XV - Naya

354 60 13
                                    




Odiava o sorrisinho do Heitor. Esse homem tinha algum problema, se achava o gostoso. Não se enxerga.

AFFF.

Que ódio.

— Resmungando sozinha, Naya?

— E estava bem melhor que agora com você aqui.

— Quase partiu o meu coração.

O Heitor fez uma cara triste.

— Esse é o meu plano.

Continuei me arrumando tranquilamente. Outra coisa insuportável era esse maldito quarto junto com esse brucutu.

— Ainda me livro de você. — resmunguei baixo outra vez.

— Também sou louco por você, querida.

Ele adorava essas gracinhas pra me tirar do eixo.

Só avisei que sairia pra trabalhar. Pelo menos em cuidar das nossas filhas o Heitor faz bem o papel de pai.

Sempre trabalhava tranquila porque sei que cuidaria com a vida dele.

Ele olhou mais que o normal pra mim.

— O que é? Estou horrorosa por acaso? Perdeu alguma coisa aqui?

Passava um batom vermelho e notava seus olhos em mim.

— Não. Você sabe que não é isso. Você está bem demais pra trabalhar.

— O que seria isso? Tenho que ir feia e assustar os clientes?

Eu sou decoradora. Ter bom gosto em minha imagem é o primeiro passo pra vender o meu trabalho.

— Você entendeu.

— Não entendi e nem tenho tempo pra isso.

Tomei café da manhã com as crianças e me despedi delas.

— Se cuidem e boa aula. — abracei cada uma bem apertado. A Helô é um amor de criança, o meu coração de mãe babona se derrete.

O Heitor as levou a escola e ainda passei pra buscar a Júlia.

Nós temos esse negócio de decoração e tudo vai bem. Foi um tempo longo até a gente se firmar, mas tudo deu certo.

— Uau!

— Até você, Julia?

— Mas é. Você está maravilhosa. O Andrei vai adorar.

— Não me arrumei pra ele. Ele não tem que gostar de mim, tem que gostar do meu trabalho. Não estou vendendo o meu corpo, estou vendendo os meus serviços de decoradora.

— Nossa. Eu entendi. Mas ele ainda vai reparar. Ele é caidinho por você.

— Ele nunca foi desrespeitoso ou fez nenhuma investida. Para de criar história na sua cabeça.

— Não está mais aqui quem falou.

— Acho bom.

A Julia é a minha irmã, eu a amo, mas as vezes ela enche a minha paciência.

A manhã passou rápido e logo fui encontrar o Andrei num restaurante. Ele pediu para almoçar comigo porque esse era o único horário que ele poderia.

Eu nunca vi ninguém mais louco por trabalho que ele.

— Naya. Que bom vê-la. — beijou a minha mão.

SE ALIANDO AO AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora