Logo cedo fomos para a casa do meu pai, a Helô queria ver a avó e o João Emanuel chegaria mais tarde. A Adriana ainda parecia abatida, mas se recuperava bem, perguntei pela menina que estava aqui quando ela passou mal, a criança deve ter ficado muito assustada, ela disse que estava bem e logo mudou de assunto.
Às onze da manhã o meu irmão chegou com a família. Ele também estava diferente, aliás, ao longo dos anos todos nós mudamos muito e foi para melhor.
— Vovô, a Lorena não vai vir?
A Camilla, filha mais velha do João Emanuel perguntou ao meu pai.
— Não, ela não pode vir, mas mandou muitos beijos pra vocês.
Era estranho, parecia que essa menina fazia parte da nossa família e todos conviviam com ela, menos eu.
— Vem cá, a Lorena vem muito aqui? Porque vocês falam dela como se fosse da família?
— Tio, a Lorena vem muito aqui. Eu conheço a Lorena desde sempre.
O Augusto sorriu despreocupadamente. Era o segundo filho do João Emanuel.
Algo acontecia nessa casa e somente eu não sabia.
— Qual é o nome da mãe dela? — repeti a pergunta de dias atrás.
— É a tia...
— Camilla, come logo.
A Beth pediu. Fiquei mais intrigado ainda.
Depois do almoço chamei o João Emanuel para uma conversa.
— O quê que acontece com vocês? Parece que me escondem alguma coisa.
Ele não respondeu.
— Não gosto disso e nunca concordei com essa mentira.
Meu coração apertou.
— Qual mentira?
— Ela ficou grávida.
— Ela quem?
Ele ia saindo sem me contar tudo.
— Me fala o que é, João Emanuel?
— A Lorena é filha da Naya... Com você.
As minhas pernas falharam. Chorei por nunca saber da minha filha. Todos sabiam e nunca me contaram.
— Filho?
Levantei a cabeça e olhei o meu pai.
— Por que nunca me contou?
Ele olhou para o João Emanuel e o meu irmão balançou a cabeça confirmando.
— Não te contar foi à condição que a Naya impôs para vermos a nossa neta.
— Todos vocês sabiam e convivem com a minha filha, só eu o único idiota que nunca soube.
— Quero saber agora onde a minha filha mora?
— Heitor, as coisas não são assim. Quando a Naya souber...
— Pouco me importa a Naya. — gritei — Eu quero ver a minha filha. Pai, se o senhor não me contar, eu sairei de porta em porta, coloco até a polícia. Ela nunca podia ter escondido a minha filha de mim.
— Você a machucou muito. A Naya não queria você por perto.
— O que a minha filha tem a ver com a nossa briga? Nada. Eu fui um idiota com a Naya, a usei pra machucar o meu irmão, mas não se esconde um filho.
VOCÊ ESTÁ LENDO
SE ALIANDO AO AMOR
RomanceAs vezes o amor é o suficiente... Outras não. Naya e Heitor se conhecem no momento mais difícil da vida dele. Um coração amargurado pela vida pode ser impenetrável para o amor.