Capítulo 11

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Gustavo

Eu queria ter ido embora. Se dependesse da minha vontade, eu estaria longe daquela mulher. Ela começa a cheirar a problema.

Mas não, eu tinha que ajudá-la. Bom, não que eu pensasse em fazer o contrário, já que ela havia se machucado. Não era da minha índole, deixar uma mulher caída no meio da rua à própria sorte.

— Onde eu posso te levar? Quer ir ao hospital? — perguntei-lhe, sem saber ainda para onde iria com ela, mas sem parar de caminhar.

Alguns curiosos na rua ficavam nos encarando, tentando entender o que estava acontecendo, outros mais românticos ficavam olhando com os olhos iluminados, soltando sons de exclamação.

— Pode me colocar no chão que vou caminhando, meu carro está logo ali. — Ela apontou na direção do restaurante do qual eu havia sido expulso.

Não ficava muito longe, e dando uma rápida olhada no seu pé, percebi um pequeno inchaço, que me fez apertá-la um pouco mais firme em meus braços e começar a andar na direção apontada.

— Não é recomendado forçar o pé dessa maneira e não vai ser um sacrifício para mim. Só me diga qual é o seu carro.

Segui o caminho mais calado, com Katrina colada ao meu peito. Seu cheiro estava impregnando minhas narinas, como se fosse impossível não respirar aquele aroma.

— Não precisava se dar a esse trabalho — ela falou.

Não respondi, apenas continuei andando, olhando para frente.

Assim que chegamos ao carro que ela indicou sendo o seu, coloquei-a no chão delicadamente, mas mantive um braço em volta da sua cintura. Quando ela destravou e sentou no banco, ajoelhei-me novamente à sua frente, pegando seu pé nas mãos e analisando. O inchaço tinha aumentado, e ela soltou um gemido quando girei.

— Você tem alguém que possa te buscar? Não recomendaria você dirigir com o pé assim.

Coloquei seu pé no chão.

— Não. Pode deixar que eu me viro. Muito obrigada pela ajuda.

Katrina colocou o pé para dentro, pronta para fechar a porta do carro, mas eu a segurei, impedindo-a de fazê-lo.

— Como eu falei, não é um sacrifício para mim. Se você não tem para quem ligar, eu posso te levar onde quiser.

Eu não ia deixar que ela fosse embora com aquele pé daquele jeito sem alguém para ajudá-la. Ela não era obrigação minha, mas mesmo assim, não queria deixá-la, sem ajuda.

— Como assim? Você...

— Eu tenho habilitação. — Interrompi. — Posso ir dirigindo para você, se permitir.

— Eu não quero te dar mais trabalho por hoje. Muito obrigada.

Sem dizer nada novamente, abri a porta do carro e estendi a mão, para que ela se apoiasse. Se aceitasse, eu poderia levá-la em casa, mas era só negar que eu não a obrigaria a ficar na presença de um homem desconhecido dentro de um carro.

Diferente dela, eu não era louco em sair por aí confiando em qualquer um que aparecesse na minha frente.

Mas Katrina estendeu a mão, aceitando minha ajuda meio a contragosto. Andou mancando até o banco do motorista, sentando-se e tirando os sapatos que calçava.

— Não moro muito longe daqui. Vou te passando o caminho.

Assenti com a cabeça e bati a porta do carona. Sentei no banco do motorista, ajeitando o assento na melhor posição. Olhei para Katrina que me encarava e fiz um pequeno aceno de cabeça, dando partida no carro e começando a dirigir.

Um Marido de MentirinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora