VI - NAYA

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— Naya, vá para o meu quarto.

Passei pelo Heitor e fiquei no corredor. Ouvi a voz dele.

— Você sempre usa da sua força para obrigar a Naya a fazer alguma coisa? Eu quero matar você, só por você pensar em obrigá-la a transar com você.

— Ficou louco? Eu nunca a obriguei a nada. Não se meta na minha relação com a minha mulher.

— Sua? Eu ouvi muito bem ela dizendo que o que vocês dois tinham acabou.

— Conversa, Heitor. Somos noivos há quatro anos, essa raiva vai passar e ela vai voltar pra mim.

— Some daqui, moleque.

— O deficiente agora acha que pode contra mim? Se liga, Heitor. Eu acabo com você. — o João Emanuel parecia outra pessoa.

— E eu? — era a voz do Elder.

— Quer brigar comigo? Porque eu estou doido pra quebrar essa sua cara.

— Segurança, maninho? Estou saindo, mas eu volto.

— Volta que eu mato você. Se eu souber que você andou tentando encontrá-la, você vai me conhecer, maninho.

— O que rolando? dormindo com ela? — a risada do João era ridícula — Não acredito. Eu fiquei estudando e ela só tinha que cuidar de você, não deixar você comer ela.

Coloquei as mãos na cabeça, tudo que ele falava me incomodava muito. Não queria ouvir nada disso.

O João falava de mim com raiva, era tão baixo como ele se referia a mim. Depois veio o silêncio que só confirmou tudo.

— Essa vagabunda está me traindo com você? Inferno! Fala de uma vez? Você está dormindo com a minha mulher? — era uma gritaria dentro do quarto, o João ficou descontrolado e escutei algumas coisas sendo quebradas.

— Ela não é vagabunda. Não é o tipo de mulher que você pega, igual a você. Com o caráter parecido com o seu. Acha que eu nunca te vi nas festas sozinho, beijando outras? Como você tem coragem de trair a Naya?

Descobrir as traições foi um choque, mas foi pior ainda ouvir pelo Heitor. Todo mundo deveria saber... Menos eu, a traída, claro.

Ele sempre me traiu e pagava de moralista. Estou com nojo do João.

— Qual homem não trai? Você não é santo. Prova disso, é que ficando com a minha noiva. Vagabunda, mas é a minha noiva.

— Sai daqui, e pode esperar porque a Naya vai te denunciar.

— Vou embora.

Entrei para o quarto do Heitor tentando entender essa confusão.

— Por que você nunca me contou que ele me traia? Você só queria brincar comigo também Heitor?

Eu chorei.

— Não me compare com aquele moleque do João Emanuel. Nunca te falei porque só te conheci há pouco tempo. Eu sempre soube que ele tinha uma noiva, mas nunca tinha visto. E outra, não cabia a mim te falar isso. Não me cobre, Naya. Todos deveriam saber, a Adriana inclusive. Aquela lá vive passando a mão na cabeça daquele imbecil. Ah, e o meu querido papai também com certeza.

Enxuguei as lágrimas e deitei ali mesmo na cama do Heitor. Só queria esquecer o que o João tentaria fazer comigo, ele parecia outro homem. E eu não gostei desse homem que ele havia se transformado. Saber das traições também não amenizaram nada. Me sentia péssima. Não por ter ficado com o Heitor, mas por ter fechado os olhos tanto tempo para o João Emanuel e me permitido perder tantos anos da minha vida nessa relação falida.

SE ALIANDO AO AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora