Acabando com a Inocência

20- Apelido

HOPE Point of View

(Atualmente)

Abro os olhos devagar. Onde eu estou mesmo? Não reconheço essa parede... nem essa cama não tão confortável quanto a minha.... Me viro para o outro lado. Ah, é. Agora lembrei onde eu estou. Sorrio ao ver as costas nuas de Helen. Estavam um pouco marcadas, meu sorriso aumenta mais. Ontem era meu último dia no mini-curso, então ela finalmente decidiu me mostrar a sala de plantão. Noite passada foi bem intenso, adoro!

Passo a mão em suas costas, da nuca até o final da coluna, sentindo a maciez de sua pele. Eu poderia admirá-la o dia todo e ainda assim não teria olhado o suficiente. Ai ai, eu sou mais que um caso perdido quando se diz respeito a Helen. Ela se vira para mim, ainda de olhos fechados e com a respiração calma e regular, ela ainda está dormindo. Agora dedilho seu rosto, sempre prestando atenção em cada detalhe. Perfeito... totalmente perfeito. Traços suaves e bem desenhados... sim, é como se tivesse sido desenhada. Paro a mão em sua cicatriz na mandíbula, uma perfeita imperfeição, que na minha opinião a deixa sexy. Desço a mão por seu pescoço até passar por cima de sua tatuagem do símbolo da medicina, não é nada grande, mas nunca pensei que ela faria uma tatuagem. Embora faz sentido ela ter tanto orgulho do que faz, este é seu sonho desde sempre.

- Bom... dia.- ela murmurrou sem abrir os olhos. Acabei soltando uma risada ao pensar que ela está tão cansada por minha causa.

- Bom dia.- lhe dei um selinho rápido, ela esboça um sorriso mínimo.- Posso voltar a te chamar pelo seu apelido?- pensei nisso de repente, mas já temos um pouco mais de um mês de namoro, acho que eu posso. Helen balança a cabeça positivamente, sem emitir som e sem abrir os olhos ainda.- Bom dia, princesa.- agora ela dá um sorriso mostrando os dentes, Helen adora esse apelido. Esse e o "love", mas só a chamo assim de vez em quando.

Helen se aproximou de mim e escondeu o rosto em meu pescoço, se aconchegando mais. Alguém está manhosa... o que sete orgasmos não faz com a gente né? Pois é, quando eu digo intenso, é intenso mesmo. Sinto sua respiração calma contra minha pele, parecia até que ela tinha voltado a dormir. Pego uma mecha de seu cabelo e fico brincando, esperando até que ela tenha vontade de se levantar. Hoje eu não trabalho mesmo, então eu que não vou ter pressa. "Pressa" eu sempre tive muito disso, mas com Helen, eu nunca me importei de levar as coisas devagar.

(10 anos atrás)

- Por que a Mel está montada na Cass?- perguntou Helen. Diana caiu na gargalhada, provavelmente tendo pensado aquilo no duplo sentido, coisa que eu também pensei. Ela deveria escolher melhor suas palavras.

- É o lado feminino hétero da Mel aparecendo. MEL!- gritei e ela olhou para mim.- Você está deixando seu lado hétero aparecer!- ela me mostra o dedo do meio.- Ela tem agonia de algas ou plantas que possam estar no lago. Além de que fica toda paranoica que pode ter uma cobra rastejando por ali. Então ela obriga alguém a carregá-la no início para se certificar que não tem nada. Daqui a pouco ela "monta" no Gale quando a Cass cansar.- Diana solta uma risada ainda mais alta, dessa vez tive que rir também.

Já tínhamos uma semana de férias, ainda temos mais três por vir. Nós decidimos ir numa cachoeira perto da cidade para mostrar à Helen. Normalmente acampávamos aqui uns dias, mas só quando um adulto nos acompanhava. Decidimos fazer isso no final das férias, porque aí os dois irmãos da Cass vão ter mais de 18 anos, um vai até ter 21 anos, e podem ser os "adultos" que nos supervisionam.

Helen olha novamente para os três dentro do lago e depois para mim. Só pelo seu olhar, sei que ela não gostou do pensamento de uma possível cobra no lago. Já aconteceu uma vez de ter, ela picou a Diana... a coitada morreu envenenada. Brincadeira, a Di esmagou a cabeça dela com uma pedra depois, mas só porque ela encontro a cobra antes de mim, senão eu tinha feito isso. Mel e Cass nesse dia ficaram bem traumatizadas, gritaram igual criancinhas. Ainda me pergunto como que a Cass "é top" da Diana, tem certas atitudes que me provam o contrário. A Mel tá perdoada, porque acabamos descobrindo que ela tem ofidiofobia.