Estar naquela sala com aquelas pessoas era demais para a cabeça de Jessica. Ao mesmo tempo que ela pedia muito por mais informações completas, menos ela queria saber de fato o que estava fazendo ali. E o porquê daquilo tudo, só deixava a castanha cada vez mais nervosa e levemente irritadiça. Olhou mais uma vez para cada menina ali e parou seu olhar na menina com expressões cansadas e perdidas. Fez um bico pensativo e mediu a menina, logo desviando seu olhar quando a mesma a encarou.
Ela ouvia Irene falar, mas também podia ouvir seu coração se acelerar a cada palavra dita pela mulher. Ela sabia que seu lugar não era ali, sabia que não tinha feito nada de errado com ninguém, e também sabia que não era um monstro. Ela estava se sentindo presa em um filme de suspense, no qual ela não conseguia sair, nem se quisesse.
– Você entendeu errado, Yuri. Mantenha a calma. – Irene disse pacífica. – Não somos nós que ameaçamos as vidas de seus familiares e amigos. São vocês mesmas.
Ao ouvir aquelas palavras deploráveis vindas da elegante mulher, Jessica sentiu como se fosse capaz de parar um carro apenas com o olhar. Ela sentia seu corpo inteiro se esquentar por conta da tensão que seus ombros começavam a desenvolver e isso resultou em uma súbita mudança de temperatura na pequena sala. A única coisa que conseguiu fazer ao ouvir aquelas palavras, foi rir.
Sua risada saíra em um tom de desespero. Como assim a castanha poderia pôr a vida de seus pais em perigo? Ela não conseguia fazer mal nem mesmo para uma única formiga sequer. Era desgastante ter que ouvir todas aquelas coisas que não faziam o menor sentido; Mas ao ver das outras mulheres, aquelas palavras que saíam da boca de Irene, faziam o maior sentido e aquilo a deixava ainda mais intrigada.
– Está querendo dizer que nós somos o problema, então? – Jessica disse sentindo seu nariz arder com a imensa vontade de chorar.
Guardava seu choro em seu peito, junto de sua angústia de ainda estar ali esperando por respostas coerentes com a realidade. Não era justo estar ouvindo aquelas coisas de uma mulher que mal a conhecia. Ela não tinha o direito de fazer aquilo consigo, pois sabia que era uma pessoa boa e nunca machucaria ninguém. Irene pareceu ficar um pouco relutante com a pergunta agressiva da menina.
– Não é bem nesse sentido que eu quis dizer, minha pequena. – Ela disse tomando uma breve respiração profunda. – Vamos nos acomodar devidamente, sim?
Ela disse aquele último fato olhando nos olhos daquela menina, Kim Taeyeon. Era fato que Jessica nunca havia se dado bem com ninguém além de sua própria família. Ela nunca fora uma menina da qual as pessoas gostavam de se aproximar livremente, talvez por todos de sua escola saberem de sua irmã falecida e da história de como seus pais a incentivaram em tudo. Jessica não gostava de se aproximar de ninguém, pois tinha medo de ser menosprezada por coisas que ela não tinha culpa.
A maioria das pessoas que um dia se aproximaram da garota, tiveram suas verdadeiras faces expostas pelos pais da menina, uma vez que a mãe de Jessica teve de comparecer na escola pois uma colega de sala de sua filha, senhorita Amber Liu, estava roubando seus pertences na hora da recreação dos alunos. Jessica nunca mais conseguiu se aproximar de quaisquer pessoas depois daquele acontecimento. Sentia que estava ali apenas para ser usada.
A castanha sabia que a maioria dos alunos de sua escola só gostavam de sua presença por causa da conta bancária alta de seus pais, e isso a deixava triste. Ela não poderia ter sido criada melhor pelos pais, afinal, tudo que queria e pedia para os mesmos ela recebia de imediato por eles. Se sentia, às vezes, como uma princesa em um grande castelo somente seu.
Mas nada é totalmente perfeito, visto que aprendera desde nova a nunca acreditar verdadeiramente nas pessoas ao seu redor. Amber foi a primeira e única a se aproveitar de seu dinheiro, e aquilo fora um dos maiores traumas de Jessica. Acreditar que poderia ter ao menos uma única amiga que não se importava com seus bens materiais, mas sim com a pessoa que Jessica Jung era, fora seu pior e mais grave erro. Daquele dia em diante, usava de sua implicância para manter distância das outras pessoas, como uma defesa pessoal.
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Wild World
FanfictionEm um mundo onde muitas pessoas acreditavam que o sobrenatural era somente baboseira de filmes que passam aos televisores de suas casas, os quais não passavam de mera ficção, quatro garotas de dezoito anos descobrem que o mundo em que elas viviam nã...