Capítulo 20

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Gustavo

Eu não sabia explicar o sentimento que estava tão aflorado em mim.

Era algo novo, que ao mesmo tempo em que me assustava, deixava-me com uma esperança que eu não me lembrava de ter.

Toquei a campainha de Taís, que não demorou a atender.

— Boa tarde, senhor.

— Oi, minha princesa. — Não dei atenção para a mulher à minha frente, mas sim a criança em seus braços, que estendia as mãozinhas em minha direção. Peguei Helena em meus braços, abraçando-a apertado, mas sem machucá-la. — Papai ficou com muita saudade, meu amor.

Fui entrando com ela ainda em meus braços e Taís atrás de mim.

— Como foi o encontro? Achei que buscaria Helena de manhã — Taís veio perguntando.

— Bom... foi... — como eu poderia começar explicando para ela a avalanche que tinha sido aquele ultimo dia?

Primeiro eu tinha conhecido o pai de Katrina, que não sabia da mentira que estávamos montando. Depois a melhor amiga, que sabia de tudo. Então, Katrina na minha casa, desabafando comigo. E por último, uma manhã cheia de beijos.

Que avanço louco havíamos dado ao relacionamento.

Instantaneamente um sorriso brotou no meu rosto.

Katrina era um furacão, e levava tudo junto consigo. Mas um furacão bom, que arrasava seus sentimentos, trazendo uma avalanche de emoções.

— O que significa esse sorriso aí? — Taís perguntou, curiosa.

Mudei meu semblante imediatamente, ficando sério.

— Que sorriso?

— Esse, que estava em seu rosto. Você está diferente, Gu. Ainda não sei a grandeza disso. Mas você me parece mais... iluminado nessas últimas semanas.

— Você bebeu hoje de manhã? Estava com Helena, espero que não tenha feito isso.

— Bom, eu não bebi. Mas você parece ter feito alguma coisa para deixar um pouco a carranca de lado. Ou talvez não tenha sido você quem fez.

— Você está viajando, Taís. E muito.

Voltei minha atenção para Helena, forçando minha mente a não pensar em Katrina. Mas Taís estava disposta a não deixar isso acontece.

— E quando será o próximo encontro com a minha segunda pessoa favorita no momento? — Olhei para ela franzindo as sobrancelhas sem entender. — Katrina esta virando essa pessoa, já que você parece tão bem com ela, só perde para a minha pequena. — Ela fez um carinho na cabeça de Helena, jogando-se no sofá ao meu lado. — Mas me conta do encontro.

— Eu quero convidá-la para jantar em minha casa.

— Vai querer deixar Helena aqui mais uma noite?

Olhei para minha filha que brincava com um dos botões da minha camisa. Ela não deveria ser mantida em segredo, muito menos em uma situação como aquela.

— Não, já esta na hora da Katrina conhecê-la e saber da sua existência.

Passei um dedo delicadamente pelo rosto da minha filha, descendo até o seu queixinho perfeito. Ela era o meu orgulho, e eu não poderia mantê-la em segredo, muito menos escondê-la.

Katrina

Estava nervosa para marcar o próximo encontro com Gustavo. Passei a semana toda sem vê-lo, apenas nos comunicando por mensagem, não havíamos falado sobre os beijos trocados, mas eu estava ansiosa para o nosso próximo encontro. Talvez até mesmo para mais beijos.

Acordei com meu celular vibrando, indicando uma nova mensagem.

Estendi a mão para a mesinha, já ansiosa para saber do que se tratava e com um sorriso vi que era um novo recado de Gustavo. Ele estava com esse poder sobre mim, toda vez que me mandava uma mensagem, por mais boba que fosse, me fazia rir.

Gustavo: Último encontro na minha casa, o que acha?

Meu sorriso se alargou mais ainda. Ele parecia ler meus pensamentos naquele momento.

Katrina: Combinado. Que horas?

Gustavo: Jantar. A partir da hora que você quiser.

Isso apenas me deixava ainda mais ansiosa e nervosa.

Katrina: Se fosse assim, eu já estaria aí.

Será que eu estava apressando muito as coisas? Sendo muito chiclete?

E você só pensava nisso depois de mandar a mensagem, Katrina?

Gustavo: Eu adoraria isso. Aliás, tenho uma coisa para te contar. Mas tem que ser pessoalmente.

Uma das frases que mais me deixava nervosa "mas tem que ser pessoalmente". Agora sim, eu ficaria mais nervosa para aquele encontro.

Levantei-me mais animada do que já estava antes, me arrumei e desci para tomar café da manhã.

Seu Claudio já estava na mesa. Cheguei perto dele e depositei um beijo em sua bochecha de surpresa.

— Bom dia, pai — cumprimentei-o e puxei uma cadeira para sentar.

— Bom dia. Qual o motivo dessa animação?

Não havia reparado que ainda estava com um sorriso no rosto quando desci.

— Bom, terei mais um encontro hoje — disse casualmente, puxando uma torrada para meu prato.

Meu pai me olhou de canto enquanto bebia seu suco.

— Esse rapaz está parecendo ser especial para você.

Olhei para ele por cima da torrava que estava em minha boca, sem saber o que responder.

— Ele está se tornando sim.

E aí estava o meu medo. Eu seria a esposa de contrato dele. Não poderia haver sentimentos meus envolvidos. Gustavo poderia estar apenas embarcando de cabeça nessa ideia de casamento, mas o que seria de mim depois dos seis meses? Quando teríamos que nos separar?

Será que eu estava sonhando alto? Que iria me arrepender de todo esse sentimento que crescia em meu peito?

— Eu gostei dele — meu pai retornou ao assunto. — Ele me pareceu ser um homem bom, espero não estar enganado.

— Acredito que não se enganou, pai.

Sorri para ele, que me retribuiu com carinho.

Meu pai era um protetor nato, que queria o bem da sua única filha, mas acima de tudo, buscava a minha felicidade em primeiro lugar, e ver isso em mim, deixava-o ainda mais tranquilo.

E isso me fazia sentir ainda pior quando me lembrava que ele não estava ciente de toda a verdade.

Eu não poderia esconder dele o fato de que meu casamento com Gustavo, seria uma farsa, uma mentira. Mas também não poderia deixá-lo preocupado ou até mesmo magoado e decepcionado com aquilo. Então mantê-lo de fora das informações minimalistas era o correto.

Durante todo o dia, eu ficava cada vez mais agitada para chegar ao nosso encontro e ver Gustavo.

Eu certamente quebraria a minha cara por estar gostando tanto dele. Mas no fundo torcia para isso não acontecer.

Um Marido de MentirinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora