Capítulo 7

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Gustavo

O dia começava como qualquer outro. Acordando de manhã, arrumando Helena e indo para a casa de Taís.

Eu fazia isso tudo no automático, de tão acostumado que estava. Era todo dia o mesmo caminho, os mesmos nãos, mesma decepção e assim eu estava vivendo em uma eterna constante.

Subi no prédio direto, já que minha passagem era liberada, e toquei a campainha de Taís.

Eu realmente devia muito a ela e isso era inegável.

— Bom dia, Gustavo — ela me atendeu na porta com uma voz sonolenta, mas já pronta para o dia de trabalho.

— Bom dia, Taís. — Estendi o bebê conforto para ela, que segurou e fez carinho na bochecha de Helena, que havia voltado a dormir tranquilamente. — Ela já mamou, vai acordar só mais tarde, provavelmente.

Comecei a me afastar, como sempre fazia, mas desta vez Taís me chamou, fazendo-me parar no meio do caminho.

— Eu tenho que conversar com você, antes que vá. — Ela parecia meio sem jeito.

— Claro.

Voltei-me para o apartamento dela, entrando e indo para o sofá, enquanto Taís fechava a porta.

— Então. Eu não queria me intrometer assim — ela começou a falar, assim que se aproximou — mas tomei a liberdade de marcar uma entrevista para você.

Franzi imediatamente o cenho, assim que ela começou a falar.

Como assim, uma entrevista?

— Me desculpa se fui muito intrometida. É que vi um anuncio de uma amiga minha na internet, e resolvi chamá-la para conversar. Conversa vai e vem, mencionei você, e ela aceitou ter uma entrevista hoje.

— Hoje, assim? — perguntei meio atônito. Era uma chance a mais. E ainda assim, com uma indicação, mesmo sendo de boca, já deveria contar como ponto extra, não é?

— Sim. Ela marcou em um restaurante. Anotei o endereço para você. Vou pegar.

Enquanto Taís entrou em um dos quartos de sua casa, fiquei alguns minutos sozinho com minha filha. Mesmo que ela estivesse dormindo, aproveitei a pequena oportunidade para comemorar com ela.

— Você viu, filha? É uma oportunidade a mais. Cruza os dedos e torce pro papai.

Peguei sua mãozinha pequena e a coloquei sobre meu dedo indicador. O contraste de tamanho era gritante. Mesmo durante o sono, ela reagiu aos reflexos e apertou meu dedo. Aceitei aquilo como boa sorte e abri um sorriso para minha pequena.

Taís não demorou a voltar, entregando-me um papel com a sua letra redonda, indicando o endereço e o nome do restaurante.

— Eu anotei do jeito que ela me passou. Só que eu não sei muito bem como vai ser esse trabalho com ela — ela deu ênfase na palavra.

— Não tem problema. Estou aceitando o que vier.

Peguei o papel de Taís, e agradeci pela ajuda.

Assim que estava do lado de fora do prédio, conferi o relógio. Como ainda era muito cedo, e o que estava marcado era um almoço, resolvi passar em casa para colocar uma roupa um pouco mais formal e apresentável do que a que eu estava, e assim o fiz.

Quando cheguei, aproveitei o momento também para dar uma geral, já que eram raros os momentos em que estava em casa àquelas horas, e sem uma criança que exigia minha atenção vinte e quatro horas por dia.

Assim que a casa foi ficando arrumada e o horário passando, resolvi que era hora de sair, tomei um banho e coloquei uma camisa social em um tom de cinza com uma calça jeans preta. Passei em frente a um espelho, penteei os cabelos para trás e passei a mãos na barba rala que começava a nascer. Assim que conferi o look, saí de casa. Estava mais empolgado do que seria prudente.

Um Marido de MentirinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora