Oi gente!
Este é meu novo trabalho completamente inédito! Dessa vez, pretendo viver a experiência do Wattpad e vou contar com a ajuda e apoio de vocês já que sou novata por aqui! hahaha
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Vamos aos detalhes?
ESTE LIVRO É UM SPIN-OFF DO LIVRO SEREIA...
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Helena
O choro vem de longe e me desperta da letargia que o sono acumulado provoca. De um pulo, me ergo e vou apressada até o quarto de Aisha.
Inclino-me sobre o berço e seus olhos azuis e despertos me roubam um sorriso. Com os bracinhos estendidos e as perninhas balançando ela deixa claro que não voltará a dormir.
— O que foi, sua malandrinha? — Retiro-a do berço e sua mão babada toca meu queixo. Seguro sua mão e a beijo. — Quer dormir comigo, meu bem? — pergunto como se ela pudesse me responder. Ela sorri e balbucia palavras incompreensíveis.
Beijo sua testa e a velha emoção me acomete.
— Estou aqui, meu amor... — Sigo para o meu quarto, tendo Bob, que dormia tranquilamente ao lado do berço, em nosso encalço.
Volto para a cama e acomodo Aisha ao meu lado, acariciando suas costas como ela adora. Não demora muito e ela está dormindo. Sei que preciso acostumá-la a dormir em seu quarto, mas não consigo resistir.
As palavras do Benito mais uma vez me assombram.
Eu tenho consciência de que estou cometendo um erro grave escondendo do Alex que, em nossa única vez, engravidei. Mas tudo aconteceu de forma tão inesperada, que, quando me dei conta de que o motivo dos meus enjoos era uma gravidez, muita coisa já tinha acontecido entre nós e tomei a decisão egoísta de não contar. Afinal, nunca tivemos nada além de uma atração que culminou em uma transa. É disso que tento me convencer toda vez que penso nele e em tudo que vivemos.
Apesar de termos ficados juntos apenas uma única vez, a atração que sentíamos um pelo outro é inegável. A sutileza ou intensidade dos olhares. Os toques que atiçavam nossos corpos.
Foram meses de silêncios intensos. De olhares desviados.
Meses de uma atração irresistível que foi suprimida até o limite dos nossos corpos famintos.
Eu tento me convencer que o que nos uniu foi a carência e o desejo sexual latente que sempre pairou entre nós dois, mas no fundo eu sei que o que rolou, foi algo mais profundo e intenso. E a covardia ─ a minha covardia ─ colocou tudo a perder.
Fecho os olhos e tento não lembrar. Mas como sempre acontece quando penso no Alex, fracasso.
As costumeiras lembranças, voltam com a força de um tsunami.
Depois de meses o corpo dele começou a dar sinais de melhora, as lesões regrediram completamente e restaram algumas poucas limitações. E a tensão entre nós foi ficando cada vez mais difícil de controlar.
Até que ele me beijou.
Foi algo tão natural quando em uma noite, após jantarmos e sua mãe se recolher mais cedo, ele se inclinar e tocar minha boca com a sua que ainda hoje, quando me lembro, chego à conclusão de que meu corpo faminto por afeto esqueceu tudo à minha volta, e quando sua língua pediu passagem eu cedi e retribuí. E depois de longos beijos e muitas carícias, acabamos em sua cama e a fascinação no rosto do Alex me cegou completamente para o básico: pela primeira vez, transei com um cara sem nenhuma proteção.
Fecho os olhos e penso em tudo que aconteceu depois daquela noite e do quanto fui covarde e mesquinha.
Saí do apartamento do Alex quando ele dormiu e não voltei mais.
Não posso negar os esforços dele em me encontrar. Ele tentou várias vezes conversar sobre o que rolar entre nós, mas eu o evitei.
Não sei ao certo o que me apavorava em olhar para ele novamente.
Fecho os olhos. Claro que eu sei o que me apavorava: o medo de perde-lo quando ele voltasse par sua vida. Assim, fugi dele e da Ana. Sinto um profundo constrangimento quando lembro da forma que a evitei. Mas eu estava me sentindo vulnerável e perdida. Eu tinha me apaixonado , mesmo que jamais admitisse isso.
Ele fora meu paciente, e de alguma forma, parecia errado sentir tanto desejo por ele.
Então, depois de tentar e tentar, ele simplesmente desistiu. Parou de procurar, e a Ana também. Eu finalmente consegui afastá-lo.
Parecia o certo a ser feito. Era para me sentir aliviada por ter encerrado aquela noite de forma natural e sem dramas.
Então Aisha aconteceu.
E quando, três meses depois, descobri a gravidez, eles já tinham retomado para a sua vida.
Minha vida virou uma loucura. Uma gravidez complicada, que me impediu de trabalhar nos últimos meses da gestação, a solidão que me engoliu como um monstro feroz, e a maternidade que transformou minha vida completamente.
Baixo os olhos para o meu pequeno milagre. Ela nasceu prematura e necessitou de cuidados especiais; e quando recebeu alta, dois meses após seu nascimento, eu decidi que não dividiria ela com mais ninguém.
Tudo ia bem até eu ter que voltar para o trabalho. Me vi encurralada sem ter a quem recorrer e não sei o que teria sido de mim sem a ajuda da Hosana e do Benito. Eles foram meu suporte e me ajudaram a não pirar.
Benito nunca concordou que eu escondesse a gravidez do Alex e, quando comecei a cair pelos cantos de exaustão por ter jornada dupla nos hospitais e nos cuidados com a Aisha, ele e Hosana passaram a me pressionar para procura-lo.
Nunca contei a eles que, após a nossa noite, eu passei a evitá-lo. Cheguei a ignorar sua mãe de forma grosseira e não atendi nenhuma das suas ligações. Senti culpa por ter me envolvido com um ex- paciente. Culpa por estar suspirando por outro homem que não fosse o John e tomei a decisão de esquecer aquela noite incrível.
Aisha se aconchega mais ainda a mim e suspiro pesadamente.
Chegará o dia que ela desejará conhecer sua história. Que perguntará pelo seu pai e eu tenho muito medo de que ela me culpe por ter roubado isso dela.
Não preciso pensar nisso agora. Agora, eu só preciso aguentar firme e tentar não surtar com a minha rotina, que se tornou um caos desde que me tornei mãe solo.