— Naya, acorda!
A Júlia mexeu os dedos na minha frente.
— Onde anda essa sua cabeça, garota?
— Estou trabalhando. Coisa que você também deveria estar fazendo.
— Encontrei o João Emanuel ali quando eu chegava e ele parecia tão triste. Até conversei um pouco com ele. Temos que ter empatia pelo próximo, não é irmã?
Sei lá, isso era no mínimo estranho.
— Como assim? Você nunca o suportou.
Muito estranho essa pena por ele.
— E nunca gostei mesmo. Sempre desconfiei dele com você. Nunca vi esse canalha como um homem de valor pra está com uma mulher como você. Mas hoje senti pena.
A minha intuição dizia que já vi esse filme e não era legal nem o começo e muito menos o fim. A história começava desse jeito. Quando a gente menos percebe já roubaram uma parte do nosso coração.
— Não caia nessa. Vai por mim.
Ela entendeu muito bem o que eu quis dizer.
— O que? Não. Credo. Jamais.
Fez cara de nojo.
— Eu sei o poder que esses irmãos tem. Não caia nessa do coitadinho. O João Emanuel não é nenhum pouquinho digno de pena. Guarda a sua pena a quem merece.
Peguei o meu celular e fui rever as minhas anotações sobre a decoração.
— Naya, você não está pensando mal de mim, não é?!
A Júlia caminhava atrás de mim.
— Não quero que você sofra. Porque já vi essa história e era eu ali com o Heitor. Veja o quanto me ferrei e não erre também.
— Meu Deus. Para. Que paranóica. Você agora vai implicar só porque conversei com ele? Posso não gostar dele, mas nada impede que possa ajudá-lo com uma boa conversa. Para de ver coisas onde não existe. E é o João Emanuel e eu o odeio.
Vi o quanto estava irritada. Queria eu estar errada.
— Que seja. É a sua vida, mas está avisada.
— Não aceito esse tipo de desconfiança.
— Fica tranquila.
Continuei fazendo o meu trabalho e a Júlia tinha no rosto a expressão amarga ainda sobre a conversa de mais cedo.
Precisei falar com o Daren e me disseram que ele poderia estar na sala do Heitor.
Não queria ir até lá, eu evitava o Heitor, já bastava ter que olhar pra cara dele em casa, nos outros lugares eu podia ignorar.
A assistente dele não estava na mesa dela. A porta da sala dele estava entreaberta. Cheguei mais perto e vi uma mulher sentada na mesa dele.
O Heitor estava sentado na poltrona. Os dois estavam bem próximos.
— Tive que voltar e te ver. O que a gente teve não acaba assim.
Canalha!
— Cinthia, o que tivemos nunca foi uma relação. Você sabe disso.
— E daí, Heitor? Isso não significa que a gente não pode continuar de onde parou. — ela riu insuportavelmente.
— Estou casado.
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SE ALIANDO AO AMOR
RomanceAs vezes o amor é o suficiente... Outras não. Naya e Heitor se conhecem no momento mais difícil da vida dele. Um coração amargurado pela vida pode ser impenetrável para o amor.