Katrina
Enquanto uma estava na minha frente, erguendo as pernas e comendo um dos pés, enquanto eu colocava uma fralda, a outra estava pronta no berço, resmungando em sua língua de bebê.
— Pois é, Laís, essa sua irmã só sabe reclamar... — fiz careta para ela, que deu uma risada enquanto babava no pé.
Desde que Raphael havia sido preso – e que cumprisse uma pena grande –, a guarda provisória dela passou para mim, por ser irmã legitima, mas naquele dia, havíamos conseguido a guarda definitiva, e a partir daquele momento Laís era minha, seja como filha, irmã, ou o que ela quisesse.
Ter duas filhas com vinte e quatro anos não estava nos meus planos, mas a gente nunca sabe o que o futuro nos espera. E eu gostava muito das surpresas que o meu havia reservado.
— E agora, divide esse pezinho com a mamãe? — Peguei o outro pé que ela não segurava, fingindo morder e arrancando gargalhadas dela.
Assim que terminei de trocar Laís, peguei Helena do berço e comecei a descer as escadas com cada uma em um braço.
Eu via cenas assim frequentemente, e pensava no quanto aquelas mães eram fortes, mas que eu nunca conseguiria fazer aquilo. Mas a verdade é que quando se descobre que a vida daqueles seres tão pequenos depende de você, a força nasce e fica cada vez maior.
Confessava que logo não conseguiria fazer aquilo, já que elas pareciam comer fermento e a cada dia que passava estavam maiores e mais pesadas.
Enquanto estava no meio da escada, descendo com cuidado, Gustavo, que vinha entrando pela porta dos fundos, adiantou-se na minha direção.
— Essa mamãe é forte, mas pode pedir ajuda para o papai também.
Ele pegou Laís dos meus braços, beijando e cheirando a curva de seu pescocinho, o que a fez se contorcer e gargalhar. Em seguida me deu um beijo simples.
Era lindo ver o amor dele para com as duas filhas. Eu já o admirava antes com Helena, e confesso que quando Laís veio para nossas vidas, fiquei com medo dele implicar, ou até mesmo não amá-la tanto, mas me surpreendi como os dois se apegaram rápido.
— A mamãe aqui está pronta e arrumou duas crianças sapecas, enquanto o papai ainda está todo suado e sujo.
Olhei de cima a baixo para o corpo de Gustavo, passando pelo abdomen e admirando a barriga chapada, já que ele estava sem camisa, e descendo para a bermuda justa em seu corpo, evidenciando sua bunda.
— Mas papai deixou tudo pronto lá fora.
Saímos para o jardim e olhei em volta. Havia uma mesa em uma sombra com os pratos arrumados e rodeada de bexigas.
— Está tudo pronto para comemorarmos.
Colocamos as meninas em uma toalha sobre a grama com alguns brinquedos, e ficamos observando por um momento.
Íamos receber todo mundo para comemorar a adoção de Laís, por isso a decoração especial.
— Eu estou tão feliz — falei enquanto olhava para todo o jardim.
— Ah, mas só porque estou aqui com você, não seja por isso. Você me tem todinho.
Eu estava pronta para dar um tapa em Gustavo pela piada, que aliás ele vinha fazendo com muita frequência, cada dia mais. E eu adorava esse lado divertido dele.
Mas antes que eu pudesse reagir, ele levou a mão por minha cintura, puxando-me para si e colando nossas bocas. Poderia passar o tempo que fosse, eu nunca me cansaria de ser beijada, tocada e muitas outras coisas por Gustavo. Ele sempre conseguia me deixar com as pernas bambas, como naquele momento.
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Um Marido de Mentirinha
Roman d'amourEu estava precisando de um emprego, mas sendo pai solteiro era algo quase impossível. Até que Katrina Ferrer apareceu, procurando por um marido de conveniência, para poder receber uma herança. Eu não queria me envolver nessa história, só que me pare...