𝗱𝗼𝗶𝘀

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3 ANOS DEPOIS:

Assim que Sabina deixou o carro no estacionamento soltei uma respiração pesada, odiava mudar de rotina de forma repentina, mas não havia como me recusar a fazer algo por ela.

— Eu posso ficar sozinha — Tentei insistir pela última vez — estou limpa a mais de um ano e não sei se sabe ter 18 anos significa que sou maior de idade.

— Eu confio em você — Ela me encarou — só que eu vou estar preocupada com meu pai, não quero ficar preocupada com você também, me entende?

Me dei por vencida e assenti apertando o botão do elevador, o fato é que eu ficaria três meses com qualquer pessoa, mas o irmão dela parecia um pesadelo, já assisti suas lutas e escutei sobre sua fama, não parece o tipo de cara que eu deveria nem ao menos confiar, mas por algum motivo Sabina parecia confiar apenas nele.

Enquanto andávamos naquele corredor de luxo, me senti pequena demais, estou tão acostumada com a minha realidade que as vezes esqueço que há gente ricas em um nível inimaginável em Londres.

— Então você é a Sina?

Assim que me virei dei de cara com Noah, ele estava completamente diferente desde a única vez que o vi pessoalmente em um dia que não gosto nem de lembrar, estiquei minha mão pra cumprimentá-lo e senti todos os meus pelos se arrepiarem quando ele apertou minha mão com firmeza, Sabina era psicóloga já havia me explicado mil vezes o que isso significa: ele quer mostrar dominância, e eu em respeito a sua tentativa retribui o aperto fazendo-o franzir o cenho.

— Pode arrumar suas malas no quarto, vou conversar com o Noah.

— Suba as escadas, é a terceira porta.— Explicou

Ele tinha a voz grave e era tão alto quanto Sabina, havia tantas tatuagens que eu mal podia contar e novamente eu olhei pra ela tentando entender como esse cara poderia cuidar de alguém. Subi as escadas e fui direto ao "meu" quarto, abri a porta e fiquei boquiaberta com o espaço que eu teria só pra mim, mesmo sabendo que deveria arrumar tudo a única coisa que consegui fazer foi largar a mala e me jogar naquela cama king size.

— Se eu soubesse que pagavam tão bem pra receber alguns socos, teria feito também — Falei a mim mesma enquanto me deliciava naquele colchão macio

A curiosidade fez com que eu levantasse de uma vez e com cuidado me aproximasse das escadas pra escutar os dois.

— Noah, só a deixe fora de problemas e principalmente dos seus. — Ela advertiu

— Eu sei que não tem ninguém melhor.

— Eu confio em você, só tenho medo que ela tenha alguma recaída.

— Sabe que não vou sentir pena dela, não é?

— É, eu sei, mas estou indo pra Holmes Chapel cuidar do nosso pai, espero que não esqueça isso.

— Tudo bem, mas alguma recomendação, devo algema-la no quarto e dar comida as vezes?

— Já estou me arrependendo — Ela bufou — eu te amo, tome cuidado.

Pude ver que ele ficou sem palavras, não respondeu ao "eu te amo" dela e eu quis mata-lo por não corresponder ao carinho da Gemma.

— Pode sair, Sina — Ela disse

Bufei decepcionada e me levantei de uma vez descendo as escadas.

— Não deveria escutar conversa alheia. — Noah me reprovou

— A conversa é sobre mim, acho que tenho direito. — O respondi

— Melhor se acostumar — Sabina sorriu — ela tem respostas na ponta da língua. — Me abraçou de lado — qualquer coisa vai me ligar, não é?

— Ligo. — A abracei — vou sentir sua falta — Sussurrei

A encarei com um sorriso, querendo parecer uma garota de 18 anos, mas ela é a única que quebrava a minha postura, é a única figura familiar que eu tenho, a última coisa que quero é um dia decepcioná-la.

A conversa foi curta, Noah iria levá-la até o aeroporto e assim que eles passaram pela porta eu comecei a revistar o apartamento, haviam medalhas, fotos, e não demorou pra que eu achasse sua sala de treinamento, parecia o lugar mais pessoal desse lugar, eu me perdi provavelmente gastando um bom tempo mexendo naquele lugar e apenas voltei a realidade quando escutei uma tosse falsa.

— Esse não é melhor lugar pra ficar, Sina.

— Só fiquei curiosa em saber sobre você— Dei de ombros— a Sabina te conhece, eu não.

— Quer me conhecer? Primeira coisa: eu odeio pessoas se intrometendo na minha vida.

— Então acho que temos algo em comum.

Lhe ofereci meu sorriso mais cínico e pude vir sua expressão mais séria, imediatamente me apressei em sair da sala e Noah que até então bloqueava a entrada deu um passo pro lado pra que eu passasse sentindo-me ser fuzilada pelo seus olhar.

Depois de escutar seu suspiro alto, me virei de imediato vendo-o passar a mão no rosto e essa era minha primeira certeza sobre ele: sua paciência é igual a zero.

— As regras são básicas, não se envolva em problemas e não fique no caminho, acha que pode fazer isso?

Ele falava comigo como se eu fosse uma criança burra e eu odiava isso mortalmente, cruzei os braços e foi minha vez de manter uma expressão dura em sua direção.

— Não precisa falar comigo como se eu fosse uma criança.

— Então me mostre que é adulta, talvez eu mude o tratamento, até lá você continua sendo uma pirralha mal educada pela minha irmã.

Nós literalmente tínhamos passado minutos sozinhos e eu não tinha como descrever a forma que Noah fazia eu me sentir, mas obviamente eu não o deixaria me colocar pra baixo.

— Não me importo com o que você acha, aliás você deveria estar se preparando pra levar uns socos ao invés de brigar com uma pirralha feito eu, não acha?

— Eu não costumo levar uns socos— Pude senti-lo recuar

— Eu assisti as suas lutas, foi o que me pareceu— Dei de ombros— vou arrumar minhas coisas, boa noite, senhor Urrea.

Minha ironia o incomodava assim como a forma que ele me trata também, ou seja, vão ser três longos meses.

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𝐭𝐡𝐞 𝐡𝐞𝐚𝐫𝐭 𝐰𝐚𝐧𝐭𝐬 𝐰𝐡𝐚𝐭 𝐢𝐭 𝐰𝐚𝐧𝐭𝐬 |𝐧𝐨𝐚𝐫𝐭Onde histórias criam vida. Descubra agora