Twenty Four Hours to the End of the World.

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SeoHyun tentava se recompor daquele momento amedrontador. Agora que entendia quem era e sua utilidade ali, compreendia o receio das outras meninas para consigo. Elas haviam confundido os papéis, e sabia que não era culpa delas. Assim como muitos anos atrás, os dobradores principais também tomaram decisões precipitadas, pois estavam cegos. A Escuridão havia feito isso, e não seria a última vez que faria.

    Ergueu-se com dificuldade, pois sentia muita dor em seu abdômen. Irene era forte, e não tinha dúvidas disso. Ela estava sendo controlada por aquela entidade maligna, da mesma forma que o Espírito havia escolhido a si mesma como protetora do equilíbrio. Tudo aquilo fazia parte da profecia centenária, e não tinha escapatória para o final.

    Uma das duas teria que morrer.

    Quando se ergueu, tossiu algumas vezes e respirou fundo. Olhou para o campo de treinamento e percebeu que as meninas haviam praticamente assistido aquilo de camarote, mas não esquentou-se com aquilo. Era bom que tivesse acontecido daquela forma, pois assim, elas acreditariam em si e tudo seria mais fácil de explicar. Precisava apenas libertá-las, e tentar manter a calma por ali. E isso seria mais fácil, uma vez que Irene já estava distante dali.

    Com o andar trôpego, voltou até o campo e olhou para a Kim, que tinha lágrimas escorrendo por seu rosto. Ali, SeoHyun pesou a expressão.

Era notável que Irene era uma mulher muito especial para todas ali, e nunca havia duvidado daquilo. Todas falavam da mulher com muito carinho, e pareciam defendê-la com garras e dentes. Agora que compreendia toda a situação, sabia que o desconforto e a desconfiança que sentia pela mulher era resultante da Escuridão dentro de si, não pelo caráter da mulher. Irene realmente devia ser uma excelente pessoa, mas naquele momento, era a razão das lágrimas magoadas de Taeyeon.

Com um movimento de mãos fraco, a novata conseguiu derreter o gelo que impedia seus movimentos. Com cuidado, SeoHyun desceu a menina e a fez pisar com segurança no chão, ainda de coração pesado pelas lágrimas insistentes da jovem Kim. Apoiou-se nos joelhos, ainda sentindo muita dor pelo impacto do golpe de Irene e decidiu controlar a respiração, trazendo um pouco de água para si mesma, a fim de se curar minimamente com aquilo.

– O-O que... – Taeyeon tentou, mas não conseguiu.

– Taeyeon, por favor... – SeoHyun disse, fraca. – Vamos ajudar as outras primeiro, depois falamos sobre isso, tudo bem?

    Taeyeon apenas assentiu e em silêncio se encaminhou até Jessica. Se sentia culpada por ter dado espaço para a discussão, deveria ter evitado, não gostava de brigar com a dobradora de fogo por bobagens, ainda mais sendo por coisas que já haviam sido resolvidas. Não sabia o que havia dado em sua cabeça, apenas comentou algo e quando deu por si, estava presa por gelo.

    Quando se livrou das amarras de pedra de Jessica, fazendo com que a água transformasse aquilo em lama, a dobradora de fogo apenas sentou e evidenciou suas lágrimas. A dobradora de fogo não sabia o que fazer, nem mesmo o que falar. Não queria que aquilo fosse verdade, mas sua audição estava ótima.

    Irene era sua maior inspiração, uma das mulheres que realmente tomou como uma fonte de esperanças. Vê-la daquela forma, falando aquelas coisas e demonstrando o quanto era insignificante a presença das outras, fora devastador. Pensava que a Ordem seria o maior de seus problemas, o motivo de tantos eventos traumáticos em sua vida, mas agora, já não tinha mais tanta certeza.

    Taeyeon apenas tocou a mão da Jung, relutante. Jessica estava tão trêmula e nervosa com tudo que aconteceu que ela pôde ouvir a onomatopéia conhecida pelas duas: tsssss. Naquele momento, tinha caído a ficha do que realmente tinha acontecido, da discussão, da briga e das palavras que havia expelido contra a dobradora de água, sem a menor das necessidades.

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