15- Reaprendeu a Gostar

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HELEN Point of View

(Depois da festa)

Eu estava deitada na cama no quarto de hotel, olhando para o teto e pensando naquele beijo. Eu queria muito dizer que foi um erro, mas não posso. Não quando pareceu tão certo. Eu não deveria ter me apaixonado pela Hope, ela mesma disse que eu não deveria, mas as coisas com certeza não saíram como o planejado. Mas também como poderiam?

- Vira de costas, enfia a cara no travesseiro e grita o quanto quiser.- falou Cass ao entrar no quarto. Depois do beijo eu fiquei um pouco perdida e aérea, ainda bem que ela veio ao meu socorro e me trouxe para seu quarto. Eu não ficaria o resto da madrugada aqui, porque não quero ser um incomodo para ela. Além de que não quero atrapalhar qualquer coisa que ela e Diana queiram fazer quando a morena voltar da festa.- É meio que nosso jeito de desestressar um pouco. Funciona.

Veirei de costas e coloquei o rosto no travesseiro. Solto um grito frustrado, o mais alto que eu poderia. Incrivelmente funcionou um pouco. Sinto a cama se afundar um pouco ao meu lado, indicando que Cass havia deitado ou sentado ali. Ouço sua risasa quando ela diz para gritar mais se precisasse. Solto mais uns três gritos, sentindo que estava muiyo melhor já.

- O que eu faço, Cass? Hope me disse várias vezes que eu poderia confiar minha vida, mas não meu coração. E eu sei que ela está certa. Ou pelo menos achava.- grudo o rosto no travesseiro mais uma vez e grito. Vou gritar minha frustração para fora do meu corpo.

- Às vezes ficamos confusos, nunca sabemos bem o que queremos até o dia em que... simplesmente sabemos.

- Mas é a Hope!

- Não se pode escolher. Você não pode simplesmente fugir do amor, quando ele vem atrás de você. Vocês nem conseguem fingir que não se gostam. E sinceramente, não sei porque Hope te disse que não poderia confiar seu coração a ela. Aquele loira desnaturada é a melhor pessoa para fazer isso! Quando ela gosta de alguém, ela se entrega em um nível que poucas pessoas conseguem. Ela ama até demais.- Cass parou de falar. Acho que ficou alguns minutos em silêncio, eu diria que ela estava pensando no que falar, ou só não tinha mais nada.- Você sabia que nosso trio de doidos já foi normal?- tiro o rosto do travesseiro e olho para ela, totalmente desacreditada.- E que na verdade eles eram um quarteto.

- Que?- noto que s loira dá um sorriso triste.

- O motivo que os três ficaram tão sem noção, doidos e baderneiros é porque decidiram viver o que um deles não conseguiu. E Hope... coitada, teve que desaprender o que é o amor se quisesse sobreviver. Eu sei que pareço estar divagando, mas é que terei que contar um pouco do antes para você entender o agora.

- Não sei se é o sono, mas não entendo o que isso tem a ver com a minha situação.

- Mel tinha uma irmã um ano mais velha. O nome dela era Mia. Ela era a melhor amiga do Gale, era a melhor irmã que se poderia imaginar e era a namorada da Hope. Ela era o que unia os outros três. Aqueles olhos azuis claros e carinha de inocente faziam todos pensar que eram os outros que a colocavam em encrenca, mas mal sabiam que ela que arrastava os três. Pegue a loucura da Hope, a esperteza travessa do Gale e o temperamento agressivo da Mel, junte, coloque numa pessoa só e multiplique por três. Essa era Mia Ryus. Os irmãos Park já tinham um tendência a causar confusão, mas Mia os levava para outro nível de travessura. Acredite ou não, os três a achavam exagerada as vezes e achavam as ideias dela muito sem noção. Mas ela só precisava de uma fala para convencê-los: "estou vivendo a vida ao máximo, farei tudo o que quero e quando chegar o meu dia de ir, não vou ter nenhuma pendência. Viverei a vida ao máximos." Ela repetia isso frequentemente.

- Ela soa muito como aqueles três.

- Ela era a original.- disse rindo.- Mel, Hope e Gale não era tão unidos no nível como são hoje, não entre si, mas só com Mia. Falando da parte que te interessa, Hope a amava muito, bastava que Mia estivesse por perto que a loira sorria toda boba. Devo dizer que elas pareciam almas gêmeas. Hope ficou totalmente devastada quando Mia morreu, se é que devastada seria o correto. Foi um acidente de carro, os três foram parar no hospital, mas Mia não sobreviveu. Eles tinham só doze anos, nunca tinham perdido alguém e o choque foi muito grande. Os três decidiram então que viveriam pela Mia, fariam tudo que ela não pode fazer. E como sabem que ela sempre estaria com eles, sabem também que cada coisa que eles fazem, ela está fazendo junto com eles.

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