29- Comportamento Anormal

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HOPE Point of View

(10 anos atrás)

Abracei Helen forte uma última vez, eu não queria soltá-la de jeito nenhum. Se dependesse de mim, ela perderia o voo e ficaria aqui comigo. Ela tinha sido aceita em Havard para fazer o curso Medicina, eu iria para Stanford fazer Direito, então passáriamos bastante tempo sem nos ver. Eu estava feliz por ela ter alcançado seu sonho de ir para a melhor faculdade de medicina, mas triste por nossa despedida.

- Isso não é um adeus, ok?- falei tentando prender o choro.- Isso é um até logo, não importa quando tempo esse "logo" seja. Eu prometo que vou te encontrar de novo algum dia.- entrego o amor-perfeito branco para ela, como nossa primeira despedida e espero que última.- É uma promessa.

- Eu estarei contando os minutos.

(Atualmente)

A memória invadiu minha mente do nada. Naquele dia, foi o último que a vi em dez anos. Quem diria que nos encontraríamos por acaso tanto tempo depois. E quem diria que ainda sentíamos o mesmo! Como se fossem 10 minutos e não 10 anos. Olha, falando na Helen, ela está me ligando.

- Oi, princesa!- falei animada.

- Por que você vai cancelar nosso almoço hoje? De novo?- nossa, eu nem ganhei um oi, ela deve estar chateada mesmo. Bem, é compreensível.

- Eu já te disse, estou trabalhando igual uma condenada. Se eu respirar mais fundo, é perigoso não dar tempo. Assim como você, eu quero que isso termine logo.

- Em duas semanas é a quinta vez que você cancela comigo, Hope! Fora as vezes que cancelou o jantar! Você está realmente trabalhando ou está me evitando? E- ouço alguém tomando o telefone dela e Helen reclamando algo.

- Park, o que você e a Mel estão aprontando? Eu também mal vejo minha namorada em 15 dias!

- Estamos trabalhando num caso difícil! Já disse!- Helen toma o telefone para si novamente.- Eu realmente sinto muito por não nos vermos muito esses dias, love, mas eu tenho que ir, vou para uma reunião agora.

- Hope, não se atreva- vejo a porta se abrindo e tenho que encerrar a conversa.

- Te amo, bye!- desliguei. Olhei para a mulher a minha frente e sorri simpática.

- Parece que você falava sério quando disse que sua noiva não deveria saber de nada.

- E eu sinto que vou me meter em problemas por causa disso.- falei suspirando.- Então, vamos começar?

HELEN Point of View

Ela realmente desligou na minha cara? É isso mesmo? Temos dois meses de noivado e ela já está agindo assim? Imagina então o que o casamento fará. Não, para com esse tipo de pensamento. Não posso deixar ciúmes ou o que quer que seja tomar conta de mim. Eu já tive que cancelar alguns encontros também devido ao trabalho, eu tenho que ser compreensiva. É só que mal estamos nos vendo e ela tem chegado em casa bem tarde, talvez esse seja um hábito dela e eu não sabia até começarmos a morar juntas faz uma semana.

Tento ligar de novo para Hope, e pela primeira vez na vida ela não atende. Jogo meu celular em cima da mesa e gruni frustrada. Olhei para Eve, que pelo visto tentava entender o comportamento estranho de nossas namoradas. Talvez isso seja algo bom, se elas estão juntas diminui a chance de estar nos traindo... certo? Da onde surgiu essa ideia? Por favor, cérebro, pare com essas paranoias, eu confio na Hope.

O dia passou rápido, tive três cirurgias e logo a noite veio. No jantar em comi o que tinha de mais fácil para fazer na geladeira e depois capotei na cama. Esperei um tempo para que Hope chegasse, mas acabei tirando um cochilo antes disso e acordei quando ela entrou no quarto. Quando ela foi no banheiro, conferi o horário, é uma da manhã. Ela realmente precisa trabalhar até esse horário? Hope sai do banheiro e deita na cama, sinto um beijo em minha bochecha e um carinho em meus cabelos.

- Desculpa a demora, princesa.- ela sussurrou.- Eu te prometi que sempre voltaria para casa, certo? Então aqui estou.- ela se deita ao meu lado, eu me viro para ela e a abraçou forte.- Ah, você ainsdaestá acordada.

- Você sempre vai voltar, né?

- Sempre.- ela me prometeu isso quando brigamos feio e ela acabou saindo por um tempo. Achei que ela não voltaria, mas logo voltou e me prometeu que nada iria impedí-la voltar, nem mesmo uma briga. Hope sempre cumpriu suas promessas, eu não preciso me preocupar.

.....

O comportamento estranho de Hope continuou mesmo após duas semanas. Eu já não aguentava mais ela cancelando as coisas e chegando tão tarde. Tem algo errado, meu sexto sentido está apitando muito alto para não ser nada. Então eu fui até o escritório que ela, Mel e Gale trabalham, consegui encontrar só o Park mais velho e perguntei para ela sobre Hope. Gale me disse que ele não a via tinha semanas, mal conversavam, nem pessoalmente nem pelo celular. Ele me fez o favor de descobrir no que a irmã estava trabalhando, e segundo ele, Hope quase não tinha trabalho para fazer já tinha uns cinco dias.

Gale também achou estranho o comportamento dela, e ligou para a tia Regina, querendo saber se ela tinha dado algo por fora para a irmã fazer, mas a resposta foi negativa e ainda acrescentou que não fala com a filha tem um tempo. Então nós apelamos para nosso último recurso: Diana. Fomos até a casa dela e pedimos a sua ajuda. A verdade é que pedimos para ela hackear as câmeras da cidade e procurar por Hope ou Mel. Extremo? Sim.

- Vocês sabem que isso é ilegal mesmo que eu trabalhe para o FBI, né? Mas vamos fingir que não sabemos disso.- ela mexe no computador e começa a invadir as câmeras. Ela deve usar algum software de reconhecimento facial.- Não achei a Hope, mas encontrei a Mel. Vamos ver o que Melaine Ryus está fazendo escondida.

Ela estava sentada na mesa de uma lanchonete, tomando um café enquanto lia alguma coisa. Ela parecia frustrada com algo e fazia caretas toda hora. Levou um tempo para que uma mulher morena dos olhos castanhos sentasse junto com ela. Eve, vem ver isso aqui, sua mulher está num encontro com alguém. Mas a Mel não parecia tão feliz em vê-la, ela sequer chegou a cumprimentar a outra.

- Você poderia pelo menos fingir que gosta de mim.- falou a mulher.

- Não vamos falar sobre isso, Audrey. Hope gosta de você, eu não. Fim de conversa. Por mais que me doa admitir, você é a melhor nesse ramo e só você para fazer esse troço dar certo. Então menos papo e mais trabalho.

- Não precisa ter ciúmes, Ryus, não era o posto de melhor amiga que eu queria ter com Hope.- já não gosto dessa tal de Audrey.

- Espero que Helen arraste sua cara no asfalto quando ela descobrir que você fica de gracinha com a noiva dela.- falou ríspida.- Primeiro, eu não gostei de nenhuma das pessoas que Hope dormiu mais de uma vez durante nossa época de faculdade, então não se sinta especial. Segundo, minha antipatia servia para que Hope mantesse a promessa que ela fez para a atual noiva dela. Terceiro, desmarquei com minha namorada para estar aqui, então é bom você ser útil e pare de falar sobre algo que não me interessa.- acho que nunca vi a Mel ser tão grossa com alguém.- Senão você vai descobrir que a força é má. Bem má.

- Então vamos começar.- do nada a tela ficou preta. Vejo que foi Gale que apertou o botão de desligar.

- Se elas pediram ajuda para a Audrey, não estão brincando. E não querem que outros saibam o que é.- pelo sorriso que ele tinha no rosto, ele tinha descoberto algo e não estava contando.- Seja paciente Helen, algo me diz que Hope está fazendo uma surpresa para você.

.....

Quando passou mais uma semana, eu cheguei no meu limite. Falta de trabalho, mas chegando tarde, mentindo e ainda essa tal de Audrey que parece gostar da minha noiva. Eu simplesmente estava perdendo a cabeça com tudo isso. Eu tentei me acalmar com o que Gale disse de que a Hope estava fazendo uma surpresa para mim, mas meu lado ciumento e paranoico estava me dizendo que ele poderia estar acobertando a irmã e a melhor amiga. Liguei para Hope e disse que era bom ela estar em casa para conversarmos, senão ela estaria em sérios apuros comigo. Ela disse que estava num jantar com Gale, Mel e a tia Regina e que assim que terminassem, ela viria para casa o mais rápido possível.

Esperei por ela sentada no sofá da sala. Sem conseguir me concentrar em nada, o que fez o tempo passar muito devagar, quase como uma tortura. Então a porta finalmente abriu e Hope entrou na sala. Ela sabia que estava encrencada, dava para ver em sua expressão. Ela andou até ficar em pé na minha frente. Seus olhos verdes me encararam, ela não disse nenhuma palavra, esperando que eu me pronunciasse.

- Precisamos conversar....

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