XXIV - Naya

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Oi, gente. Boa leitura e se gostarem deixem o voto de vocês e o comentário também. Bj.

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Esperei por ela. Nada me doía mais do que está aqui nessa situação. Era uma sensação tão ruim dentro do peito.

No passado quando eu era noiva do João Emanuel a Júlia me dizia tantas coisas ruins. Me sentia ainda pior.

E hoje estar aqui pra falar sobre ele e ela me dói muito mais.

A Júlia podia ter fugido de mim esses dias, mas agora estou dentro da casa dela e exijo uma explicação.

— Meu Deus! Naya! — a Júlia se assustou quando entrou em casa e me viu sentada.

— Não tem explicação. Mas mesmo assim quero ouvir de você.

— Do que você está falando?

— Do seu caso.

— Como assim?

— Até o João Emanuel que é um covarde assumido e não esconde de ninguém teve mais coragem que você e nos procurou e disse tudo.

— Não era pra ser assim.

— Você me evitou, me deixou ser crucificada, todo mundo me culpando. A Beth me infernizando, atacou o Heitor e você, linda na sua vida. Como você consegue?

— Não tive coragem. A Sarah só precisava de um tempo.

— Do que você está falando? Quem é Sarah?

— Uma amiga. — continuei confusa — Ela quem tem um caso com ele. Soube quando a gente estava numa festa e eles começaram a ficar.

— E você nunca disse nada?

— Eu não podia. O João Emanuel me pediu muito e a Sarah também.

— Que lindo! — bati palma — Você foi fiel aos dois, mas teve a coragem de me trair.

— Não te traí. Eu não fico e nunca fiquei com ele. Só não quis deixar tudo pior. A Sarah estava com medo.

Tinha mais coisa nessa história, tinha alguma coisa mal explicada.

— E eu? — gritei com ela — E o Heitor que foi ferido pela Beth? E o que aquela doida podia ter feito comigo?

— Me desculpa, Naya. Pensei que estava ajudando. Nunca gostei do João Emanuel, mas ele parecia tão sofrido que baixei a guarda e acobertei o caso dos dois ficando calada.

— Você não precisava acobertar nada. Você precisava apenas ficar do meu lado.

— Sempre estive. A situação entre vocês é tão caótica, você nunca vai ser feliz tendo essa família na sua vida. O João Emanuel te humilhou e te traiu tantas vezes, o Heitor não é diferente dele. Acho que muito pior, te usou e ainda deixou um filho em sua vida.

— O nosso problema não é o João Emanuel ou o Heitor, ou o fato de eu ter sido traída e humilhada como você disse. O nosso problema é a confiança que foi quebrada e nunca mais terei em você.

— Você é uma idiota. Perdoa o João Emanuel que sempre te usou. Perdoou o Heitor depois que rastejou por ele e foi humilhada, mas fica com raiva de mim? Tem certeza?

— Você não tem dimensão da minha dor com você? Não me importa nenhum deles, a minha irmã é você.

— Não dava pra falar nada. Não naquela hora. O caso era sério e eles pediram segredo. O João Emanuel estava confuso e tive medo que fizesse uma besteira com ele mesmo.

— Pra quem não gostava dele você sentiu muita pena.

— Se sou fria você me chama de sem coração, se ajudo alguém, você reclama. Nunca nada está bom pra você.

— Você sabe que não é isso.

— Sinceramente, na hora só pensei em ajudar. Não lembrei que a minha irmã é uma louca que fica com todo homem que aparece na frente dela, inclusive os dois irmãos.

Foi mais forte que eu, mas me segurei pra não bater nela.

— Até você, Júlia?! Você estava ao meu lado ou ao menos eu achei que tivesse. Até você me julga. Não fico com todo homem que aparece em minha frente. E se ficasse não era da sua conta. Estou sozinha mesmo.

— Não foi o que eu quis dizer. Poxa, Naya. A gente nunca brigou. Não quis dizer essas coisas. Mas se você perdoou o João Emanuel eu não vi mal algum em ser amiga dele.

— Claramente você não entende nada. Não me importo com a sua amizade com ele, com a Sarah ou o diabo. Me importo com a sua falta de respeito comigo.

— Você quer jantar? Faço alguma coisa rapidinho ou pedimos. Essa conversa não vai levar a nada.

Odeio quando ela faz isso. Muda de assunto achando que os problemas se resolverão sozinhos.

— A Beth disse que quando seguiu o João Emanuel viu ele saindo daqui com uma mulher parecida comigo. Agora tudo faz sentido.

— Vou pedir o nosso jantar. Quer escolher?

A Júlia sentou tranquilamente e cruzou as pernas. Ela achou que alguma coisa desceria em minha boca agora? Nada descia. Só a raiva que estava dela, do João Emanuel e da Beth.

— Para de se fingir de sonsa. Conversa comigo direito. Não fique mudando de assunto, se você tem estômago pra comer alguma coisa, bom pra você. — gritei com ela.

Esperei que respondesse a minha pergunta.

— Recebi o João Emanuel aqui algumas vezes quando ele estava com medo da Beth ou queria apenas conversar.

— Inacreditável.

— Mas não tivemos nada. Nos beijamos apenas uma vez. Eu estava carente, ele também, a Sarah viajou e ficamos. Nós dormimos juntos. Foi só isso, apenas uma vez.

— Imagine se o odiasse como gritava sempre. Não estou surpresa. Quem muito desdenha quer comprar e ainda paga caro. Você também foi mais uma que ele ficou quando estava comigo?

Era só isso que faltava pra ser a coroação do meu chifre. A minha irmã me trair debaixo do meu teto quando eu ainda estava noiva daquele traste.

— Pelo amor de Deus para! Nunca! Sempre te respeitei. Nunca gostei dele enquanto estava com você e hoje ainda continuo sem gostar. Entenda que foi somente uma noite de carência. Nós erramos, mas a Sarah não sabe de nada. Prometemos nunca mais ficar juntos.

— Meu Deus! Você é isso aí? Estou decepcionada. Cadê aquela mulher que gritava pra mim que ele não prestava? Ah, lembrei... Foi a mesma que dormiu com o ex cunhado, deixou a irmã quase ser morta e traiu a amiga. Parabéns, Júlia, você agora é oficialmente tão safada quanto ele.

— Naya, você não está vendo o meu lado.

— Qual? Você é sem moral também, acobertava a traição dele com a sua amiga e ainda ficava com ele. Deixou a Beth desconfiar de mim.

— Nunca quis nada disso. A Sarah também já veio aqui para que se encontrassem. Eu tentei ajudar, mas não te ferir. É tão complicado.

— Não é, bastava você falar a verdade pra mim.

— Saiba separar as coisas e crescer, Naya. Não fiquei contra você, mas precisei tomar um lado e a Sarah precisava de mim.

— Saiba separar as coisas e entenda que quero distância de você.

— Naya?

— Preciso de um tempo.

Infelizmente, a Júlia mexeu com a minha confiança. Automaticamente fui para o hospital, saí de lá pra falar com a Júlia e não tinha planos de voltar, amanhã iria buscar o Heitor.

Mas quando eu vi, aliás, antes que eu pudesse perceber, lá estava eu.

— Se você voltou é porque não matou ninguém.

Ele não sorriu, mas parecia aliviado.

— Ou talvez foi o meu coração que morreu.

— Ei, que desânimo é esse? Não gosto de te ver assim.

— A Júlia preferiu o lado do João Emanuel e da amiga que o meu, a irmã.

— Estamos bem de irmãos.

O Heitor me abraçou.

— Só preciso de um tempo. Nem sei porque parei aqui, daqui a pouco estou indo.

— Você tem todo o tempo do mundo. — ele beijou a minha testa ainda me abraçando.

— Por que você tinha que ficar assim? Aquele Heitor de antes era mais fácil de odiar.

Ele riu.

— Porque o Heitor de antes não serviria pra ninguém. Eu acabaria me matando.

— Credo, Heitor.

— Quando a gente não se importa com ninguém, isso também diz muito sobre nós. A Helô apareceu e fui construindo um pai, um ser humano melhor e hoje posso ser o que você merece. Hoje sou um pai pra Lorena também. Tudo aconteceu como deveria.

— Tudo aconteceu como deveria. — repeti a frase e encostei o rosto em seu peito.

— Sofremos. Eu te magoei e me odiei, mas eu era aquele merda na época.

— Por favor, sem esse assunto agora. Já basta a Júlia e a confusão.

— Você tem razão. Só ficarei aqui te abraçando.

— Obrigada.

O Heitor falou que no tempo que estive fora a Adriana esteve aqui. E que veio com a mesma ladainha de que seria melhor que ele se afastasse de mim.

Não me surpreendeu, a Adriana sempre foi assim. Tenho a impressão que o problema dela é comigo. Mas vamos nos resolver qualquer hora dessas, a minha paciência está muito pouca pra ela e o filho dela.

SE ALIANDO AO AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora