Capítulo 1

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Alex

Abro os olhos e a primeira coisa que percebo é a luz intensa brilhando no teto. Confuso, tento me erguer e não consigo.

— Calma, meu filho. — Ouço a voz angustiada da minha mãe. — Não se mova, vou chamar os médicos.

Viro a cabeça para o lado e vejo o monitor que emite um barulho suave. Com assombro, percebo que estou em um quarto de hospital, e o barulho são meus sinais vitais que estão sendo monitorados.

Fecho os olhos com força e tento conectar os pensamentos.

O que aconteceu?

Não consigo lembrar de absolutamente nada. É como se um vazio imenso estivesse dentro da minha cabeça. Abro os olhos novamente e tento, mais uma vez, lembrar de como cheguei aqui.

Ouço o barulho suave da porta se abrindo e um perfume masculino é a primeira coisa que sinto. Viro rapidamente a cabeça para encarar o médico que entra com um sorriso no meu quarto. Ele aparentemente é coreano. Seu cabelo muito negro tem um corte irregular, e uma espécie de franja cai sobre sua testa e cobre parte dos seus olhos puxados. O estetoscópio está pendurado no pescoço e sua roupa de um azul forte me dão a certeza de que o que quer que tenha acontecido, não terei boas notícias.

— Bom dia, Alex — cumprimenta-me se aproximando e me olhando atentamente.

Não respondo.

— Sou o Dr. Benito. Estou acompanhando seu caso.

Confuso, indago:

— Estou em São Paulo?

— Sim.

Ele continua a checar meus sinais vitais.

— Como se sente? — indaga quando conclui o exame.

— Não sei. Confuso. — Fecho os olhos. Tento lembrar do que aconteceu. Nada. — A cabeça está vazia.

— É natural. — Segura meu pulso para checar minha pulsação. — Você sofreu um grave acidente.

Assustado, o encaro.

— Acidente?

Ele assente e ergue minhas pálpebras para olhar meus olhos.

— Sim, um acidente. Você teve muita sorte.

— Eu não consigo me lembrar de nada. Que tipo de acidente?

— Você não lembra de nada mesmo?

Nada. Um grande vazio toma conta da minha cabeça. Fecho os olhos com força. Nada. Abro os olhos e encaro o médico, que me encara de volta com uma expressão que sabe muito bem o que estou sentindo. Tentando ganhar tempo para o que ele tem a me dizer, pergunto:

— Onde está minha mãe?

— Está lá fora. Pedi a ela alguns minutos a sós com você.

— Por quê?

— Porque quero te explicar o que aconteceu e acho melhor fazer isso em particular.

Olho para ele e meu coração dispara. Seja lá o que ele for falar, sinto que não gostarei de ouvir. Inspiro fundo, e peço:

— Tudo bem. Fale.

Ele assente e então me dá a pior notícia da minha vida.

— Alex, você sofreu um grave acidente na aterrisagem quando se desequilibrou descendo uma montanha artificial de gelo e aterrissou de forma inadequada. Isso ocorreu há duas semanas. Estava em coma induzido. Você está no Hospital Sírio-Libanês.

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