Capítulo 18

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Alex

Deitado no tapete da sala da Helena com minha filha dormindo tranquilamente sobre o meu peito me dou conta de que nunca fui mais feliz na vida. Minhas mãos passeiam por suas costas suavemente, sentindo sua respiração tranquila.

O dia foi mágico. Acompanhei Luciana o tempo todo como uma sombra. Assisti-a dar banho, trocar a fralda, arrumar e deixar minha garotinha cheirosa. Ela deixou que eu a alimentasse e me mostrou como colocá-la para dormir.

A Luciana, sem dúvida, é muito apegada a ela, e isso me deixou muito tranquilo.

Já é noite e ainda não estou preparado para ir embora. Como uma pessoa privada da luz por muito tempo, eu preciso da luminosidade que escapa a cada sorriso e balbucio.

Ouço Luciana se movimentando na cozinha, preparando-se para ir embora assim que a Helena chegar e me pego pensando em uma estratégia para ficar aqui com elas.

Luciana se aproxima de mansinho para não acordar Aisha e se agacha ao meu lado.

— Quer que eu a coloque no berço?

Nego com a cabeça e ela sorri.

— Helena deve chegar a qualquer momento — explica, como se eu não soubesse que isso é uma deixa para que eu a deixe cuidar de Aisha. — Não seria melhor colocá-la no berço? — repete. — Você poderia esperar a Helena mais confortável.

Beijo o topo da cabecinha ruiva que ressona suavemente no meu peito. Como posso amá-la tanto em tão pouco tempo?

— Será que ela ficará chateada de me encontrar deitado no seu tapete com nossa filha? — indago baixinho, para não a acordar. — Porque realmente ainda não estou preparado para me separar dela, Luciana.

Ela nos olha, com sorriso suave.

— Não, a Helena não ficará chateada, Alex. Surpresa, talvez. E enciumada com certeza, mas não chateada. Ela tem um coração gigantesco — confessa estendendo a mão e acariciando as costas de Aisha. Como se pensasse alto, diz: — Acho que essa princesinha trouxe para a vida da Helena o tipo de amor que preenche lacunas que nem sabemos que temos.

Curioso, encaro-a.

— Ela tem alguém? — Ela franze a testa como se não entendesse a pergunta e esclareço: — A Helena, ela namora?

Sei que estou sendo um idiota fazendo esse tipo de pergunta, mas que se dane. Eu preciso saber se existe outra pessoa. Alguém para massagear os pés cansados dela quando ela chega do plantão e que, de quebra, ainda acalenta minha filha enquanto ela toma um banho. Eu preciso desesperadamente saber. E não me importo de parecer um idiota curioso. Quando a Luciana vai abrir a boca para responder, ouvimos juntos a porta se abrir de forma silenciosa e os passos se aproximarem de onde estou deitado.

Luciana se põe de pé enquanto olho para cima e vejo a testa franzida da Helena, que nos observa como se não entendesse bem o que estava vendo.

— O que houve? — indaga se agachando ao meu lado. Estende a mão e toca na Aisha, que ressona tranquilamente alheia a tudo. — Ela está bem? Teve febre?

— Está tudo tranquilo, Helena — responde Luciana e ela olha para cima, para ela, e as duas trocam um olhar cúmplice. — Aisha adormeceu assim que comeu, bem aí onde você está vendo, e o Alex se ofereceu para servir de colchão e cobertor até você chegar — explica Luciana, tentando aliviar o clima estranho que se instaurou. — Já que você chegou, vou indo, tá?

Ela se põe de pé e me olha de cima. Eu a encaro de volta.

— Te acompanho até a porta, Lu — diz Helena e eu sei que vai sondar como foi o dia.

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