XI - HEITOR

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Logo cedo fomos para a casa do meu pai, a Helô queria ver a avó e o João Emanuel chegaria mais tarde. A Adriana ainda parecia abatida, mas se recuperava bem, perguntei pela menina que estava aqui quando ela passou mal, a criança deve ter ficado muito assustada, ela disse que estava bem e logo mudou de assunto.

Às onze da manhã o meu irmão chegou com a família. Ele também estava diferente, aliás, ao longo dos anos todos nós mudamos muito e foi para melhor.

— Vovô, a Lorena não vai vir?

A Camilla, filha mais velha do João Emanuel perguntou ao meu pai.

— Não, ela não pode vir, mas mandou muitos beijos pra vocês.

Era estranho, parecia que essa menina fazia parte da nossa família e todos conviviam com ela, menos eu.

— Vem cá, a Lorena vem muito aqui? Porque vocês falam dela como se fosse da família?

— Tio, a Lorena vem muito aqui. Eu conheço a Lorena desde sempre.

O Augusto sorriu despreocupadamente. Era o segundo filho do João Emanuel.

Algo acontecia nessa casa e somente eu não sabia.

— Qual é o nome da mãe dela? — repeti a pergunta de dias atrás.

— É a tia...

— Camilla, come logo.

A Beth pediu. Fiquei mais intrigado ainda.

Depois do almoço chamei o João Emanuel para uma conversa.

— O quê que acontece com vocês? Parece que me escondem alguma coisa.

Ele não respondeu.

— Não gosto disso e nunca concordei com essa mentira.

Meu coração apertou.

— Qual mentira?

— Ela ficou grávida.

— Ela quem?

Ele ia saindo sem me contar tudo.

— Me fala o que é, João Emanuel?

— A Lorena é filha da Naya... Com você.

As minhas pernas falharam. Chorei por nunca saber da minha filha. Todos sabiam e nunca me contaram.

— Filho?

Levantei a cabeça e olhei o meu pai.

— Por que nunca me contou?

Ele olhou para o João Emanuel e o meu irmão balançou a cabeça confirmando.

— Não te contar foi à condição que a Naya impôs para vermos a nossa neta.

— Todos vocês sabiam e convivem com a minha filha, só eu o único idiota que nunca soube.

— Quero saber agora onde a minha filha mora?

— Heitor, as coisas não são assim. Quando a Naya souber...

— Pouco me importa a Naya. — gritei — Eu quero ver a minha filha. Pai, se o senhor não me contar, eu sairei de porta em porta, coloco até a polícia. Ela nunca podia ter escondido a minha filha de mim.

— Você a machucou muito. A Naya não queria você por perto.

— O que a minha filha tem a ver com a nossa briga? Nada. Eu fui um idiota com a Naya, a usei pra machucar o meu irmão, mas não se esconde um filho.

SE ALIANDO AO AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora