— De tudo o que aconteceu pensei que finalmente teríamos paz. — a Adriana pediu que fôssemos a sua casa para conversar depois que o Heitor e as crianças não foram a festa dela.
— E eu? Vivo a minha vida e sempre os problemas chegam mesmo sem eu ter nada a ver com eles.
— Pensei que as coisas se ajeitariam agora que você está com o Heitor.
— Adriana, o problema não sou eu. Para de tirar a responsabilidade das costas do seu filho e jogar sobre os outros de coisas que são única e exclusivamente culpa dele.
— A Naya tem razão. O João Emanuel é assim por culpa de vocês. Ou devo dizer, você, Adriana.
— Eles estão certos. Criamos um menino mimado que nunca cresceu. Hoje o João Emanuel é um homem adulto e continua o mesmo irresponsável de sempre. Só que agora é pior porque ele tem filhos e um casamento.
— Não aceito ter errado tanto assim com ele.
— O seu orgulho e soberba não servem de nada.
Toquei o ombro do Heitor pra que ele ficasse calado, falar tudo isso seria pior. A cara da Adriana estava péssima.
— Como vocês ainda aceitam essa mulher aqui depois de tudo? — a Beth abriu a porta de uma vez.
— Beth, tenha calma. Estamos tentando resolver e entender o que aconteceu.
— O que aconteceu, Daren, é que vocês adoram essa vagabunda. Se esquecem quem ela é.
— Você é totalmente desequilibrada. — a Beth já tinha perdido a razão há muito tempo.
— Não me chama de louca. Agora além de traída, vocês ficam rindo de mim pelas minhas costas.
— Meu Deus! Ninguém se importa com você e as suas paranóias. Deixa de loucura. Ouve a razão, veja que não quero destruir nada, não quero o seu marido, só quero que me deixe em paz.
— Como é falsa.
— Você me cerca, me constrange no meu trabalho. Isso passou dos limites, Beth.
— Não sou idiota. Sei que você não é nada disso que fala.
— Chega. Vou trabalhar. Não dá pra conversar com você.
Perdi a paciência.
— Naya, ainda não terminamos.
— Outro dia, Daren. Hoje é impossível.
— Pode fugir, vagabunda. Você ainda vai ter o que merece.
— Fica longe dela. — o Heitor falou.
— Você não me coloca medo.
— Pois, então, tenha de mim. Estou perdendo a paciência com você. — falei. Essa mulher não tinha noção nenhuma.
— O que você vai fazer?
Ela me empurrou e o Heitor me segurou. Quase caí de salto no chão.
— Estou bem. Obrigada. — falei pra ele e já virei dando outro empurrão nela. Vi surpresa, ela não esperava.
— Moças, não briguem.
— A única que gosta disso é essa baixa. — apontei pra Beth.
— Ainda vamos acertar as nossas contas, Naya.
Sai da casa da Adriana e o Heitor me seguia. Não dava mais pra ficar lá ouvindo as sandices da Beth ou até mesmo ser agredida fisicamente por ela.
Essa mulher já me causou tantos transtornos e pelo visto irá para apenas quando o marido dela aparecer e falar a verdade.
Fui ao trabalho que seria melhor. Como precisava adiantar o escritório do Heitor, fui para lá com ele.
A Júlia não queria mais o projeto e dizia estar ocupada com outras coisas. Tudo sobrou pra mim.
Durante a tarde o Heitor surgiu algumas vezes perguntando se eu estava bem.
O Heitor me surpreendia.
Continuei o meu trabalho e pra compensar, fiquei até um pouco depois que todos foram embora. Ele estava lá também.
O Heitor não só falava que mudou, ele fazia o mais importante, ele mostrava.
Não adianta as palavras serem vazias, precisam ser preenchidas com as ações e isso ele fazia todos os dias.
As vezes não acreditava.
— Naya?
O Heitor apareceu mais uma vez e tentei não sorrir.
— Sim?
— O João Emanuel voltou. Que dizer, acho que nunca saiu da cidade.
Esse idiota passou dez dias longe deixando o inferno na minha vida.
— Onde ele está?
— Você precisa ver com os seus próprios olhos.
— Me leva até lá. Seja onde for.
O Heitor me parou segurando as minhas mãos.
— Você só não pode matá-lo.
Ele tinha um sorriso na boca.
— Me prometa.
— Prometo. Apesar da minha vontade ser de arrancar o cabelo dele.
— Naya, por favor. — o Heitor ria.
— Vamos logo.
Quando o Heitor abriu a porta pra mim, tentei passar, mas ele me empurrou.
Vi sangue saindo do seu braço.
A Beth estava com uma faca nas mãos.
— Heitor?
Corri até ele.
— Tá tudo bem.
— O seu braço. — o sangue descia pela mão dele.
— Você queria me matar. — joguei a minha bolsa na Beth.
— Nunca quis machucar o Heitor. Era você.
Notei que a Beth ainda iria me ferir, quando ela veio em minha direção, pude apenas morder o braço dela e a faca caiu no chão. Dei um tapa na cara dela.
Agarrei o cabelo dela e a joguei no chão.
— Olha o que você fez? Você podia ter matado ele. Matado duas pessoas. Você não tem noção? O que passou pela sua cabeça?
Ela saiu correndo.
— Heitor.
Tentei tocar em seu braço, mas ele reclamou de dor.
— Vou te levar ao hospital. Você vai ficar bem.
Me senti tão culpada, mesmo sem ter culpa. O Heitor se sacrificou por mim, podia ter morrido e agora me deixar sozinha.
Você está sozinha. Esse casamento não existe.
Mesmo que a minha consciência dissesse isso, ainda tinha uma briga dentro de mim dizendo que não era nada disso.
— Onde ele está?
O Daren estava péssimo.
— Lá dentro passando por uma pequena cirurgia.
— É pior do que você contou.
— Ainda não sabem a gravidade do ferimento. Ninguém falou nada ainda.
O Daren saiu para falar com alguém e a Adriana sentou ao meu lado.
— Muitas coisas ruins aconteceram nesses últimos anos nessa família.
— Foi culpa da Beth. Ela queria me ferir. Se não fosse o Heitor...
— Seria o João Emanuel. Você já causou muito nessa família.
— O que você quer dizer com isso?
— Considere ir embora. Nos deixar em paz. O Heitor era feliz sem você aparecer, o João Emanuel estava bem com a família que formou. Foi só você aparecer que tudo virou de cabeça pra baixo e a minha família se transformou nesse inferno.
— Não tenho culpa. Não faça isso comigo.
— Você tem culpa sim. Olha o Heitor? Ele podia estar morto.
— Foi a Beth.
— Mas isso só aconteceu por você estar mais uma vez envolvida entre os irmãos.
— Eu não tenho nada com o João Emanuel. Já falei mil vezes.
— Hoje é um lembrete da desgraça que você pode causar. Te peço por tudo que se afaste do Heitor. Deixa ele em paz, o Heitor é um novo homem hoje, mas você vai destruir o que ele lutou tanto pra se tornar.
— Não posso.
— Você prefere que uma tragédia maior aconteça? É bom que saiba viver com essa culpa. Estou livre por ter feito tudo o que pude.
Chorei porque mais uma vez tudo sobrava pra mim.
O Heitor não merecia nada disso, a Adriana tinha razão. Tudo deveria mesmo ser culpa minha.
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SE ALIANDO AO AMOR
RomanceAs vezes o amor é o suficiente... Outras não. Naya e Heitor se conhecem no momento mais difícil da vida dele. Um coração amargurado pela vida pode ser impenetrável para o amor.