XXIII - Heitor

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Olá, como estão? Espero que bem. Mais um capítulo e se gostarem deixem o voto de vocês e o comentário que vou adorar saber o que estão achando. Bj e boa leitura.
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Ela acha que não percebo. A Naya tem vindo todos os dias no hospital me visitar, com um detalhe, apenas quando estou dormindo.

Não sei o que aconteceu, mas a impressão que tenho é que ela foge de mim.

Em todos esses três dias ela vem no mesmo horário, a porta se abriu e fechei os olhos, podia sentir o seu perfume.

Continuei de olhos fechados e a sua mão tocou o meu rosto. Senti quanto colocou a cabeça em meu peito.
Hoje daria um basta nessa história. Ela não fugiria mais.

— Naya sorrateira.

Ela levantou a cabeça e seus olhos pareciam saltar.

Quando ela tentou sair segurei a sua mão.

— Por que está me evitando?

— Tenho que ir.

— Não faz assim.

— Tudo está tão errado.

— Se for sobre o João Emanuel nós vamos achá-lo. Ele não apareceu nem mesmo depois do que a Beth fez?

— Não, continua escondido como um rato.

Tentei sorrir. Mas o clima era tão pesado.

— O que mais aconteceu? As nossas filhas estão bem?

— Sim, estão bem. Só querendo te ver logo.

— Então, diz o que mais te deixou assim.

— A Adriana conversou comigo.

— Não tem nada de bom pelo jeito que você está.

A Adriana deve ter dito alguma coisa bem ruim.

— Ela tem razão.

— Não sei o que você diz. Mas nem sempre a Adriana tem razão.

— Você e o seu estado...

— Seja o que ela falou, nada é culpa sua. Eu te salvei e te salvaria milhares de vezes se fosse preciso. O meu estado não é culpa sua, a culpa é da Beth que ficou totalmente sem razão e te machucaria, a culpa é do João Emanuel por nunca ser adulto o suficiente pra arcar com as consequências do que faz. Tudo é culpa dele, sendo mais franco, os únicos culpados são os pais dele. A Adriana principalmente, além daquele moleque idiota.

— Ela pediu pra me afastar de você.

A Adriana nunca podia ter interferido desse jeito entre nós.

— Não aceito. Se você quiser por qualquer outro motivo, tudo bem. Mas não aceito porque você acatou o que alguém disse. A Adriana não sabe da nossa vida, ela não sabe o que a gente sente.

— Nem a gente sabe. — ela tentou sorrir.

— Eu sei muito bem o sentimento que tenho por você.

— Você não sabe.

— Sei muito bem o que eu quero.

— Ainda não desisti do divórcio.

— Ainda não perdi. Não vou pegar a caneta ainda, meu amor.

— Você é resistente.

— Não, eu amo você.

Vi que ficou sem graça e mudou de assunto.

— A Adriana acha que eu estou atrapalhando o homem que você é hoje.

— Mas isso não faz sentido. Meu Deus! Se sou esse homem hoje é por você e pelas nossas filhas. Não faz sentido ficar longe, se o que eu sou hoje é por vocês. Tudo o que eu faço é por vocês. Se quero voltar pra casa mais cedo é por vocês, se quero ter uma família é por vocês. Se eu decidi amar uma mulher é por você. É por você o meu amor, Naya. Não deixe ninguém que não vive a nossa vida opinar sobre isso.

A Naya ficou quieta.

— Se você quiser, se for o desejo do seu coração nos separamos, fora isso, não ouça ninguém.

— Não sei o que eu quero.

— Quer desistir?

— Não.

— Então, até lá teremos a nossa chance.

Olhei em seus e tudo o que eu queria era um beijo dela. A Naya tocou o meu rosto e me beijou.

A porta foi aberta e um homem entrou. A Naya se afastou rápido, esse infeliz tinha que entrar justamente agora.

— Desculpa, mas acho que o senhor entrou no lugar errado.

— Sou eu. — o homem começou a tirar óculos e boné, tinha até uma barba falsa.

— João Emanuel! — a Naya foi pra cima dele dando tapas.

— Para. Doeu.

— Sorte a sua que é ela quem está te batendo e não eu.

O João Emanuel se escondeu do outro lado do quarto.

— O que você quer aqui, infeliz?

— João Emanuel você não sabe a vontade que estou de voar em você.

— Segura a sua esposa, Heitor.

— Não, você merece apanhar dela. Você fugiu seu irresponsável e a Naya ficou no meio de um furacão. A Beth tentou machucá-la e estou aqui hoje por isso.

— A Beth é totalmente descompensada.

— É muito fácil você atentar e depois chamar a mulher de louca.

— Naya, a Beth é possessiva.

— Ela tem certeza que estamos juntos. A sua mãe brigou comigo.

— Mas não estamos juntos. Sabemos disso. Eu não posso demorar, tenho que ir.

— Você não vai fugir outra vez. 

A Naya ficou na porta.

— A Beth vai me matar.

— Pois que mate. — a Naya estava furiosa.

— Quem é essa mulher, João Emanuel?

Perguntei porque era uma coisa que a gente queria muito saber.

— Ela disse que a mulher parecia comigo.

— Tudo o que eu posso dizer é que a Júlia pode esclarecer tudo.

— Quem?

— A sua irmã, Naya.

— Vocês estão juntos?

— Tenho que ir.

Ela passou por uma Naya atordoada.

— Ela sabia de tudo e me deixou ser crucificada. Brigou comigo e duvidou da minha palavra.

Ela chorou.

— A minha irmã, Heitor. A minha própria irmã.

— Se acalma. Deve ter alguma explicação.

— Não tem. Você não viu o olhar dela de desprezo por mim. Você não sentiu como doeu.

Ela colocou a mão sobre o peito.

— Inútil como sempre o João Emanuel. Chegou e trouxe mais problema do que solução e correu.

— Vou pra casa. — limpou as lágrimas, mas a parei.

— Não faça besteira.

— Não farei. Mas preciso achar a Júlia e entender essa história.

— Ela terá uma boa explicação.

— Você ficará bem?

— Se você ficar, sim.

— Tentarei.

— Então, vou com você.

Comecei a levantar da cama, ficar nesse quarto de hospital já me dava nos nervos.

— Para. A sua alta é só amanhã.

— Nada vai me manter longe de você. E quando eu digo nada, acredite em mim, não será nada. Muito menos um hospital.

— Você está doido. Vou chamar alguém pra te dopar.

— Beijo pode me trazer de volta a lucidez.

Tentei. Mesmo que eu não ganhasse um beijo dela, só de fazê-la sorrir valia mais.

— Barganha?

— Não pense dessa forma. Pense que você está fazendo uma caridade a um doente.

— Certo. Então, posso sair nesse hospital doando beijo? É isso?

— Só comigo. Eu sou um doente muito egoísta, Naya. E um marido mais exigente ainda.

— Você é um safado, isso sim.

Dessa vez o beijo foi sem pressa. Toquei os seus lábios venerando a mulher que eu amava.

Como explicar a Naya o quanto a amo e o quanto ela é especial pra mim?

— O que?

Ela sorriu perguntando. A olhava com a admiração que sempre mereceu.

— Vou guardar esse momento pra sempre.

Toquei mais uma vez o seu rosto. Uma mulher linda que desde o início deveria ter tido o meu amor. Não era hora de arrependimentos, era o momento de lutar.

— Fica comigo.

— Você é um doente muito exigente. — riu.

— Pra sempre, Naya.

— Nada será tão fácil pra você. Prove que merece a mulher que eu sou. Lute por mim ou pegue a caneta.

Me beijou mais uma vez me deixando o gosto dos seus lábios e saiu.












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