AO SEU ALCANCE

Capítulo 24

Alex

Duas semanas. Apenas duas semanas e parece que faz um século. A saudade me consome como a porra da comichão incômoda que me impede de esquecer um segundo sequer delas. Minhas meninas.

Falei com Helena ontem, como tenho feito nos últimos dias para saber de Aisha, mas algo em sua voz me deixou mais ansioso que o normal. Não quero parecer esperançoso, mas acho que ela também está sentindo minha falta. Porque sei que eu estou morrendo de saudade.

A porta abre e Leo entra, seguido por Bruno.

— Podemos ir? — indaga Leo enquanto o Bruno se aproxima da minha mesa de trabalho com o costumeiro ar de divertimento brilhando nos olhos.

— Sua despedida de solteiro, irmão. Não pode chegar atrasado.

Reviro os olhos. Desligo o notebook e fico de pé. Abro a gaveta e retiro de lá minhas chaves e a carteira.

Dou a volta na mesa.

— De onde tirou isso? — pergunto me aproximando de ambos. — Vamos? Estou cansado pra caralho.

A gargalhada do Bruno é irritante.

— Ei, Leo, essa é a deixa para: vou só marcar presença, amigos.

— Vai se foder, Bruno! — retruco.

O Leo balança a cabeça e dando tapinhas nas costas do Bruno, enquanto os conduzo para fora da minha sala, diz animado:

— Vai chegar a sua vez, Brunão. E aí, cara, pode se preparar.

Bruno revira os olhos e retruca:

— Nunca vou ficar com essa cara de cuzão que vocês estão. Gostar de uma mulher é uma coisa, ser adestrado, é outra.

— Rá! Até parece! E a Sarah? — questiono cruzando os braços sobre o peito. — Vai me dizer que ela não te tem na coleira? — O Leo coça a cabeça e sorri, e eu continuo: — Você será o pior de nós três quando realmente cair de quatro, otário.

Leo anui, e ele resmunga:

— Vamos deixar a Sarah fora disso.

— Fechado, então deixe a Helena fora disso — aponto para ele, e esclareço: — Além disso, não tô indo me casar para ter uma despedida de solteiro, porra!

Ele nem mesmo titubeia.

— Ainda — diz batendo em minhas costas. — Não está indo se casar ainda. Vai mudar sua vida todinha por conta dela, cara! Acha pouco?

— Por conta da Aisha.

A risada dos dois enche o corredor enquanto nos dirigimos ao elevador.

— A pequena pode até ser um dos motivos, mas se for homem suficiente vai admitir que a mãe dela também é um puta motivo para você ligar um foda-se para a sua vida aqui.

— Não estou ligando um foda-se. Eu posso muito bem trabalhar de São Paulo. — E olhando para o Leo, continuo: — O Leo sabe que já era nossa intenção abrir uma filial lá. Só precisávamos de alguém de confiança para tocar a empresa. Agora nós temos. Só estou unindo o útil ao agradável.

Ele olha para mim e revira os olhos com deboche.

— Ok, Alex. Vamos fingir que acreditamos nessa sua conversa mole — Bruno diz. — Agora vamos encher a cara, porque não é todo dia que um dos mosqueteiros é amarrado pelas bolas com tanto afinco.

Leo sorri, e eu estendo o dedo do meio para ele, que gargalha. Vou sentir falta desses caras, constato. Mas estou feliz pra caralho com o rumo que estou dando na minha vida.

Espero que, em breve, eu realmente esteja comemorando o fim da minha solteirice. Quero a Helena, e vou entrar nesse jogo com todas as armas que tenho. Se morar ao seu lado vai me ajudar a conquistá-la, é isso que farei.

***

Algum tempo depois, entramos no pub onde a Belle e a Sarah já estão nos esperando.

O semblante dos meus amigos se ilumina, e eu chego à conclusão de que o Bruno, apesar da marra, está tão ou mais amarrado pelas bolas quanto eu. Ele só não se deu conta ainda.

Sorrindo com esse pensamento, aproveito a noite na companhia dos meus melhores amigos.

Daqui a dois dias, irei embora do Rio de Janeiro. Se antes o simples pensamento de abrir mão da minha vida aqui me causava tristeza, o que sinto agora é euforia.

E a razão disso tem nomes: Helena e Aisha.

Minhas garotas.