XVIII - Naya

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— Naya, acorda!

A Júlia mexeu os dedos na minha frente.

— Onde anda essa sua cabeça, garota?

— Estou trabalhando. Coisa que você também deveria estar fazendo.

— Encontrei o João Emanuel ali quando eu chegava e ele parecia tão triste. Até conversei um pouco com ele. Temos que ter empatia pelo próximo, não é irmã?

Sei lá, isso era no mínimo estranho.

— Como assim? Você nunca o suportou.

Muito estranho essa pena por ele.

— E nunca gostei mesmo. Sempre desconfiei dele com você. Nunca vi esse canalha como um homem de valor pra está com uma mulher como você. Mas hoje senti pena.

A minha intuição dizia que já vi esse filme e não era legal nem o começo e muito menos o fim. A história começava desse jeito. Quando a gente menos percebe já roubaram uma parte do nosso coração.

— Não caia nessa. Vai por mim.

Ela entendeu muito bem o que eu quis dizer.

— O que? Não. Credo. Jamais.

Fez cara de nojo.

— Eu sei o poder que esses irmãos tem. Não caia nessa do coitadinho. O João Emanuel não é nenhum pouquinho digno de pena. Guarda a sua pena a quem merece.

Peguei o meu celular e fui rever as minhas anotações sobre a decoração.

— Naya, você não está pensando mal de mim, não é?!

A Júlia caminhava atrás de mim.

— Não quero que você sofra. Porque já vi essa história e era eu ali com o Heitor. Veja o quanto me ferrei e não erre também.

— Meu Deus. Para. Que paranóica. Você agora vai implicar só porque conversei com ele? Posso não gostar dele, mas nada impede que possa ajudá-lo com uma boa conversa. Para de ver coisas onde não existe. E é o João Emanuel e eu o odeio.

Vi o quanto estava irritada. Queria eu estar errada.

— Que seja. É a sua vida, mas está avisada.

— Não aceito esse tipo de desconfiança.

— Fica tranquila.

Continuei fazendo o meu trabalho e a Júlia tinha no rosto a expressão amarga ainda sobre a conversa de mais cedo.

Precisei falar com o Daren e me disseram que ele poderia estar na sala do Heitor.

Não queria ir até lá, eu evitava o Heitor, já bastava ter que olhar pra cara dele em casa, nos outros lugares eu podia ignorar.

A assistente dele não estava na mesa dela. A porta da sala dele estava entreaberta. Cheguei mais perto e vi uma mulher sentada na mesa dele.

O Heitor estava sentado na poltrona. Os dois estavam bem próximos.

— Tive que voltar e te ver. O que a gente teve não acaba assim.

Canalha!

— Cinthia, o que tivemos nunca foi uma relação. Você sabe disso.

— E daí, Heitor? Isso não significa que a gente não pode continuar de onde parou. — ela riu insuportavelmente.

— Estou casado.

SE ALIANDO AO AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora