You Did Your Best, And More.

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 Após ouvir aquela voz que não sabia identificar o que de fato era, uma voz sem som que aparentava ser apenas um pensamento atordoante, mesmo que pudesse sentir que era uma voz grave, rouca, distorcida e assustadora falando aos seus ouvidos, a Kim tinha um dos olhos fechados e a mão ainda em sua nuca.

Cambaleante, se dirigiu até ambas as amigas. Estava amanhecendo, mas a lua ainda estava aparente no céu. A luz mais forte proveniente do alvorecer do dia indicava que não restava muito tempo para que pudesse fazer o que queria. Ajoelhou-se entre as duas, fechou os olhos e concentrou-se, utilizando suas últimas forças provenientes da lua e aproveitando-se da dobra de sangue.

Tocou a mão de cada uma das garotas e permitiu-se tentar relaxar um pouco os ombros. Conseguia sentir o coração de Jessica pulsar mais normalmente que o de Yuri, que estava fraco e bombeava pouquíssimo sangue para o resto de seu corpo. Merda! Se agachou ao lado da garota, colocando uma mão um pouco abaixo do pescoço desta, logo colocando a outra abaixo da curvatura de seus joelhos.

Sabia que se utilizasse sua dobra para mover as duas garotas ao mesmo tempo, não conseguiria curar a si mesma para que pudesse continuar as mantendo vivas. Estava chegando no seu limite e precisava se regenerar primeiro para continuar exercendo sua dobra, o que exigia que naquele momento se utilizasse apenas e unicamente do seu esforço físico, que já não estava lá em seu perfeito estado.

Ergueu o corpo com dificuldade e, em passos pesados e doloridos, adentrou a casa que estava danificada em muitas partes de sua fachada. Com cuidado, deitou a Kwon sobre o chão e foi rapidamente ao encontro de Jessica, fazendo o mesmo processo. Tendo as duas já dentro de um ambiente menos caótico, se dirigiu depressa à cozinha e abriu a torneira da pia, lavando as mãos e fazendo com que a água se direcionasse aos seus piores ferimentos.

Não podia se demorar naquilo e nem se recuperar por completo, precisava tentar salvar a vida de suas companheiras antes de qualquer coisa. Quando o cansaço se dissipou minimamente e se deu conta de que a maioria dos ferimentos não a incomodavam tanto quanto antes, buscou por qualquer recipiente grande e largo para que pudesse levar a água de encontro à dupla terra-fogo.

Próximo às duas garotas desacordadas, deixou a bacia que havia adquirido com água e uma outra, menor para que pudesse espremer a água suja dos panos que utilizaria e também para deixá-los por ali, longe dos panos limpos. Correu para um dos quartos, pegando o máximo de panos e toalhas que conseguiu. Retornou para perto das garotas e fez com que parte da água envolvesse todo o corpo da Jung e tomasse um ritmo calmo e contínuo. Já com a outra parte, molhou alguns panos para, primeiramente, limpar todos os ferimentos da Kwon.

Havia muito sangue e precisava ter bastante cuidado, afinal, a garota havia sido atingida diversas vezes por explosões, sabia que o corpo dela não estava apenas com cortes profundos e com queimaduras graves. Sabia que seus ossos estavam quase todos comprometidos. Precisava visualizar tudo com muita atenção para que não a machucasse mais.

Seria um processo longo e muitíssimo delicado.

Estava exausta não só fisicamente, mas também mentalmente. Tudo aquilo era tão difícil de digerir. Antes de deixarem o laboratório, sabia do risco que corriam de encontrar novos dobradores, de morrer, de perder companheiras e todas as muitas possibilidades de acontecimentos ruins. Sabia de tudo isso, mas pensar sobre e estar nesse momento eram sensações completamente diferentes.

Lembrava bem do dia que havia tentado fugir do laboratório junto das outras no início de tudo, pouco tempo depois de começar a desenvolver melhor sua dobra, lembrava de como se sentiu quando sufocou um dos guardas com sua pequena bolha d'água. Lembrava que Wendy precisou trabalhar muito aquele momento delicado de sua vida para que não se culpasse tanto.

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