As duas dobradoras se sentiam mais descansadas após uma longa noite de sono. Não que estivessem totalmente recuperadas de todos os eventos vividos dentro daquele lugar hostil, porém, o corpo de ambas já respondiam mais rapidamente aos seus comandos. Ainda não podiam realizar suas dobras, pois ainda estavam sob o efeito constante das medicações inibidoras - e também estavam longe de seus elementos -, mas pensavam que em alguma hora aquilo melhoraria.
Teria que melhorar, para que pudessem sair dali.
SeulGi ainda tinha o rosto um pouco inchado por conta dos golpes, mas, já se sentia um pouco mais revigorada. Seus músculos ainda doíam, mas não era como antes, assim como seu abdômen e seus ossos. A única dor que sentia, era causada pela preocupação e a saudade de casa, que sempre a assombrava como fantasmas insistentes.
Nem ao menos conseguia imaginar o que se passava na cabeça de sua noiva, após a perda dos sensores de bpm de ambas as dobradoras. Não queria imaginar o pior, mas era apenas aquilo que se passava em sua cabeça. Queria que tivesse direito a uma ligação para a casa, assim como nos filmes que envolviam a situação de restrição, como estava passando. Mas era óbvio que nunca teria esse direito, nem se estivesse beirando a morte.
E ainda tinha a situação das mais novas, que passaram por uma luta - provavelmente - conturbada demais com os responsáveis pela sua situação atual e sua estadia naquele lugar tenebroso. Mortes, pensou. Por que Tiffany não está lá? sua mente divagou novamente. Não queria carregar o fardo de ser a responsável por uma morte indesejada, pois sabia que aquilo tudo era unicamente por sua causa.
Se ao menos tivesse pensado um pouco mais sobre sua missão, talvez tivesse amadurecido mais a ideia da construção dos protocolos desta. Sabia que não podia culpar-se tanto por essas coisas, mas era inevitável e quase impossível não pensar. Talvez, a vida de ambições não servisse para si, apenas por notar que sempre que deixava esse seu lado mais evidente, sempre aconteciam coisas terríveis.
Queria que nada daquilo estivesse acontecendo consigo, uma vez que colocou em risco não só a si mesma, mas também uma de suas melhores amigas, Yeri. Devia ter enfrentado tudo isso sozinha, assim Irene não estaria correndo grande perigo, estando segura com uma dobradora ao seu lado. Porém, falhou miseravelmente, como sempre.
Sua conversa com a dobradora do trovão a deixou um pouco perturbada. Não entendia os verdadeiros propósitos da mulher, e isso era bastante preocupante. O pouco que entendia sobre aquela maldita Ordem, era que eles tinham muitas influências. Poderiam achar o laboratório em um piscar de olhos, e isso a deixava ainda mais tensa quanto à segurança de sua noiva.
Não conseguiu confiar na mãe da Bae, mesmo sabendo que o parafuso metálico tinha sido dado pela mesma. Era uma situação um pouco enigmática, não sabia ao certo o propósito daquilo e nem sabia se a mulher a entregaria para a Ordem, por conta do objeto que carregava. Mas uma coisa tinha certeza: não podia ter muitas esperanças.
Pensando um pouco melhor junto da dobradora de madeira, chegaram a conclusão que a fuga deveria ser adiada. Estavam em uma desvantagem numérica gritante, não podiam ser precipitadas e agir pela emoção. Tinham que usar a estratégia, mesmo não tendo muito costume de bolar planos infalíveis. A única coisa que podiam fazer naquele momento era esperar.
E esperar um pouco mais. Cada vez mais.
Desejava que a espera não fosse longa, mas cada segundo dentro daquele hospício, era como uma eternidade dentro do grande rio de enxofre do inferno. Preferia mil vezes passar horas estudando sobre os Cosmos, dentro de um quarto de cores sem graça e com a ausência de música, do que ficar ali, sendo castigada constantemente com perguntas sem cabimento e punições desnecessárias.
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Wild World
FanfictionEm um mundo onde muitas pessoas acreditavam que o sobrenatural era somente baboseira de filmes que passam aos televisores de suas casas, os quais não passavam de mera ficção, quatro garotas de dezoito anos descobrem que o mundo em que elas viviam nã...