17- Obrigações

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HELEN Point of View

(Atualmente, dia seguinte)

Eu estava no laboratório de anatomia, estudando o caso do meu paciente no monitor 3D. É algo bem complicado, preciso fazer tudo com perfeição ou arriscaria matá-lo. Eve entrou na sala e foi até outra bancada, provavelmente precisa estudar também. Volto a olhar para a tela, esse coração está literalmente partido, não tem como resolver com apenas uma cirurgia.

- Sabia que hoje um paciente estava tendo uma parada e a Hope foi lá e salvou ele.- comenta Eve olhando para sua tela.

- Ela fez o que?!

- Para cardíaca. Ela fez aquela técnica arriscada de dar um soco forte no peito da pessoa. Funcionou perfeitamente.- ela me viu fazendo um umas três ou quatro vezes nesse mês, como será que ela aprendeu tão fácil e apenas olhando?

- Espera, Hope está aqui?

- Por que ela não estaria? Ainda está no período do mini-curso. Mas Mel não está aqui, só falta o encontro de ontem ter feito ela não querer me ver.- Eve contou que no encontro que elas tiveram ontem, elas finalmente se beijaram. Depois de dois meses eu imagino com a Mel deve estar radiante por finalmente conseguir.

- Não. Ela não fugiu para a montanha.- fala Hope entrando no laboratório.- Senão eu a arrastaria morro abaixo para deixar de ser besta. Ela só está visitando a irmã. E vai por mim, Mel está totalmente caidinha por você, impossível ela ter fugido.

- Achei que você iria junto.

- Eu fui, dei um oi e vim para cá. Não gosto de ter que ficar muito tempo com essa vibe mórbida. Mia não iria querer que ficássemos tristes o dia todo com isso. Mas a Mel fica mesmo assim, então Eve, seu papel é ser muito fofa com ela e dar suporte, isso com certeza irá ganhar o coração da minha melhor amiga. Mas enfim, o que temos para hoje, doutora Troyer?

- Cirurgia coronária e cardiomiopatia. Índice de mortalidade de 78% e muitos processos.

- Eu só entendi muitos processos.

MEL Point of View

- Eu não sei o que o saco de pancadas te fez, mas estou sentindo pena dele.- olhei para o lado e vi Eve parada a uma certa distância. Algo me diz que Hope falou que eu provavelmente estaria aqui.

- Eu sei que você só quer saber se eu estou bem, mas não precisa. Me confortar e ver se estou bem e essas coisas, você não tem essa obrigação.

- Mas talvez eu queira essa obrigação.- ela acabou de me pedir em namoro? É isso?- Hope contou que dia é hoje, e eu só consegui pensar o quanto eu queria te abraçar. Eu tenho uma irmã também, ela mora do outro lado do país, e eu sempre estou preocupada com ela. Não consigo imaginar como seria... perdê-la. Por favor, não me manda embora.

- Não vou...- ok, fiquei um pouco sem graça.- Que tal tomarmos um sorvete? Sempre fico melhor depois de um sorvete.

- Eu pago!

Fomos andando até a sorveteria perto da academia. Sentei em uma das mesas mais afastadas, Eve sentou ao meu lado. Pedimos nossos sorvetes e esperamos. Não é como se eu entrasse em depressão durante um dia e ficasse chorando pelos cantos ou de tremendo mal humor, eu só gostava de ficar quieta na minha. Amanhã eu já estarei bem. Eve colocou sua mão sobre a minha e sorriu, ela não disse nada, mas foi gesto o suficiente para eu saber que ela estava aqui só para me ajudar.

Passei um braço sobre seus ombros e a abracei, trazendo mais para perto. Isso é bem melhor do que um saco de pancadas, eu posso muito bem me acostumar com isso. Nossos sorvetes chegam e comemos em silêncio. Pelo menos não é aquele tipo de silêncio desconfortável. Roubei um pouco de seu sorvete, ela faz uma cara de indignada que me faz rir. A ruiva foi lá e também roubou uma colherada do meu sorvete. Cruzo os braços e faço bico, fingindo estar brava. Eve solta uma risada divertida e me dá um beijo na bochecha. Tentei conter o sorriso e manter a cara de mau, mas não adiantou.

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