Gustavo
O dia começava como qualquer outro. Acordando de manhã, arrumando Helena e indo para a casa de Taís.
Eu fazia isso tudo no automático, de tão acostumado que estava. Era todo dia o mesmo caminho, os mesmos nãos, mesma decepção e assim eu estava vivendo em uma eterna constante.
Subi no prédio direto, já que minha passagem era liberada, e toquei a campainha de Taís.
Eu realmente devia muito a ela e isso era inegável.
— Bom dia, Gustavo — ela me atendeu na porta com uma voz sonolenta, mas já pronta para o dia de trabalho.
— Bom dia, Taís. — Estendi o bebê conforto para ela, que segurou e fez carinho na bochecha de Helena, que havia voltado a dormir tranquilamente. — Ela já mamou, vai acordar só mais tarde, provavelmente.
Comecei a me afastar, como sempre fazia, mas desta vez Taís me chamou, fazendo-me parar no meio do caminho.
— Eu tenho que conversar com você, antes que vá. — Ela parecia meio sem jeito.
— Claro.
Voltei-me para o apartamento dela, entrando e indo para o sofá, enquanto Taís fechava a porta.
— Então. Eu não queria me intrometer assim — ela começou a falar, assim que se aproximou — mas tomei a liberdade de marcar uma entrevista para você.
Franzi imediatamente o cenho, assim que ela começou a falar.
Como assim, uma entrevista?
— Me desculpa se fui muito intrometida. É que vi um anuncio de uma amiga minha na internet, e resolvi chamá-la para conversar. Conversa vai e vem, mencionei você, e ela aceitou ter uma entrevista hoje.
— Hoje, assim? — perguntei meio atônito. Era uma chance a mais. E ainda assim, com uma indicação, mesmo sendo de boca, já deveria contar como ponto extra, não é?
— Sim. Ela marcou em um restaurante. Anotei o endereço para você. Vou pegar.
Enquanto Taís entrou em um dos quartos de sua casa, fiquei alguns minutos sozinho com minha filha. Mesmo que ela estivesse dormindo, aproveitei a pequena oportunidade para comemorar com ela.
— Você viu, filha? É uma oportunidade a mais. Cruza os dedos e torce pro papai.
Peguei sua mãozinha pequena e a coloquei sobre meu dedo indicador. O contraste de tamanho era gritante. Mesmo durante o sono, ela reagiu aos reflexos e apertou meu dedo. Aceitei aquilo como boa sorte e abri um sorriso para minha pequena.
Taís não demorou a voltar, entregando-me um papel com a sua letra redonda, indicando o endereço e o nome do restaurante.
— Eu anotei do jeito que ela me passou. Só que eu não sei muito bem como vai ser esse trabalho com ela — ela deu ênfase na palavra.
— Não tem problema. Estou aceitando o que vier.
Peguei o papel de Taís, e agradeci pela ajuda.
Assim que estava do lado de fora do prédio, conferi o relógio. Como ainda era muito cedo, e o que estava marcado era um almoço, resolvi passar em casa para colocar uma roupa um pouco mais formal e apresentável do que a que eu estava, e assim o fiz.
Quando cheguei, aproveitei o momento também para dar uma geral, já que eram raros os momentos em que estava em casa àquelas horas, e sem uma criança que exigia minha atenção vinte e quatro horas por dia.
Assim que a casa foi ficando arrumada e o horário passando, resolvi que era hora de sair, tomei um banho e coloquei uma camisa social em um tom de cinza com uma calça jeans preta. Passei em frente a um espelho, penteei os cabelos para trás e passei a mãos na barba rala que começava a nascer. Assim que conferi o look, saí de casa. Estava mais empolgado do que seria prudente.
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Um Marido de Mentirinha
RomanceEu estava precisando de um emprego, mas sendo pai solteiro era algo quase impossível. Até que Katrina Ferrer apareceu, procurando por um marido de conveniência, para poder receber uma herança. Eu não queria me envolver nessa história, só que me pare...