Capítulo 21

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Gustavo

Eu estava agitado, e isso ninguém poderia negar. Bastava apenas olhar para mim, de um lado para o outro, parecendo uma barata tonta dentro da minha própria casa.

E que besteira, Katrina já havia estado ali, sentado no meu sofá, e até mesmo dormido na minha cama.

Olhei para o sofá, onde havíamos nos beijado na última vez e lembranças dela em meus braços sambaram em minha mente, fazendo-me rir.

Será mesmo que aquela garota com uma cara inocente, mas que parecia um furacão, iria me conquistar e arrombar as barreiras do meu coração?

Um sonzinho despertou minha atenção e olhei para Helena que brincava no cercado.

— Será que o papai vai se arrepender disso tudo, filhota? — Ela soltou outro sonzinho enquanto brincava. — Concordo plenamente.

Com o que eu concordava? Não fazia ideia, mas deveria continuar seguindo o que estava planejando.

Coloquei mais algumas velas em lugares estratégicos para ficar uma iluminação aconchegante e confortável e voltei para a cozinha para olhar o prato que estava no forno.

A janta da noite seria uma lasanha à bolonhesa, preparada pelo chefe da casa, vulgo eu mesmo. Era um dos pratos que eu sabia fazer melhor.

Abri o forno dando uma olhada e apaguei, deixando a lasanha ainda lá dentro para que não esfriasse muito rápido. PasseI no banheiro e espirrei um pouco do perfume em minha roupa. Eu não me considerava um homem muito vaidoso, mas gostava de me cuidar.

Ergui os olhos para o espelho, olhando meu reflexo.

O homem que me encarava era um que eu estava descobrindo, com sentimento mais aflorado e um pouco mais sentimental. Um homem que eu estava gostando de descobrir.

Havia um brilho diferente nos meus olhos, que nem eu mesmo reconhecia, que jamais havia visto.

Pensando nisso, lembrei-me das palavras de Taís, eu estava diferente, mais palavras dela, "iluminado" nos últimos dias. Será que ela tinha razão? Era tão evidente assim, o quanto aquela mulher estava me afetando?

Passei as mãos pelo rosto, levando-as até o cabelo e ajeitando-os para trás, tirando aqueles pensamentos da minha mente e peguei uma tiara de Helena, que estava sobre a pia. Era uma lilás, que combinava com o seu vestidinho.

Enquanto estava ajeitando o acessório na cabeça da minha filha, a campainha tocou.

Olhei no relógio e passava um pouco das seis da tarde. Não imaginava que ela chegaria tão cedo. Ainda bem que já estava tudo pronto.

— Está na hora, minha princesa. Está ansiosa para conhecê-la? — não obtive respostas, apenas um olhar, que eu não saberia se era de julgamento ou animação. — Pois é, papai está, e nervoso também.

Dei um beijo na testa de Helena e me dirigi à porta. Como não tínhamos porteiro no prédio, o acesso era menos restrito, mas a vizinhança era muito conhecida e tranquila, o que não me preocupava muito. Por isso abri a porta sem nem mesmo conferir o olho mágico, o que fez com que eu me arrependesse.

Assim que a abri, a mulher que não via há meses atravessou a entrada, como se fosse um vendaval.

— Boa noite, meu filho, como você está?

A pessoa que eu mais vinha evitando, que eu queria longe de mim, estava parada na minha frente, cumprimentando-me como se nos víssemos todos os dias.

— O que você está fazendo aqui? — a pergunta foi minha saudação.

— Vim ver como meu filho está, já que ele não vai me visitar.

Um Marido de MentirinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora