𝘃𝗶𝗻𝘁𝗲 𝗼𝗶𝘁𝗼

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ִ ۫ ּ ˖ ۫𓏲Maratona (7/10)

SINA DEINERT


No dia da luta, meus olhos estavam fixos na tv enquanto acabava com mais um pote de sorvete, acho que a fome está mais ligada com minha ansiedade de ter que encarar Sabina em algum momento do que a gravidez em si.  

Quando Noah venceu sorri compartilhando mil vezes nas redes sociais os elogios sobre sua luta, continuei no sofá pensando em quando ele voltaria, mais isso não aconteceu cedo, a noite se seguia e a madrugada também, até tentei ligar no seu celular, mas só recebi a voz da caixa postal como resposta. 

As cinco horas, em meio a cochilos ouvi o trinco da porta e a encarei, assim que o vi entrar também senti o cheiro de bebida dali, seus olhos me encontraram e ele parecia péssimo.   

— Não deveria estar dormindo?  

— E você não deveria ter chegado a algumas horas atrás?  

— Agora precisa de uma babá? 

Sua voz debochada me atingiu de uma forma estranha, nunca estive acostumada em sentir "mágoa" por simples palavras, estava até calejada delas, mas não sei exatamente o momento, Noah conseguia  mudar isso parecendo que eu não havia passado por nada na vida, que tinha quinze anos de novo e choraria por tudo.  

— Você... Poderia ter mandado mensagem.  

— Sina, eu ganhei, sabe? Talvez um parabéns fosse bom, você me cobra demais— Revirou os olhos

— até parece que vou colocar um anel de noivado no seu dedo a qualquer momento e vou me trancar dentro desse apartamento, quer colocar um GPS em mim também?  

Me calei e mesmo sob o efeito do álcool isso não passou despercebido, ele sabia que eu conseguiria responder se estivesse com raiva, mas quando me machuco, o silêncio vira minha única resposta.  

— Vai me responde, joga a sua provocação e então podemos brigar de uma vez e eu vou dormir.  

Desviei o olhar, pra ele parecia que ainda estávamos jogando, só que esse jogo já havia acabado do meu lado, então eu decidi.   Eu simplesmente decidi.  

Noah não seria o pai do meu filho e eu também não seria mais sua garota.  

*  

Ainda a tarde enquanto Noah dormia, me instalei em um quarto de hotel barato com o dinheiro que ainda tenho no banco, minha mãe havia guardado pra nossa faculdade, minha bolsa colaborou pra economia.  

Quando a noite caiu e eu finalmente consegui dormir, acordei no outro dia com meu celular tocando, o desliguei, mas a tarde acabei me obrigado a ligá-lo e minha caixa postal estava cheia.  

MENSAGEM 1: Sina? Eu... não lembro muito sobre ontem, só quero saber se está bem.  

MENSAGEM 2: Você já comeu? Onde está? Com Simon ou na casa de uma amiga? Eu te busco, baby... podemos conversar, já voltei a tomar meus remédios, sabe como fico sem eles.  

MENSAGEM 3: SINA, PORRA! Liga a droga desse celular, eu já rodei a casa de todo mundo que conhece, por favor... me dá uma notícia.  

MENSAGEM 4: Me desculpa, eu faço tudo errado, só preciso saber se está bem, me liga, uma mensagem, qualquer coisa. 

MENSAGEM 5: Sina, é o Josh, sei que está com problemas e eu posso te ajudar, me liga, podemos conversar e eu posso até não contar ao Noah, só estou preocupado, fugir assim não é a melhor opção.  

Respirei fundo e decidi ligar para Josh, depois de algumas chamadas ele atendeu, ao ouvir minha voz escutei seu alivio e também sua insistência para que almoçássemos juntos pra ao menos conversar sobre tudo, cansada, acabei aceitando.  

No restaurante, esperei no estacionamento por alguns minutos, até escutar meu nome ser chamado, Josh se aproximou de mim me dando um abraço e segurou meu rosto como se procurasse por algum machucado.  

— Tudo bem? Você preocupou metade de Londres.  

— Não sabia que eu estava tão importante assim.  

— Não pode sair assim, aquele apartamento agora também é seu.  

— Nada ali é meu, Josh... E eu não posso continuar assim.  

— Sina?  

Olhei para o carro vendo Noah sair, logo me virei para o loiro alto que abria a boca tentando se explicar, mas eu apenas o encarei me sentindo uma idiota, por que eu confiaria no amigo do meu problema?  

— Eu tive que falar com ele, Noah estava desesperado, pensava que poderia acontecer algo de pior.  

Apressei os passos escutando os dois me chamarem, minhas pernas vacilaram assim como minha visão também me traía se tornando turva, tropecei e me apoiei no chão sentindo meu corpo fraco, talvez pela falta de comida e o nervoso, misturados pra me sabotar, não demorou pra que eu perdesse a consciência de uma vez, tendo Noah como a última coisa que vi.

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𝐭𝐡𝐞 𝐡𝐞𝐚𝐫𝐭 𝐰𝐚𝐧𝐭𝐬 𝐰𝐡𝐚𝐭 𝐢𝐭 𝐰𝐚𝐧𝐭𝐬 |𝐧𝐨𝐚𝐫𝐭Onde histórias criam vida. Descubra agora