motivos pelos quais lutar. — Anahí ofegou e instintivamente levei a mão livre ao seu rosto. — Mas então ele veio até a mim, logo depois de que houve tudo aquilo entre nós... E ele... Foi tão compreensível. Deixou claro que não faria nada contra a minha vontade, mas que precisava de uma chance pra mostrar que aquilo podia dar certo. — Ela me olhava tão profundamente, que sentia verdade em cada uma de suas palavras. — Eu cedi. Mas não tivemos nenhum tipo de envolvimento físico.. Só que depois daquela noite, tudo acabou de desmoronar. Eu tava tão decepcionada com você... Comigo. Eu era louca por você, e era capaz de mover céus e terras em nome do que sentia. Mas você deixava tão claro que não tinha futuro ali, Poncho. E caramba! Sou uma mulher, eu sonhava com um casamento, sempre tive uma verdadeira obsessão pela ideia de ser mãe. E você sempre na contra mão. Tinha medo de me assumir publicamente, imagina só me dar um filho?

— Ani...

— Não. — Ela levou o dedo ao meu lábio, me interrompendo. — Me deixe falar. — Assenti com a cabeça, e beijei seu dedo. — Manuel me ofereceu tudo isso. E aos poucos, foi me conquistando. Quando dei por mim, já estava mais envolvida do que eu queria estar com aquele mundo. E era um caminho sem volta. As coisas estavam fluindo, e nós acabamos ficando noivos. Cheguei a achar que ia conseguir superar você e tudo que tinha significado. Mas então, você foi atrás de mim em Chiapas.

Abaixei a cabeça, não podendo encara-la. Aquilo me mataria.

— Você derrubou todas as minhas certezas. Aquilo era tudo que eu tinha sonhado, Poncho. Você estava livre, tinha aberto mão de tudo, e me procurado. — Senti as mãos dela envolverem meu rosto, me induzindo encara-la. — Eu lembro de cada palavra que você me disse. — Sorriu tristemente. — "Vim buscar algo que me pertence." — Eu também sorri. — "Vem comigo, amor. Não se preocupe com nada, eu já cuidei de tudo." "Me deixe te fazer feliz."

Fechei os olhos, sentindo os lágrimas caírem. E em seguida os dedos delicados de Anahí as deterem.

— Tudo que eu queria era poder ir. — A ouvi dizer com a voz embargada.

— Você não veio. — Abri os olhos e a encarei.

— Eu não pude...

— Por que, Ani? — Enruguei a testa. — Você disse que me amava, e eu acreditei.

— Era tarde demais... — Ela soluçou.

— Eu sabia que tinha errado muito com você, mas eu tinha certeza de que traria você comigo. Não passou pela minha cabeça, nem por um segundo, que você pudesse rejeitar a minha proposta. — Suspirei.

— Em outras circunstâncias, eu com certeza não rejeitaria. — Ela mordeu o próprio lábio inferior.

— Por que?

— Eu tava grávida, Poncho.

Senti como se todo o meu corpo petrificasse. Eu a encarava com uma expressão de incredulidade, sem entender.

— Isso não faz sentido nenhum. — Disse num fio de voz. — O Manu é mais novo que o Dani. — Apontei de maneira óbvia.

— Não estava grávida de Manu, Poncho... Tive outra gravidez, que não chegou ao fim. — Suspirou. — Desde a anorexia, eu sempre soube que não seria uma tarefa fácil engravidar naturalmente. Tinha um distúrbio hormonal, que fazia a minha chance de engravidar reduzir a quase nada. Por isso, optei por conservar alguns óvulos. Mas por uma ironia do destino, eu acabei engravidando sem precisar usá-los. Foi um susto, mas eu nunca tinha me sentindo tão feliz. Mas então você veio, e me disse todas aquelas coisas. Meu Deus! Aquilo acabou comigo em tantos níveis diferentes! Você estava ali, e me queria. Tinha finalmente me escolhido. Mas eu não podia ir, porque carregava um filho de outro. Eram dois sonhos que se confrontavam.







<Notas da Autora>

Eita!

O capítulo ficou mais curto do que eu previa, porque tive alguns problemas pessoais, e realmente não to no auge da inspiração. Mas de jeito nenhum deixaria vocês na mão.

Bom começo de semana a todas! 💛

One Step Closer (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora