XIV - Heitor

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— Não tem graça.

— Claro que tem. — o Elder ria — Não consigo acreditar que ela te seguiu.

— Essa mulher não existe.

Agora até comecei a sorrir, mas ontem não teve graça alguma. A Naya somente se materializou ao meu lado no café e começou a disparar desaforos contra mim.

— Ela existe e agora é a sua esposa.

— O meu pai deu essa ideia, só que eu acho que fui longe demais.

— Você não pode se arrepender.

— Ela está uma fera, Elder.

— Mas ela vai sobreviver.

Ele ainda ria.

— Às vezes acho que ela vai me matar.

A Naya parecia sentir nada por mim. As coisas eram tão estranhas, bem longe do desejo que eu via nos olhos dela antigamente.

— Heitor... — a Naya me chamou.

— Bom dia, Naya. — o Elder falou.

— Bom dia, falso que sabia que esse era um fingido que sempre andou, mas preferiu se vender.

— Ok. Só pra deixar claro, sempre disse ao Heitor pra não mentir.

— Mas ele é inescrupuloso o suficiente para não ouvir ninguém, disso eu já sei.

— Veio aqui pra isso? Me ofender?

— Não perco o meu tempo com você. Apenas quero avisar que estou indo trabalhar, hoje é você quem busca as crianças e cuida delas até eu voltar.

Virou rebolando.

— Não gosta dela, certo?

— Não sinto nada.

— Até um segundo atrás você babava.

Desconversei porque a última coisa que eu precisava agora era analisar o que eu sentia pela Naya.

— Nós também temos que trabalhar, não é?!

Quando cheguei à empresa o João Emanuel já tinha chegado.

— O humor dele está péssimo.

O meu pai entrou na minha sala.

— O João Emanuel nunca lidou muito bem com os problemas dele.

— Acho que ele a Beth vão de mal a pior.

— Eles se acertarão, não se preocupa.

Está aí um casal que é muito parecido. O João Emanuel faz as besteiras dele e a Beth sempre perdoa. É um amor louco por ele capaz até de passar por cima de traições.

O João Emanuel mudou, mas não acredito que tenha sido tanto. O meu irmão ainda continua o mesmo namorador de sempre.

— Esperamos vocês lá em casa hoje.

— Tudo bem, só preciso falar com a Naya, hoje ela foi trabalhar.

— Podíamos chamar a Naya pra redecorar esse lugar. Está precisando.

Essa era a maneira do meu pai dizer que era pra eu ficar mais perto da Naya.

— Acho que ela inventará alguma desculpa.

— Deixa comigo. — bateu em meu ombro e saiu.

Era mais fácil cair um meteoro que a Naya aceitar ficar perto de mim.

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