I - NAYA

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O João Emanuel havia me pedido para cuidar do irmão dele. Detalhe, um irmão que eu nunca conheci. Ele mesmo convivia muito pouco com esse irmão que é mais velho que ele.

Ele me chantageou dizendo que eu nunca fazia nada por nós. Eu só não sabia o que isso tinha a ver com nós dois. Ele argumentou que, cuidando do irmão dele, ele não teria motivos para interromper o mestrado e assim, terminar logo e voltar para casa. Só porque sou apaixonada por ele e sou uma boa pessoa. Estava agora arrumando a nossa casa para recebê-lo, ontem eu havia ido ao hospital para conhecê-lo e saber um pouco do estado dele.

Ele não se parece em quase nada com o João Emanuel, o João é filho do segundo casamento do pai dele. A mãe do irmão dele, o Heitor, faleceu logo depois do parto e cinco anos depois, o pai deles se casou com a Adriana, a mãe do João.

O pai deles estava doente também e não poderia cuidar do filho e a Adriana é aquele tipo de mulher insuportável que não percebe que o filho do primeiro casamento tem os mesmos direitos que o filho dela.

O João viajou ontem mesmo e hoje eu buscaria o irmão dele no hospital. Eu mesma já tinha resolvido tudo, eu tinha a impressão que o meu noivo não se importava tanto assim com o irmão. Ele voltaria apenas em dois meses, queria que ele pudesse perceber que essa responsabilidade é dele, mas tudo bem, estou com ele e vou ajudar.

Arrumei o quarto que o Heitor ficará, é perto do meu. O caso dele é um pouco delicado, ele teve uma lesão na coluna e teve que fazer uma cirurgia, agora ele tem que fazer fisioterapia para que com sorte o caso se reverta, torço por ele e o que eu puder fazer para ajudá-lo a passar por isso, eu farei.

Dei uma última olhada pra conferir se tudo realmente estava pronto e fui tomar um banho. Depois passei pela cozinha e pedi que tudo estivesse pronto para quando eu chegasse com o Heitor.

No caminho para o hospital pensei em comprar alguma coisa pra ele, mas não sabia o quê. Eu conhecia ele há apenas um dia, pensei em levar flores, mas não sei se ele gostaria tanto assim. Comprei chocolate, espero que ele goste. Bati na porta do quarto dele e logo entrei, o Heitor estava sentado na cama. Dei o meu sorriso mais sincero pra ele, e era de verdade, eu estava feliz por vê-lo tentando se recuperar.

— Bom dia, Heitor. — eu disse.

— Bom dia.

— Como você se sente hoje?

Eu queria saber para poder ajudá-lo.

— Bem. Eu quero te pedir que me leve pra casa, eu não quero dar trabalho.

Dei um passo a frente e terminei de fechar a porta me aproximando da cama dele.

— Heitor, você não vai dar nenhum trabalho. — e era verdade.

— Não, isso não é justo com você. Eu posso cuidar de mim mesmo.

— Respeito à forma que você pensa, mas eu vou cuidar de você. Heitor, você é irmão do meu noivo, eu vou te ajudar.

— Não sou uma obrigação, Naya. Eu prefiro ir para minha casa se você não se importar em me levar.

— Heitor, eu sou uma amiga pra você contar. A gente pode ter se conhecido ontem, mas não importa. Eu quero te ajudar.

— Obrigado, eu posso me virar. Acho melhor eu pegar um táxi.

Ele parecia ferido por ter que depender dos outros. O Heitor não conhecia a mulher que eu sou.

— Eu te levo pra casa, Heitor.

Ele parecia aliviado.

O médico entrou no quarto para dar alta a ele e conversou um pouco com a gente.

SE ALIANDO AO AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora