Capítulo 21

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Helena

Eu preciso demonstrar o mínimo de controle. Repito como um mantra para tentar tirar meus olhos do Alex, que está segurando a Aisha enquanto a alimenta. A concentração dele é algo absurdamente sexy. Com sua calça de moletom colada nas coxas grossas, e o peito nu, exibindo o abdômen mais lindo que já vi, ele é uma cena difícil de não olhar, ou suspirar audivelmente. É isso que estou tentando. Não suspirar como uma idiota.

Meu Deus, preciso transar! Só a falta de sexo pode justificar um desejo tão intenso por esse homem.

Ele sorri para Aisha. As ruguinhas em torno dos olhos claros se acentuam. Desvio os olhos para não babar.

Ela estava faminta, Helena ele diz, olhando para a malandrinha, que segura a mamadeira com as duas mãozinhas, enquanto encara descaradamente o homem que literalmente baba por ela. Garota sortuda. É isso que ela é.

Sua voz me arrasta de volta para a realidade. Limpo a garganta.

O dia deve ter sido agitado com a sua presença, e isso pode ter atrapalhado um pouco sua rotina explico, sorrindo um pouco. Ela costuma acordar para pedir colo.

Sim, nosso dia foi animado comenta ainda concentrado, e continua alimentando-a.

Quando ela está saciada, ele fica de pé e a acomoda com a cabecinha apoiada em seu ombro e fica acariciando suas costas para ajudá-la com a digestão. Fico de pé também, sem saber ao certo o que fazer.

E nossos olhos se encontram mais uma vez. Nos dele é nítido uma mistura de suavidade e desejo. Ele me quer. Eu posso sentir a atração fluindo entre nós dois.

Helena... murmura e sua voz sai rouca.

Fico olhando-o em silêncio, aguardando-o falar.

Sei que foi muito generosa em permitir que eu fique aqui com vocês ele dá um passo em minha direção —, mas se achar que é demais para você, me fala. Inclina a cabeça para baixo, e beija a cabecinha de Aisha. — Porque, na realidade, eu pretendo ficar muito tempo.

Confusa, o encaro.

Muito tempo? Mas você não tem negócios no Rio?

Ele concorda, e começa a se movimentar para acalentar Aisha e meus olhos seguem suas mãos acariciando suavemente as costas dela, que está quase dormindo. Completamente relaxada. Eu também estaria, penso em um rompante, e espanto imediatamente o pensamento da cabeça me concentrando em sua resposta.

Eu posso trabalhar daqui. O Léo segura as pontas por lá. — Me olha intensamente. — Mas não quero perder nem mais um minuto. Acho que já me mantive distante tempo demais confessa. Então, se minha presença for demais pra você, me avisa que procuro um lugar para ficar.

Fisgo o lábio com os dentes. Eu deveria aproveitar a deixa e dizer que sim, é melhor ele procurar um lugar para ficar, principalmente para que eu não fique esbarrando nele, com seu corpo lindo e seus olhos famintos. Mas não posso fazer isso com Aisha. Um dos motivos para o Ben ter confirmado sobre nossa filha, é que, quanto mais ela se desenvolve, mais me culpo por ter que deixá-la aos cuidados apenas de Luciana.

Cogitei abrir mão do meu trabalho por um tempo. É difícil me despedir dela e passar doze ou até quatorze horas longe. E tê-lo por perto me deixaria com certeza mais tranquila. Principalmente vendo-o tão envolvido com nossa filha. Não é artificial, ou apenas uma obrigação, como achei que ele encararia. Ele realmente está apaixonado por ela. E se pode estar presente por dias e até semanas, isso me daria sim, mais tranquilidade e eu poderia descansar um pouco. Sinto-me fisicamente exausta. Os dias são longos, e depois da doença da Aisha, as noites são mais longas ainda.

Ele permanece me olhando. Esperando minha resposta.

Somos só nós duas. O quarto fica desocupado, e só o uso quando preciso da Lu para ficar com ela à noite, quando surge alguma emergência. Então, se estiver disposto a cumprir esse papel, não tem problema.

Seu sorriso é lindo. Quente, aberto e sedutor. Ele dá mais um passo em minha direção e suas palavras me deixarão sem dormir o resto da noite.

Eu vou lutar para viver todos os papéis que esteja disposta a me dar, Helena. Sua voz soa rouca, me arrepiando. Eu aceito sua oferta e agradeço de verdade, mas quero que saiba que a Aisha não é o único motivo para que eu queira ficar.

Fico tão surpresa com suas palavras e com a intensidade com que foram ditas, que emudeço. Ele sorri, pisca sedutoramente para mim e sai em direção ao quarto da nossa filha, me deixando com uma vontade louca de ir atrás dele e...

Inspiro fundo. Nunca fui essa mulher descontrolada e faminta. Essa Helena, que queima de desejo de sentir o toque desse homem, é uma Helena que imaginei que partira para sempre. Essa Helena quer vir à tona. Ela é intensa e impetuosa. Eu a conheço bem. Ela foi responsável pelos melhores anos da minha vida, quando me senti amada, protegida e desejada. Eu achava que ela se fora junto com o John, mas, ao olhar para o homem que some no corredor, eu percebo que ela está mais viva do que nunca.

Não sei se isso me alegra ou apavora.

Esse é meu último pensamento coerente, antes de me deitar e me masturbar pensando nas mãos do Alex percorrendo cada curva do meu corpo. E enquanto engulo os gemidos de êxtase, me dou conta de que tê-lo aqui será mais difícil do que imaginei. Posso lutar contra as suas investidas, mas como farei para impedir as minhas?


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