MEL Point of View
Abro a porta de casa e Adam corre para dentro. Hoje Hope e Helen passariam o dia todo se arrumando para o casamento, então elas pediram que eu cuidasse do pirralho até estar na hora da cerimônia. Levo ele até meu quarto e o deixo vendo TV. Ele não pode gastar muita energia agora, senão vai ficar com sono muito rápido na festa, ou foi isso que Helen me disse.
- Tia Mel, cade a tia Eve?- ele olha em volta do quarto como se a ruiva estivesse escondida em algum canto.
- Ela não mora aqui e também tem que ela está me evitando.- desde que conversamos sobre ter filhos, eu e Eve não estamos muito bem.
- Por que? Você brigaram? Se brigaram, ela tem que voltar uma hora, né? - me pergunto se essa inocência dele é só por ser criança ou por causa da convivência com a Helen. Talvez um pouco dos dois.- Por que brigaram?
- Não é bem assim que funciona. Eve quer ter filhos, eu não. Algumas coisas não tem solução, infelizmente um contrato não resolve tudo.- resmunguei.
- Por que você não quer ter filho?- como que eu explico para ele que eu não gosto de crianças, mas eu gosto dele? Não quero que tenha a ideia errada e dê problemas.
- Vamos dizer que... eu gosto muito de você, mas não gosto de crianças no geral.
- Se você gosta de mim, não pode gostar de mais uma?- esperto... muito esperto. Tem certeza que ele não saiu de uma daquelas duas?
- Eu vou te contar uma coisa, mas vai ter que manter segredo. Beleza?- ele passa a mão na boca como se fosse um zíper.- Se eu tivesse um filho, ou filha, eu tenho certeza que amaria muito. Eu amaria mais do que...- mais do que amei Mia.- qualquer outra pessoa. Eu tenho medo de perder essa criança, isso me destruiria.- seria mil vezes pior do que quando descobri que Mia morreu.- Eu não quis admitir isso para Eve, mas eu tenho medo do quanto eu amaria nosso filho.
- Você amaria no mesmo tanto que minhas mães me amam? Por que isso é ruim?
- Eu amaria proporcionalmente muito mais. E quando você ama alguém, é a mesma coisa que dar a essa pessoa o poder de te destruir. Amor é bom, mas acho que deveria ter seus limites.- ouço algo no corredor e olho para a porta. Por um momento acho que tinha alguém ali, mas não ouço mais nada. Bem, o assunto está ficando muito sério, acho bom mudar.- Além do mais, eu prefiro ser a tia que aparece e faz tudo errado. Que dá doce antes do almoço, que ensina a destrancar portas e hackear computadores, que diz para ir lá e socar o coleguinha, que ensina que a força é má, esses tipos de coisa.
- Mamãe tentou me ensinar a abrir a porta, ela não conseguiu. E minha outra mamãe não gosta de violência.
- Por isso eu sou a tia que ensina tudo errado. Levanta daí, vou te ensinar um golpe de karate e a abrir a porta com uns grapos de cabelo.
HOPE Point of View
(Um tempo depois)
Estou tendo o surto da minha vida. É isso, eu vou morrer. Eu não estou conseguindo respirar, cade a porra do oxigênio desse planeta? Eu preciso de um calmante ou eu vou parar direto no hospital e meu casamento vai ter que ser lá mesmo. EU ESTOU SURTANDO!
Mel me passa um saco de papel e manda eu respirar fundo. Inspiro forte e expiro, tão rápido que o papel rasga. Ela me passa outro, mandando eu tentar respirar com mais calma. Tem aquele troço de gás carbônico "acalmar" porque na verdade você vai estar desmaiando. Desmaiar agora e só acordar quando for a hora não parece uma má ideia. Ok, me acalmei... um pouco.
- Mel, me nocauteia.
- Beleza.- ela diz já vindo na minha direção com o punho estendido.
- Não! Nem pensar.- Gale a segura e levanta do chão como se não fosse nada.- Você vai se acalmar e ninguém vai ser nocauteado.
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Acabando com a Inocência
Fiksi Penggemar- Essa história é sobre como eu vou direto de escorregador para o inferno por ter tirado a inocência de um anjo. - O que você está fazendo? - Quebrando a quarta parede, Helen. - Hope, não!