Capítulo 18

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Gustavo

Ao cair da tarde, estávamos entrando em um dos barzinhos mais movimentados de Copacabana.

Antes de tudo, liguei para Taís, avisando que iria demorar um pouco mais que o previsto, e ela se ofereceu para passar a noite com Helena, o que eu agradeci, já que não sabia até que horas Katrina iria me prender ali.

Por falar nela, não havia demonstrado em nenhum momento até aquele, tristeza ou algo do tipo que justificasse o choro que seu pai havia comentado, mas eu estava de olho com a intenção de detectar alguma coisa vinda dela.

— Gustavo, ali está a Erica.

Katrina começou a me puxar pela mão estabelecimento adentro, levando-nos a uma mulher que acenava para nós.

Assim que chegamos perto, as duas se cumprimentaram com um abraço e um beijo e logo após Katrina se colocou do meu lado.

— Gustavo, essa é Erica, Erica, esse é o Gustavo.

A mulher me olhou de cima a baixo, analisando cada centímetro do meu corpo, desde a ponta dos pés, até o último fio de cabelo arrepiado, e em seguida me estendeu as mãos.

— É um prazer, Gustavo. E fique sabendo que eu estou de olho em você, cuidado com o que faz com a Katrina.

Aceitei o cumprimento e olhei para em seus olhos. Era perceptível que ela falava a verdade. Qualquer mal que eu causasse à sua amiga, eu deveria ter medo de ser sequestrado à noite para uma sessão de tortura.

— Muito prazer, Erica. Fico feliz que Katrina tenha uma amiga tão fiel assim — falei sério.

— Vocês dois, parem de papo furado — Katrina nos interrompeu, quebrando o clima e se virou para mim. — Ela está sabendo que o casamento é por contrato, sem sentimentos.

Ela já começava a se mexer no ritmo da música que tocava ainda baixo, mais como um som ambiente.

— Eu não me importaria se você aproveitasse um pouco do corpo dela, com sua permissão, claro — Erica falou mais próxima a mim, dando uma piscada.

— Parem de besteira. Já pediu nossas bebidas?

Katrina não esperou a resposta da amiga, erguendo uma das mãos ao barman e pediu duas bebidas, entregando-me uma assim que a teve na mão.

— Bom, Gustavo — Erica se voltou para mim —, como você sabe o casamento de vocês é de fachada, mas isso não te dá o direito de ser um babaca com a minha amiga, e caso isso aconteça, eu vou estar do lado dela, e você vai sofrer as consequências.

Era realmente fofo ver uma amizade daquele nível. Eu começava a admirar as duas.

— Não se preocupe, não serei um babaca — coloquei ênfase na palavra.

Ela me respondeu apenas com um aceno de cabeça, voltando sua atenção para a pista no meio do bar, que começava a encher.

Katrina estava um pouco à nossa frente, mexendo-se no embalo da música com os olhos fechados, parecendo entregue ao momento.

Eu tinha essa impressão comigo, de que tudo o que ela se dedicava a fazer, mergulhava de cabeça. Fosse um casamento por contrato, ou algo que lhe causava alguma dor.

Ainda estava com isso em mente, e não conseguia para de tentar decifrar suas ações e falas, mas fosse o que fosse, não me interessava, ou ela teria me contado. Eu nem mesmo era seu noivo de verdade, não tinha o direito de me intrometer em seus problemas.

Pensando nisso, comecei a curtir a música. Há muito tempo eu não saía assim, para beber e descontrair. Na verdade, eu nem me lembrava qual foi a última vez, na faculdade, talvez? E no momento, a procura de um emprego e com uma filha pequena, era ainda mais difícil ter momentos assim.

Um Marido de MentirinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora