𝗼𝗶𝘁𝗼

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NOAH URREA


Acordei no sofá coberto por um cobertor que tenho certeza que não peguei e era até difícil acreditar que Sina havia feito isso, na minha concepção ela me deixaria morrer de frio. 

Levantei sentindo minha cabeça latejar e me apressei em escovar os dentes pra tomar um analgésico em seguida, ao chegar na cozinha Sina mexia em seu café quase debruçada sob a mesa. 

— Parece que não sou o único de ressaca. 

Ela ergueu o olhar na minha direção e mostrou o celular pra mim, peguei o mesmo e li a manchete do site de fofocas

"Noah Urrea defende garota em boate". 

— Pelo menos saímos bem na foto. 

— Eu deveria ter ficado em casa — Resmungou 

— Não se esqueça que você implorou pra ir. 

— Você deve estar adorando me ver arrependida, não é? 

E eu estava, Sina merecia alguma lição por ser tão boa no quesito irritante. 

O dia se passou e meu treinamento foi interrompido pela campainha que tocava, assim que sai da sala encontrei Sina apoiada na porta conversando com Bailey, odiava a forma que ela nem disfarçava a atração por todo maldito cara que atravessa essa porta. 

— Não sabia que garotas assim precisavam de babá eu também disponibilizaria meus serviços a Sabina. 

Sina riu e eu apenas revirei meus olhos com a capacidade dele de não ter vergonha alguma na cara. 

— Não lembro de ter permitido você subir, Bailey. 

— E eu não lembro de precisar de permissão pra entrar em algum lugar. — Se aproximou me cumprimentado — te atrapalhei? 

— Você sempre atrapalha. 

— Também senti sua falta — Bufou — Sina vai direto pro céu se te aguentar por mais de um mês 

— Acho que acabei de começar a gostar do seu amigo, Noah — A loira finalmente se pronunciou  Bailey piscou na direção dela que apenas sorriu, eles nem disfarçavam, revirei meus olhos e voltei a sala de treinamento, obviamente sendo seguido pelo Bailey. 

— Está mais ranzinza que o normal, Urrea. 

— É essa maldita luta... Lutar contra um cara invicto é horrível. — Respirei fundo — e minha hóspede não colabora muito pra paz nesse apartamento. 

— Eu gostei dela. 

— Você gosta de qualquer coisa que possa foder, May 

— Não é mentira, mas ela parece divertida. 

— Ela ainda não te tirou do sério, é incrível a capacidade dela de me irritar. 

Bailey apenas riu e sentou-se no canto começando a tagarelar, tinha que admitir, ele tornava o ambiente mais leve apenas com sua presença e histórias aleatórias, por um momento esqueci de todo o pesadelo que estava vivendo apenas rindo dele. 

O tempo passou e Bailey decidiu ir embora, quando iria levá-lo a porta Sina estava em pé conversando animadamente com um cara que eu não fazia a mínima ideia que poderia ser. 

— O que é isso aqui? 

— Ah, esse é o Tobby, vamos fazer faculdade juntos, veio me trazer alguns livros. 

— E eu permiti que ele subisse? 

— Acho melhor eu ir embora, foi bom te ver — Deixou um beijo no topo da sua cabeça — e desculpa qualquer coisa 

— Já estou de saída, infelizmente adoraria ver a briga de vocês, mas estou atrasado — Bailey se despediu — boa sorte, Sina, caso esteja viva podemos sair pra jantar. 

— Claro que vou estar viva, Bailey... — Ela me fuzilou  — Vamos Tobby, nunca é bom ficar no meio de um tiroteio. 

A porta foi fechada, mas nós dois continuamos intactos no lugar nos encarando. 

— Por que essa ignorância? Ele me trouxe um maldito livro! 

— Esse continua sendo meu apartamento. 

— Você é tão... Idiota, poderia ter pelo menos esperado ele sair. 

— Não, é ótimo que as pessoas saibam que não são bem vindas. 

— Vai me prender no quarto e jogar a chave fora também? 

— Não é uma má ideia, Sina! 

Logo estávamos frente a frente, ela tem muita coragem pro seu tamanho, é surreal a capacidade dela de entrar no meu caminho e simplesmente me enfrentar como se eu fosse um cara qualquer. 

— As vezes eu quero conviver em paz, mas você faz questão de tornar isso impossível 

As vezes parava pra pensar como saíamos do sério por tão pouco, parecíamos dois adolescentes brigando por exatamente nada. 

— Você é incapaz de não me tirar do sério. 

— Não pareceu tão irritado comigo na boate, na realidade estava bem satisfeito. 

— Eu estava bêbado. 

— Mas ainda lembra e não parece arrependido. 

Me calei ainda a encarando, onde ela queria chegar? Seus olhos verdes mantiam-se fixos em mim como se quisesse me desafiar até no silêncio. 

— E o que você quer de mim?

Ela se aproximou mais e mordeu o lábio inferior, parecendo insegura, eu queria me livrar dela, mas não podia evitar estava atraído, Sina era uma mistura de intensidade e delicadeza única, a odiava por isso, mas também poderia beija-la pelo mesmo motivo. 

Minhas mãos foram até seus cabelos e eu a trouxe pra perto selando nossos lábios, Sina agarrou minha regata e logo fez questão de acabar com qualquer mínimo espaço que havia entre nós, não conseguia recordar da vez que me encaixei tão perfeitamente com uma garota assim, ela sabia exatamente o que fazer e eu apenas queria toca-la mais e isso era um verdadeiro buraco negro onde eu só me afundaria mais, a encostei contra a parede e deslizei a mão pelo seu corpo escutando seu gemido baixo entre o beijo, então finalmente nos afastamos e nos encaramos. 

Sina parecia apavorada e eu não deveria estar diferente, provavelmente ela estava tão assustada quanto eu, porque nem que eu cogitasse iria pensar nisso tudo. 

— Noah, eu... 

Então recebi silêncio, pela primeira vez eu parecia ter calado Sina de fato, porém não estava ganhando também não conseguia falar algo, mas havia me recuperado mais rápido e eu não teria misericórdia por ela agora então abri um sorriso ainda a encarando. 

— Parece que o idiota te deixou sem palavras, não é, baby? 

— Você não... Fez isso só pra me provocar. 

Não, não tinha feito, mas deixaria que ela pensasse assim, era bem melhor. 

— Sou um jogador sujo. 

Ela bateu contra meu peito e subiu as escadas nervosa, soltei uma respiração pesada e fechei o sorriso cínico que carregava, me sentia ainda com efeito colateral dos seus lábios rosados.

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𝐭𝐡𝐞 𝐡𝐞𝐚𝐫𝐭 𝐰𝐚𝐧𝐭𝐬 𝐰𝐡𝐚𝐭 𝐢𝐭 𝐰𝐚𝐧𝐭𝐬 |𝐧𝐨𝐚𝐫𝐭Onde histórias criam vida. Descubra agora